segunda-feira, dezembro 17, 2012

Fala, fala... mas faz pouco!


Aproxima-se aquele que é, inegavelmente, o mais importante período festivo no país - o Natal e Ano Novo.  De alguma forma, há já algumas semanas são visíveis os sinais dos preparativos para as tão aguardadas festas, sobretudo em instituições e estabelecimentos comerciais, engalanados com motivos alusivos ao Natal. Esta é uma época do ano em que, por tradição, o índice de compras por parte dos consumidores aumenta substancialmente, em parte catapultado pelo chamado 13º salário que algumas empresas e instituições pagam aos seus funcionários, bem como pela oferta de cabazes, quer aos trabalhadores e colaboradores, quer a clientes e outras personalidades. Os cidadãos, esses, não só procuram ter as mesas o mais recheadas possível por alturas das festas, como também investem na compra de presentes para oferecer aos que lhes são próximos; na aquisição de roupa nova, nas reformas das suas casas, entre outras necessidades que nem sempre são possíveis de satisfazer ao longo do ano. Ora, em muitos países o período de aumento de vendas nos estabelecimentos comerciais corresponde, regra geral, à época das promoções e saldos, aquela fase em que normalmente os preços baixam.  Em Moçambique, infelizmente, a tendência é sempre inversa: os preços em geral sobem — e de que maneira! — nesta época da quadra festiva do Natal e Ano Novo. É verdade que a produção nacional ainda não está capaz de responder ao aumento do volume de procura de produtos diversos que se regista por estas alturas, o que de alguma forma pode contribuir para o aumento dos preços.  Mas a realidade tem mostrado que nem sempre é assim. A subida de preços afecta até produtos que já estão no armazém, simplesmente porque aumentou a procura!   Trata-se de uma atitude de puro açambarcamento e especulação por parte de comerciantes a retalho e a grosso, fornecedores de bens e serviços, agricultores e industriais. Não se justifica, pois, por exemplo, que a batata ou o tomate cujos custos de produção permitiram que ao longo do ano fossem vendidos a um preço estável de X, já custem em meados de Dezembro X vezes dois, só porque aumentou a procura!
O mesmo se pode dizer do frango de produção nacional — que não mudou de fornecedor ao longo do ano — que num ápice sobe de preço na maioria dos estabelecimentos comerciais. Trata-se de uma situação de que o Governo tem conhecimento, através do Ministério da Indústria e Comércio (MIC), o qual todos os anos, por estas alturas, tem vindo a público afirmar que não será implacável aos comportamentos desonestos dos agentes económicos, nomeadamente no aumento de preços apenas para facturar mais. No entanto, fica-nos sempre a sensação de que o MIC, através do seu sector de Inspecção de Actividades Económicas, fala, fala... mas faz pouco!  O cenário caracterizado pelo açambarcamento e especulação não muda, ano após ano! Da mesma forma que não muda a velha ladainha das entidades da Indústria e Comércio de que não vão tolerar as práticas que prejudicam os cidadãos.   Este ano não está a fugir à regra, pelo menos nas principais cidades do país. Os preços dos produtos de primeira necessidade já estão a disparar e o MIC — tanto a nível central como provincial — já está a cantar que será duro no combate ao fenómeno da especulação. Mas duro, pelos vistos, só no discurso...
Gostaríamos de apelar ao Governo a um efectivo combate aos especuladores e açambarcadores, por um lado e, por outro, aos agentes económicos a um respeito pelos princípios de honestidade e comércio justo. Para que os cidadãos em todo o país possam celebrar da melhor forma possível a quadra festiva que se avizinha.

0 comments: