segunda-feira, janeiro 25, 2021

A sacrificada

A cidade da Beira, segunda maior de Moçambique, voltou a cair em ruínas. A força do ciclone Eloise arrancou telhados, virou barcos e deixou ruas e vários bairros completamente alagados. Pelo menos três pessoas morreram e estima-se que cerca de 200 mil pessoas possam vir a ser afetadas por inundações nos próximos dias, em Moçambique.

Quase dois anos depois de o ciclone Idai arrasar aquela cidade costeira, onde 62 mil casas ficaram destruídas e cerca de mil vidas foram ceifadas, a Beira volta a sofrer um duro golpe. Das vítimas fatais, duas foram atingidas por paredes de habitações que desabaram no bairro da Munhava. A outra foi atingida por material ferroviário arrastado pelo vento."O cenário é de grande destruição. O ciclone arrasou muitas estruturas, as paredes de muitas casas caíram e os telhados voaram", contou este sábado ao JN, Nelson Moda, 37 anos, responsável da comunidade de Sant'Egido na província de Sofala. Este ciclone, que entrou durante a madrugada na Beira e atravessou o centro de Moçambique, foi bem mais longo do que o Idai.

Os ventos fortes, que passaram a 160 quilómetros por hora, arrancaram tudo o que encontraram pela frente. As chuvas, que ainda persistem, deixaram as casas com mais de meio metro de água. Apesar da preparação da população, que aprendeu com o passado e reforçou janelas e telhados, o Eloise voltou a deixar famílias inteiras sem teto. Muitas delas ainda não tinham acabado de reconstruir as casas, arrasadas em 2019.

A juntar à desgraça meteorológica está a pandemia de covid-19. "Neste momento há já muitas pessoas em centros de acomodação sem máscaras e muito menos o distanciamento físico. Isto pode propiciar elevado índice de casos positivos da covid-19 que já tem sido fatal", disse Nelson, lembrando que é também necessário evitar o aparecimento da cólera e a malária.

Também no distrito de Búzi, os danos foram grandes. As populações voltaram a ficaram cercadas por água e foi necessário recorrer a embarcações disponíveis no distrito, incluindo as de particulares, para retirar as pessoas, relata a Cruz Vermelha de Moçambique na sua página de Twitter. Ainda que o impacto deste ciclone tenha sido menos do que o Idai, são esperadas inundações repentinas na costa das províncias de Sofala e Zambézia. Para já, as autoridades ainda estavam a apurar os prejuízos causados pelo ciclone, tarefa dificultada pelos cortes de eletricidade e telecomunicações em muitos locais da cidade.

 



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