sexta-feira, julho 20, 2018

Durmam pouco!


Resultado de imagem para ataques em palmaDesde a eclosão dos ataques, em Outubro do ano passado, as autoridades governamentais têm procurado minimizar o impacto da actuação dos insurgentes. Uma das mais recentes aparições foi do governador da provínciade Cabo Delgado, Júlio Parruque que, numa entrevista ao “Dossiers e Factos” pintou um quadro “bonito” e “conveniente”,mas bastante distante da real situação que se vive no norte da província. Durante uma semana no terreno e, por isso, testemunhou a situação dramática que se vive nas aldeias dos distritos de Palma, Mocímboa da Praia, Macomia e Quissanga.
Imagem relacionadaImagem relacionadaPor exemplo, por todas as aldeias afectadas por que passamos, as comunidades queixam-se de fome porque já não podem ir às machambas por medo dos ataques, o que desmente a politicamente correcta versão do governador, que garantiu que em nenhum momento a população se queixou de falta de comida e que continuam a trabalhar e a produzir no seu dia-a-dia. Verdade, porém, é que, timidamente, os deslocados vão regressando às suas zonas de origem.Por exemplo, na Ilha do Ibo, para onde se tinha deslocado grande parte das comunidades afectadas. De acordo com os residentes da Ilha, no pico dos ataques chegavam por dia até cinco barcos com cerca de 50 deslocados, cada. Mas a maioria já não está no Ibo.
Imagem relacionada Ibrahimo é das poucas que continua por lá. Saiu de Naúnde, com mais de 10 membros da família, agora enclausurados numa minúscula casa de um familiar a trabalhar na ilha. “Saímos por causa da guerra. Queimaram a nossa casa e perdemos tudo. Aqui vivemos na base e apoios”, relata Anica, que amamenta um bebé de um ano e um mês. Semba Imedi, residente da Ilha do Ibo, tinha a casa transformada num verdadeiro centro de acolhimento de deslocados, quando chegou a receber no minúsculo quintal, 26 pessoas que fugiam dos ataques. Mas hoje só ficou com a sobrinha, Alina Macasaré, que fugiu de Naúnde, onde vivia com o esposo e duas crianças, todas menores de idade. Fugiram quando se aperceberam da agitação e a casa ficou a ser incendiada com todos os pertences.
O apelo do governador Parruque para que as comunidades mantivessem vigilância, mesmo que isso passasse por dormirem pouco, está em marcha no norte da província. A partir das 19h, grupos de jovens locais, empunhado armas brancas, sobretudo catanas, arcos e flechas, juntam-se aos militares para patrulhas nocturnas. Autêntica caça ao homem em defesa da vida.

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