Contrariamente as expectativas de vários grupos
profissionais que exercem actividades no sector da justiça e não só, está cada
vez mais claro que a Polícia de Investigação Criminal (PIC) vai continuar por
muitos e longos anos sob alçada do Ministério do Interior. Isto é o que, uma
vez mais, ficou claro dos pronunciamentos do porta-voz do Comando Geral da
Polícia, Pedro Cossa, quando abordado, a propósito das exigências feitas pela
Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) no sentido de a PIC “libertar-se” rapidamente
do pelouro da polícia. A Ordem dos Advogados de Moçambique entende que
enquanto a PIC continuar sob alçada do MINT, a mesma (PIC) vai continuar a
constituir um repositório de promiscuidade e corrupção. O bastonário da OAM
chegou mesmo, na abertura do ano judicial 2013, a dizer que a actual situação
da PIC representa um verdadeiro estímulo para o crescimento da criminalidade e
corrupção no país. Mais, entende a Ordem, é estranho o silêncio e a falta de debate para
apresentação dos argumentos que defendem uma PIC departamentalizada no
Ministério do Interior. Em resposta, Pedro Cossa, diz que as pessoas que tem estado a dizer isso,
fazem-no por má fé. É que, no entender de Cossa, “as pessoas que se dizem
grandes juristas, sabem claramente porque é que a PIC continua no Ministério do
Interior”. Aliás, “pergunte a essas pessoas em que país da África Austral, a PIC está sob
alçada do Ministério Público. Peça um exemplo só” – exigiu Cossa, para quem a
questão da PIC no MINT é no sentido de tornar compatível e prática a
investigação criminal em Moçambique e ao nível da região. “Ao nível
regional, a SARPCO congrega todas as polícias e as actividades de investigação
são feitas em conjunto. É uma questão não de Moçambique, mas da região e as
actividades de investigação nunca são feitas de forma isolada” – apontou Cossa.
A discussão da retirada da PIC do MINT vem sendo debatida há muito tempo, pois,
é quase consensual a percepção de que o desempenho deste sector policial está
muito aquém daquilo que se poderia esperar. Dois principais motivos tem estado
a ser colocados na dianteira das causas por detrás da situação, nomeadamente a
falta de meios e os altos índices de corrupção na polícia. Aliás, o que se diz
nos corredores é que por causa da alta corrupção que existe no resto das
autoridades policiais, convém ao MINT manter a PIC sob o seu controlo,
exactamente no sentido de não investigar os podres que tem a ver com práticas
corruptas no seio policial. Aliás, por aceitar e reconhecer a existência de muitas fraquezas no seio da
PIC, o governo moçambicano decidiu, em 2010, criar um serviço especializado de
investigação criminal, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SICRIM).
Embora deva ser uma entidade sob tutela do Ministro do Interior, a mesma
estará, entretanto, no que diz respeito à matéria de instrução processual sob
direcção e fiscalização do Ministério Público. Entretanto, para Cossa, todos estes argumentos são falaciosos, na medida em
que, segundo ele, vários agentes da corporação já foram investigados e punidos
quando se chegou a conclusão de que efectivamente tinham tido um comportamento
que não corresponde as regras institucionais. “É bom que não nos tragam
modelos inaplicáveis para a nossa realidade. Não nos tragam modelos europeus só
porque querem alcançar objectivos que eu desconheço. A nossa região vai de
Congo até Namíbia nos mostrem um só país com este sistema. Ao nível dos países
da língua portuguesa, só temos Cabo Verde e Guiné e noutros países não tem a
polícia de investigação criminal no MP” – explicou.Porque várias pessoas reconhecem a precariedade de investigação da Polícia de
Investigação Criminal, Pedro Cossa avaliando o desempenho da PIC. de forma
peremptória respondeu: “É positiva. Para mim é positiva sim, sem dúvida”.
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