Os
Estados Unidos da América (EUA), Portugal e Reino Unido condenaram hoje o uso
de violência e palavras ameaçadoras que atentam à paz e estabilidade para a
resolução de diferendos entre as várias esferas da sociedade moçambicana, em
lugar do diálogo.Este sentimento foi manifestado pelos respectivos embaixadores
acreditados no país, Douglas Griffiths, Joanna Kuenssberg e José Duarte,
durante um encontro que mantiveram, em separado, com o Primeiro-Ministro,
Carlos Agostinho do Rosário, em Maputo.Nas suas declarações à imprensa, após o
encontro com o Primeiro-Ministro, os diplomatas mostraram-se satisfeitos e
disseram ter manifestado o interesse de cada um dos países que representam
apoiar sempre ao povo e às autoridades moçambicanas no desenvolvimento,
prossecução da paz e no respeito pela democracia no país.O diplomata português,
por exemplo, disse existirem dois motivos grandes que se ligam ao interesse em
apoiar o país, nomeadamente afectivo e material, como são os casos da ligação
histórica longa que os dois países têm, que permite à sociedade portuguesa ter
uma relação de afectividade genuína com Moçambique e os investimentos.
“Tensões políticas existem em todos os Estados democráticos. Fazem parte do
debate político. Não têm problema. Contudo, essas tensões políticas devem
ocorrer em todo o lado no estrito respeito da lei e na estrita utilização das
instâncias democraticamente eleitas para o efeito. Se há leis que necessitam
ser mudadas, as pessoas debatem-nas e aprovam as mudanças que consideram
adequadas para responder a essas mesmas necessidades. Para nós, isso é claro,
não apenas para Moçambique, mas para todos os países do mundo”, afirmou o
embaixador.Na sua política externa, Portugal apela sempre ao respeito pela paz, vida
humana e instâncias democraticamente eleitas, bem como instâncias normais para
debater pontos de vista, reformar leis, e contextos, o que com Moçambique não
foge à regra.Para Duarte, os moçambicanos são suficientemente maduros e sabem
perfeitamente o que querem para, por si sós, chegarem às negociações. “No
entanto, cabe a eles encontrarem os modelos, modalidades e esquemas naturais
que se considerem adequados à sua convivência pacífica”.Portugal continua a ser, desde 2008, um dos principais investidores externos de
Moçambique e maior criador estrangeiro de emprego, tendo criado cerca de 75 mil
postos de trabalho.Assim, Duarte não vê com bons olhos a instabilidade que se
vai instalando no país, devido às ameaças da Renamo, o principal partido de
oposição, de criar forças policiais e de defesa paralelas às já
constitucionalmente existentes, que podem prejudicar todo um clima de
investimento.“As pessoas, quando investem, querem ter lucro. Para que tenham lucro, convém
que haja paz e estabilidade. Só assim é que as coisas evoluem. Nós gostamos de
ver os moçambicanos a terem sucesso. Nós gostamos de ver taxas de crescimento
económico em Moçambique que rondam os sete e sete e meio por cento. Nós
gostamos de ver Moçambique a evoluir, a descobrir gás natural, a ter
perspectivas de ser um país mais rico, a ter perspectivas de ver menos gente
pobre, a ver mais gente a participar nessa riqueza”, realçou.Portugal tem uma
comunidade de cerca de 23 mil pessoas em Moçambique.
Por seu turno, a Alta Comissária do Reino Unido e Irlanda do Norte afirmou que
a existência de partido político armado, como é o caso da Renamo, é condenável,
visto não ser uma parte de saída para uma paz sustentável, encorajando, por
conseguinte, o estabelecimento dum diálogo consolidado e a todos os níveis.“Eu
disse que, segundo a nossa história, nós sabemos que do lado do governo é muito
importante ter a responsabilidade de combater sempre para a paz, para que o
público não tenha medo, para acabar com a incerteza que existe dada esta
tensão”, disse Kuenssberg.A diplomata realçou que o passado recente moçambicano
mostra que não há um espaço para as armas, referindo-se à tensão
político-militar entre o governo e Renamo, cujo acordo de cessação foi assinado
em 2014.“É necessário o diálogo e conversa face a face entre pessoas e não
pelas armas. O público não quer violência. Encorajo ambas as partes a falarem.
As respostas só vão sair da conversa, do diálogo. Ninguém quer a guerra. Todos
querem a paz. O Reino Unido considera também que as instituições públicas
também deviam ser respeitadas”, acrescentou.O Reino Unido e Moçambique estão a
reforçar cada vez mais as relações existentes. No encontro, a diplomata e o
Primeiro-Ministro falaram também da cooperação britânica que está a apoiar
todas as prioridades do Plano Quinquenal do Governo para o desenvolvimento
político, social e económico do país.Os dois trocaram ainda impressões sobre o
investimento do sector privado e ambiente de negócios.Em Moçambique, há mais de
40 empresas britânicas que operam em todos os sectores.
or sua vez, o embaixador Douglas Griffiths disse que, para além de ter
encorajado para um diálogo de paz, deixou bem claro que os EUA não apoiam a
nenhum partido político no país e que sempre estão a favor do uso das
instituições para fortalecer a paz em benefício do povo.
“Temos que usar um diálogo de paz. Acho que as pessoas têm que colaborar.
Precisamos de usar palavras para construir em vez de dividir”, sublinhou.A
trajectória e o estágio das relações bilaterais entre os EUA e Moçambique e o
investimento norte-americano foram outros assuntos debatidos. Em relação
ao investimento, Griffiths revelou que o seu país colocou à disposição cerca de
500 milhões de dólares, para investir na educação, saúde, agricultura, entre
outros sectores em Moçambique.
0 comments:
Enviar um comentário