Aproxima-se aquele que é, inegavelmente, o mais importante período
festivo no país - o Natal e Ano Novo. De
alguma forma, há já algumas semanas são visíveis os sinais dos preparativos
para as tão aguardadas festas, sobretudo em instituições e estabelecimentos
comerciais, engalanados com motivos alusivos ao Natal. Esta é uma época do ano
em que, por tradição, o índice de compras por parte dos consumidores aumenta
substancialmente, em parte catapultado pelo chamado 13º salário que algumas
empresas e instituições pagam aos seus funcionários, bem como pela oferta de
cabazes, quer aos trabalhadores e colaboradores, quer a clientes e outras
personalidades. Os cidadãos, esses, não só procuram ter as mesas o mais
recheadas possível por alturas das festas, como também investem na compra de
presentes para oferecer aos que lhes são próximos; na aquisição de roupa nova,
nas reformas das suas casas, entre outras necessidades que nem sempre são
possíveis de satisfazer ao longo do ano. Ora, em muitos países o período de aumento de vendas nos estabelecimentos
comerciais corresponde, regra geral, à época das promoções e saldos, aquela
fase em que normalmente os preços baixam.
Em Moçambique, infelizmente, a tendência é sempre inversa: os preços em
geral sobem — e de que maneira! — nesta época da quadra festiva do Natal e Ano
Novo. É verdade que a produção nacional ainda não está capaz de responder ao
aumento do volume de procura de produtos diversos que se regista por estas
alturas, o que de alguma forma pode contribuir para o aumento dos preços. Mas a realidade tem mostrado que nem sempre é
assim. A subida de preços afecta até produtos que já estão no armazém,
simplesmente porque aumentou a procura!
Trata-se de uma atitude de puro açambarcamento e especulação por parte
de comerciantes a retalho e a grosso, fornecedores de bens e serviços,
agricultores e industriais. Não se justifica, pois, por exemplo, que a batata
ou o tomate cujos custos de produção permitiram que ao longo do ano fossem
vendidos a um preço estável de X, já custem em meados de Dezembro X vezes dois,
só porque aumentou a procura!
O mesmo se pode dizer do frango de produção nacional — que não mudou de
fornecedor ao longo do ano — que num ápice sobe de preço na maioria dos
estabelecimentos comerciais. Trata-se de uma situação de que o Governo tem
conhecimento, através do Ministério da Indústria e Comércio (MIC), o qual todos
os anos, por estas alturas, tem vindo a público afirmar que não será implacável
aos comportamentos desonestos dos agentes económicos, nomeadamente no aumento
de preços apenas para facturar mais. No entanto, fica-nos sempre a sensação de
que o MIC, através do seu sector de Inspecção de Actividades Económicas, fala,
fala... mas faz pouco! O cenário
caracterizado pelo açambarcamento e especulação não muda, ano após ano! Da
mesma forma que não muda a velha ladainha das entidades da Indústria e Comércio
de que não vão tolerar as práticas que prejudicam os cidadãos. Este ano não está a fugir à regra, pelo menos nas principais cidades do país.
Os preços dos produtos de primeira necessidade já estão a disparar e o MIC —
tanto a nível central como provincial — já está a cantar que será duro no
combate ao fenómeno da especulação. Mas duro, pelos vistos, só no discurso...
Gostaríamos de apelar ao Governo a um efectivo combate aos especuladores e
açambarcadores, por um lado e, por outro, aos agentes económicos a um respeito
pelos princípios de honestidade e comércio justo. Para que os cidadãos em todo
o país possam celebrar da melhor forma possível a quadra festiva que se
avizinha.
0 comments:
Enviar um comentário