Foram a
enterrar os restos mortais de Alfredo Tivane assassinado por um agente da
Polícia da República de Moçambique (PRM) na passadatTerça-feira (19) no bairro
T3, na cidade da Matola. Pouco depois das 23 horas de terça-feira após de fazer a sua última viagem de
transporte de passageiros, entre o Museu até ao mercado de T3, Alfredo - que em
vida exercia a profissão de motorista de um mini-bus de transporte
semi-colectivo de passageiros (vulgo chapa-100) – acedeu transportar até um
pouco mais longe uma jovem cliente que não reside na sua última paragem dessa
dia. Antes de transportar a passageira até as cercanias do bairro de Ndlavela,
Alfredo deixou o seu cobrador e decidiu parar no bazar para comprar um
rebuçado, de mentol. Segundo uma testemunha ocular, assim que imobilizou a sua
mini-bus de marca Toyota Hiace, uma viatura ligeira conduzido por um cidadão
que estava detido na esquadra, e com matrícula estrangeira, fechou o seu
caminho e três polícias rodearam a sua viatura, um do lado do motorista, outro
do lado da passageira e outro posicionou-se na frente do minu-bus. Pensando
estar mal estacionado Alfredo Tivane tentou recuar o veículo que conduzia
quando o polícia que estava do lado da sua porta apertou no gatilho. A bala
entrou pelo lado direito da sua região lombar e saiu do lado esquerdo tendo
ainda ferido, de raspão a jovem passageira. Alfredo, pai de duas crianças,
tombou sobre o volante. A sua viatura ainda deslizou em marcha trás e danificou
um barraca. Os polícias acercaram-se, abriram a porta e o jovem de 31 anos de
idade caiu inanimado no chão, de barriga para baixo, aos pés dos agentes da PRM
que até a altura não pronunciaram uma única palavra, segundo a passageira que acompanhava
o finado. Ainda de acordo com a jovem, os polícias, usando os pés, tentaram ver
se Alfredo ainda estava com vida. “Este gajo morreu” questionou um dos agentes
ao que outro respondeu “não ainda está vivo”. Posteriormente os agentes da PRM
agarraram no corpo de Alfredo “um policia de um pé, outro de outro pé e outro
pelos braços” e, “atiraram para baixo do banco da carrinha” da corporação que
entretanto apareceu.A testemunha ocular, e também vítima dos agentes da
polícia, foi aconselhada por alguns populares que entretanto se acercaram do
local e conheciam a vítima para procurar um dos irmãos de Alfredo. A jovem
localizou Beto, irmão da vítima, e ambos dirigiram-se à 7ª esquadra. Aí
contactaram o proprietário do “chapa” que prontamente acorreu ao local. Na
busca pelos polícias algozes Beto resolveu telefonar para o telemóvel do seu
irmão e do outro lado atendeu um agente da PRM, ao que tudo indica do grupo dos
três, e afirmou que estavam no Hospital Geral José Macamo com o corpo de
Alfredo.Transportados
pelo patrão do finado dirigiram-se ao Hospital indicado onde um enfermeiro
informou-lhes que Alfredo, e os polícias, já não se encontravam no local pois a
vítima chegou já sem vida e foi reencaminhada à morgue do Hospital Central de
Maputo. Na casa mortuária encontraram o corpo já sem vida de Alfredo Tivane,
segundo de várias irmãos contudo único a produzir sustento para a sua família
cujo patriaca é inválido. Os três regressaram ao bairro do T3 onde dirigiram-se
a esquadra e quiseram saber onde estavam os três agentes que estiveram
envolvidos no assassinato. Não os encontraram e os agentes de serviço não se
dispuseram a ajudar. Já com o sol a raiar Beto foi ter com o seu pai e deu-lhe
a triste notícia. Na sequência de mais
esta morte, protagonizada por mais um agente da polícia da 7ª esquadra, os
residentes do bairro T3 querem, primeiro, que lhes seja entregue o agente,
identificado por algumas testemunhas oculares pelo nome de Pasmir, e que tirou
a vida Alfredo, para fazerem-nos sentir na pele o mesmo que aconteceu com o
finado e querem também acabar com esta esquadra pois não os protege. Depois da
cerimónias fúnebres, os residentes de T3 dirigiram-se pacificamente à 7ª
esquadra para exigirem justiça e foram recebidos com agentes da polícia de
armas em punho que dispararam, balas de borracha, sobre jovens e adultos de
ambos os sexos. Os jovens ripostaram com pedras e durante algumas horas os
confrontos tomaram conta da rua 4 de Outubro, ironicamente data em que se celebra
a Paz em Moçambique. Há poucas semanas a casa dos padres, próxima a esquadra
foi assaltada, e segundo uma residente que connosco presenciou a chegada de um
reforço de três viaturas com pelo menos seis agentes da PRM cada, “um dos
padres ligou-me para ir pedir ajuda à polícia, cheguei lá e disseram que não
tinham efectivo nem carro. Mas agora como é para nos matarem há reforços”.
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