A Assembleia da
República (AR) enviou uma carta à presidência da Organização Nacional dos Professores (ONP) a convocá-la para esclarecimentos em sede da Comissão dos Assuntos Constitucionais,
Direitos Humanos e Legalidade, sobre a polémica candidatura do actual presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) que é acusado por professores de ter falsificado
assinaturas e propor a sua candidatura à
revelia da classe. Quem revelou o facto foi a própria presidente da ONP, Beatriz Manjama, que falava
no princípio da noite de ontem em
conferência de Imprensa, naquilo que
constituiu a primeira aparição pública
da ONP para reiterar o seu
distanciamento da candidatura de
Leopoldo da Costa e do grupo que falsificou assinaturas que suportaram tal
candidatura. Beatriz Manjama diz estar-se parente a um caso de falsificação de
identidade que deve merecer tratamento
criminal. A convocação da ONP em sede da
primeira comissão parlamentar só foi
possível após a própria ONP ter enviado
uma outra carta, à Presidente do
Parlamento, Verónica Macamo, questionando
a validade jurídica das assinaturas que suportam a candidatura de Leopoldo da Costa. Beatriz Manjama disse que contrariamente ao
que vem sendo dito pelos membros da
comissão parlamentar ad-hoc (criada para analisar as candidaturas dos membros
da sociedade civil à CNE), a ONP mandou
uma carta à Assembleia da República um
dia depois de o jornal “Domingo” ter noticiado que a candidatura de Leopoldo da Costa era suportada pela ONP. “Nós mandamos uma
carta um dia depois de termos visto a
notícia e tal como vocês (Imprensa)
escreveram, mas a Assembleia da
República sentou sobre a carta para evitar o escândalo provavelmente”, acusou acrescentando que não
tinha explicações que a Assembleia não
se tivesse pronunciado neste tempo todo.
A presidente da ONP
anunciou à Imprensa que com vista a
apurar os verdadeiros culpados da fraude
que manchou o nome da ONP, ela própria
nomeou por despacho uma comissão de inquérito que tem a partir desta terça-feira, 15 dias para apresentar
resultados sobre quem de facto esteve envolvido na fraude que levaria Leopoldo da Costa a mais um mandato na CNE. A
referida comissão é liderada pelo presidente
da Comissão Nacional dos Direitos
Humanos, o jurista Custódio Duma. Questionada pelos jornalistas se os membros da ONP não recebiam ameaças ou
intimidações por ter desmascarado
Leopoldo da Costa, a presidente da ONP
respondeu nos seguintes termos: “estou ciente que estamos a lidar com pessoas muito poderosas, mas não temos medo porque estamos a defender a
verdade. Só queremos que tudo esteja
limpo. Não podemos aceitar ser usados
por pessoas que querem resolver seus
problemas pessoas e dos seus amigos.
Somos uma classe séria e
representamos educadores”, disse
“estranhando” que Leopoldo da Costa, sendo
médico, e não sendo membro da
ONP, tenha preferido usar a ONP. Refira-se que a suposta indicação do
presidente da CNE pela ONP aconteceu
durante um encontro em que participaram alguns membros do secretariado nacional executivo e do conselho nacional, órgãos que, curiosamente, já não
estavam em funções. Aliás, os novos membros destes órgãos ainda não foram
empossados, sendo que a cerimónia da tomada de posse está agendada para o mês de Maio. Curioso ainda é
o facto de a tal reunião que escolheu
Leopoldo da Costa ter sido realizada sem
o conhecimento e nem presença da presidente e do vice-presidente deste sindicato, por sinal, os que coordenam a agremiação depois da dissolução do secretariado. A suposta
reunião, cuja acta também foi entregue à Assembleia da República, foi dirigida por Safira
Mahanjane. A acta também terá sido
assinada por Henriqueta do Rosário, presidente
do Conselho Fiscal da ONP, um órgão que não
faz parte nem do secretariado, nem do Conselho Executivo, daí acusações de insubordinação por parte da presidente. Mais: Henriqueta do
Rosário é membro do partido Frelimo e
reside em Marromeu, província de Sofala, onde exerce funções de Secretária Permanente
distrital. (M.Guente)
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