A proposta conjunta
da Frelimo e MDM para uma CNE consiste em oito membros indicados pelos partidos
políticos baseada na proporção do número de assentos que detém na AR, isto é,
cinco da Frelimo, dois da Renamo e um do MDM, três membros escolhidos por
organizações da sociedade civil um juiz e um procurador. A ideia de lidar com
um conjunto de leis em negociação no esconderijo de Dhlakama não só é
inconstitucional assim como pode descarrilar o calendário eleitoral. O fracasso
na aprovação da lei ainda este mês impossibilitará a nomeação atempada da nova
CNE para o escrutínio autárquico marcado para finais de 2013. Nas suas ameaças,
o líder da Renamo disse que se o governo não aceitar as suas ameaças “a
alternativa que sobra a sua força política é a divisão do país”. Dhlakama
disse igualmente que a Renamo prendeu cinco “espiões” que os acusa de serem dos
Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE) e da Força de Intervenção
Rápida (FIR). Nas suas alegações, afirma ter recebido, há duas semanas,
informações segundo as quais cinco pessoas chegariam ao seu esconderijo a fim
de espionar a área, entre eles três mulheres e dois homens. Os cinco são três mulheres idosas, uma rapariga e um velho veterano da luta de
libertação nacional do país. “Ele disse que vinha ter com um médico tradicional, que conheceu antes da
independência”, disse Dhlakama, acrescentando que só uma pessoa com problemas
mentais é capaz de acreditar nisso.Na óptica do líder da Renamo, eles são
membros da FIR que “pretendem corromper os médicos tradicionais para espionarem
os nossos homens espalhados pelas matas. É lamentável que, 20 após o acordo de
paz, a Frelimo envie homens para aqui”.Embora esteja em Gorongosa, Dhlakama
disse não estar a preparar nenhuma guerra, uma vez que ela pode ser preparada a
partir de qualquer ponto do país e a sua presença na serra visa única e
exclusivamente continuar a exigir paz e democracia, mas eles (Frelimo), pensam
“em matar-me”. O líder da Renamo acrescentou que “vir a serra de Gorongosa para atacar
Dhlakama sera o fim do mundo”. As crenças e o uso da medicina tradicional no meio rural do país constituem uma
realidade e não parece haver algo errado com a estranha história do velho
indiciado, independentemente de ser ou não um veterano da guerra de libertação.Mais
ainda, se Dhlakama tem o direito de movimentar-se em Gorongosa (como tem estado
a fazer), o mesmo direito não pode ser negado aos outros cidadãos moçambicanos,
mesmo se a Renamo os considerar “espiões”. A detenção dos cinco é simplesmente
um rapto.Esta não é a única ilegalidade cometida pelas forças de Dhlakama em
Gorongosa. Para chegar a sua base na localidade de Sanjundjira, a reportagem do
“O País” teve de passar por vários controlos da Renamo.Em diversas ocasiões, o
seu veículo foi parado pelos membros da “Guarda Presidencial” de Dhlakama que
os submeteu a um interrogatório hostil, numa flagrante violação do direito à
liberdade de circulação consagrado na Constituição da República.
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