A brasileira Embraer é suspeita de ter pago suborno a
funcionários públicos moçambicanos para fecharem a primeira venda de aviões da
empresa para o continente africano, em 2008, num negócio com a Linhas Aéreas de
Moçambique (LAM) estimado em 75 milhões de dólares norte-americanos.
Na sequência de investigações conduzidas pelo Departamento de Justiça dos
Estados Unidos da América(EUA), em curso desde 2010, e despoletada pela venda
de aviões militares para a República Dominicana, a Embraer é acusada de pagar
subornos em negócios na Arábia Saudita, Índia e em Moçambique, noticia a edição
desta quinta-feira(06) do jornal Folha de São Paulo.
“A apuração sobre a venda de aeronaves em Moçambique permanecia em sigilo
até o momento. Os investigadores se concentraram nos negócios da Embraer feitos
com países estrangeiros entre 2008 e 2010. O caso moçambicano aconteceu em
2008. A fabricante brasileira vendeu naquele ano dois jactos Embraer 190 às
LAM”, reporta o jornal brasileiro que indica que contribuíram para as
investigações os depoimentos de funcionários e colaboradores da construtora de
aviões brasileira.
De acordo com o jornal, depois de ser apanhada pelo pagamento de suborno a
autoridades dominicanas, a Embraer passou a colaborar com o Departamento de
Justiça dos EUA e a SEC, órgão que fiscaliza o mercado de ações americano - os
papéis da empresa brasileira são negociados na Bolsa de Valores de Nova York.
A Embraer, avança o Folha de São Paulo, contratou um empresa de advocacia
para fazer uma auditoria nos negócios estrangeiros da companhia tendo enviado
os resultados da investigação para o Departamento de Justiça e para o
Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. Em Julho a Embraer divulgou
comunicado informando que pôs de lado 200 milhões de dólares para pagar multas
decorrentes do processo.
O jornal brasileiro refere que actualmente a empresa está na fase final de
negociação com as autoridades americanas e brasileiras sobre o valor da multa a
ser pago e qual o percentual dessa multa que vai para o governo dos EUA e qual
ficará no Brasil. Além da punição financeira, a Embraer terá que adoptar normas
de "compliance" (medidas anti-corrupção) e será fiscalizada por dois
monitores externos, um brasileiro e outro norte-americano.
A empresa brasileira não quis dar detalhes do processo referente a venda de
dois aviões Embraer 190 para às LAM na altura dirigidas por José Viegas(foto: de óculos falando com o antigo P.República A.Guebuza), na
qualidade de presidente do conselho de administração. Em Agosto de 2009, quando a primeira aeronave de fabrico brasileiro,
Embraer 190, chegou a Maputo, o jornal Notícias reportou que cada um dos dois
aviões comprados, através de uma operação financeira montada pelo Banco
Comercial e Investimentos(BCI), teriam custado cerca de 35 milhões de dólares
norte-americanos. As contas das LAM não são públicas, a empresa nunca publicou um Relatório e
Contas como a lei prevê. O maior accionista das LAM é o Estado moçambicano
através do Instituto de Gestão das Participações do Estado.Na semana passada o Gabinete Central de Combate a Corrupção de Moçambique
anunciou estar a investigar a aquisição, venda e aluguer de duas aeronaves Q
400, em 2008, durante a gestão de José Viegas. Para apurar os detalhes do
negócio decorre uma auditoria que está a ser conduzida pela Inspecção Geral de
Finanças.
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