O pai do jornalista Amade
Abubacar garante que não tem permissão para visitar o filho, desde que este foi
detido na cadeia de Mieze, no distrito de Metuge, província de Cabo Delgado.
Segundo ele, as visitas têm sido também vedadas ao irmão da vítima, facto
confirmado uma outra fonte próxima ao processo em curso na Procuradoria
Provincial local.
Na terça-feira (05), a Amnistia
Internacional (AI) disse que Amade Abubacar está em “péssimas condições de
detenção”, pode estar a “necessitar de cuidados médicos urgentes e
não estar” a recebê-los adequadamente. Volvidas 24 horas, a Procuradoria
Provincial de Cabo Delgado escalou a penitenciária de Mieze, levando consigo
alguns órgão de comunicação social. A finalidade era desmentir a AI, passar a
imagem de que o jornalista tem um tratamento condigno e recebe regularmente
visitas da família. Amade, que supostamente não foi autorizado gravar as suas
declarações, nem se deixar fotografar e tão-pouco ser filmado, é citado pelo
jornal Notícias, por exemplo, a relatar que recebe visitas de certas entidades,
incluindo de organizações não-governamentais, e goza de boa saúde.
“O meu irmão vem regularmente
visitar-me”, afirmou o jornalista, segundo aquele matutino.
Todavia, ele foi desmentido
pelo próprio progenitor ao comentar, telefonicamente, que “o irmão dele quando
pode ir lá visitá-lo não é permitido” qualquer contacto com o seu parente. “A
última vez que vi Amade foi quando ele estava detido aqui em Macomia”, ido de
uma base militar em Mueda, onde permaneceu vários dias, igualmente isolado de
tudo e todos.
Armando Wilson, porta-voz da
Procuradoria Provincial de Cabo Delgado, classificou as informações veiculadas
pela AI como falaciosas e susceptíveis de colocar em causa o Estado de Direito
Democrática.
Augusto Messariamba, advogado
do MISA-Moçambique e assistente do jornalista em alusão foi categórico ao
afirmar que não podia tecer quaisquer informações em torno do seu cliente “sem
a autorização da família” do mesmo.
Contudo, outra fonte contactada
disse que não constitui verdade que Amade recebe visitas de quem quer que seja.
“Você deve saber que na penitenciária de Mieze não se recebe visitas de
familiares (...). O próprio MISA-Moçambique que assiste ao caso sabe disso”. O interlocutor esclareceu ainda que, pese
embora nenhum preso tenha o privilégio de manter contacto os parentes, aos
advogados é permitido o acesso à cadeia em questão. Ele confirmou que o irmão
de Amade já esteve em Mieze mas “ficou do lado de fora”.Ao contrário da
mensagem que a Procuradoria pretende passar publicamente, nenhum familiar de
Amade tem acesso àquela penitenciária. O irmão já esteve lá mas foi proibido de
entrar.
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