Desta maneira, foi dada a última palavra sobre o acordo histórico que
colocaria fim no conflito armado. Com a vitória do não, o governo fica impedido
de pôr em prática as medidas previstas no documento. A decisão deixa em aberto
o processo de paz e, na prática, poderia significar a continuidade da guerra no país.
O presidente colombiano, Juan Manuel
Santos, convocou uma reunião de emergência
com seu gabinete e a equipe de negociadores para analisar a situação. O número
um das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como Timochenko, e lideranças
da guerrilha que participaram dos diálogos de paz em Havana também estão
reunidos para analisar o resultado do plebiscito.
O sim ao acordo de paz ganhou nas regiões mais afetadas pelo conflito
armado. No município de Bojayá, o sim recebeu 95,76%. A cidade foi palco de uma
tragédia em 2 de maio de 2002. Durante combates entre as Farc e o Exército, uma
bomba atingiu a igreja onde os moradores buscaram refúgio. Cerca de 100 pessoas
morreram na ocasião.Em Toribio, outro município diretamente afetado pela guerra
civil, o sim obteve 84, 80% dos votos, contra 15,19% do não. Em Turbo, cuja
zona rural foi palco de massacres, o acordo foi apoiado por 56% dos eleitores.Na
região de Catatumbo, uma das mais atingidas pelo conflito, o sim ganhou em
todos os seus municípios.
O acordo de paz foi celebrado por líderes do mundo inteiro. Para o
presidente colombiano, o plebiscito era o mais importante da história recente
do país.Alcançado em agosto em Havana, após quatro anos de negociações, o
acordo foi assinado pelo governo e pelas Farc na segunda-feira.
O acordo contemplava o abandono das
armas pela guerrilha e sua transformação
em movimento político. A nova agremiação deveria ocupar dez assentos no
Congresso, segundo previa o pacto de paz.Além de garantias para a participação
dos guerrilheiros desmobilizados na política, o acordo de paz incluía questões
complexas, como o acesso à terra para os agricultores pobres; luta contra o
tráfico de drogas; justiça e reparação às vítimas.Em mais de 50 anos, o
conflito na Colômbia, o mais longo da América, provocou a morte de 220 mil pessoas e deixou mais de 6 milhões de
deslocados internos.
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