As autoridades sanitárias do Japão anunciaram esta segunda-feira que identificaram uma nova estirpe do vírus que causa a covid-19 em quatro passageiros provenientes do Brasil. As quatro pessoas infetadas foram testadas à chegada ao aeroporto de Tóquio no dia 2 de janeiro. Para já, sabe-se que esta nova variante possui 12 mutações, sendo que uma delas é a mesma encontrada em variantes já identificadas no Reino Unido e na África do Sul, o que implica um “maior potencial de transmissão do vírus", explicaram as autoridades sanitárias brasileiras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já foi informada.
Assim, esta é a terceira estirpe do SARS-COV-2 que é comunicada à OMS. A 14 de dezembro de 2020, as autoridades sanitárias do Reino Unido informaram a OMS que tinham identificado, através da sequenciação do genoma do vírus, uma variante que teria sido detetada pela primeira vez em setembro e que, até ao dia 13 de dezembro, tinha já infetado 1108 pessoas. A variante foi denominada B.1.1.7. As análises iniciais permitiram concluir que esta variante transmite-se de forma mais rápida, e a OMS assegura que estão neste momento a decorrer investigações para determinar se também causa sintomas mais severos da doença (o que parece não acontecer), e se as vacinas já existentes são eficazes para a combater. Uma estimativa feita em dezembro pelo European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC) indicou que a variante britânica é cerca de 70% mais transmissível - entretanto, novas pesquisas sugerem um risco 56% superior
Poucos dias depois, a 18 de dezembro, as autoridades de saúde da África do Sul comunicaram o aparecimento da variante 501.V2, primeiramente detetada no município de Nelson Mandela Bay. Esta variante possui a mutação E484K, que “diminui o reconhecimento de anticorpos” e não está presente na britânica, explicou à revista “The Scientist" Francois Balloux, diretor do Instituto de Genética de Londres, o que pode ajudar o vírus a evitar a imunidade adquirida após uma infeção anterior.
Até à semana passada, a variante britânica tinha já sido detetada em 45 países, enquanto que a variante sul-africana estava presente em pelo menos seis. Todos os vírus sofrem mutações: durante esta pandemia, mais de quatro mil já foram identificadas. “Todos os vírus que estudamos tornaram-se mais contagiosos com o tempo devido à seleção natural”, resumiu Andrew Read, um microbiologista da Penn State University, ao "New York Times". No entanto, estas duas em específico estão a preocupar mais os cientistas pois têm um grande número de mudanças na proteína spike do SARS-COV-2, a parte que encaixa nas células humanas recetoras, permitindo a infeção.
O "New York Times" aponta que a variante britânica “deixou alguns países vulneráveis numa altura em que pareciam estar próximos da salvação científica" através das vacinas. Um desses exemplos é o de Israel: o país já iniciou a vacinação mas teve de voltar a apertar as medidas de confinamento na última sexta-feira depois de detetar casos da nova variante, que foi responsável por pelo menos oito mil casos nos últimos dias.
Ainda não há muita informação sobre a variante japonesa detetada esta segunda-feira, e cientistas de todo o mundo estão neste momento a estudar as variantes britânica e sul-africana para perceber se têm o potencial de ameaçar a eficácia das atuais vacinas. Os dados recolhidos até agora parecem indicar que a vacina da Pfizer funciona face à B.1.1.7, mas o ministro dos Transportes do Reino Unido já veio dizer que esse pode não ser o caso em relação à 501.V.2, da África do Sul. De qualquer das formas será necessário esperar por mais informação, e os países não devem desvalorizar estas e outras novas mutações do SARS-COV-2, alertam os especialistas. “Estamos a perder a corrida para o coronavírus. Está a infetar pessoas a um ritmo muito mais rápido do que aquele a que estão a chegar as vacinas, e está a ultrapassar o nosso distanciamento social”, garante Derek Cummings, biologista da Universidade da Flórida, ao jornal “Los Angeles Times.”
0 comments:
Enviar um comentário