"Se não houver uma
significativa redução dos custos, tudo vai parar", disse o diretor-geral
da Total em Angola, Jean-Michel Lavergne, em declarações à agência financeira
Bloomberg, nas quais explicou que caso as condições não melhorem, a indústria
petrolífera angolana "vai desaparecer", partindo do princípio que o
preço do barril de petróleo se mantém nos 60 dólares. Em causa estão as várias
medidas que o Governo angolano tem tomado nos últimos anos, que fizeram os
custos de produção aumentar em 500 milhões de dólares por ano, disse Lavergne
durante um fórum empresarial em Luanda, no qual anunciou que está pedida uma reunião
com o Governo angolano para dar conta destas preocupações causadas pelos custos
da regulação.
Em junho, Angola ultrapassou pela
primeira vez a Nigéria enquanto maior produtora subsariana, tendo bombeado 1,77
milhões de barris por ano, contra 1,9 milhões da Nigéria, embora no total do
ano passado a média de produção tenha sido de 1,66 milhões, comparado com os
1,9 milhões da Nigéria.
A Total é a maior produtora de
petróleo em Angola, com cerca de 700 mil barris por dia, o que representa mais
de 40% da produção do país. Os poços de petróleo em águas
profundas na costa de Angola têm um desenvolvimento muito caro, e a indústria
precisa de preços entre 60 a 80 dólares por barril "para a operação fazer
sentido", disse Lavergne. O preço do barril de petróleo 'Brent' está nos
50 dólares por barril, menos de metade do pico do ano passado, e as previsões
apontam para um ligeiro acréscimo de preço no próximo ano. As novas normas
sobre as emissões o desperdício, aliadas aos preços baratos, significam que
algumas companhias estão a pensar em sair do país, que se tornou o mais recente
membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em 2007,
disse o diretor da câmara de comércio Estados Unidos - Angola, Pedro Godinho.
"Há muitas petrolíferas que
estão a ponderar sair do país se o cenário mundial não mudar", disse o
responsável durante o evento em que participou também o diretor da Total em
Angola, concluindo que a solução para a quebra nas receitas fiscais e
consequentes dificuldades orçamentais "não é matar a galinha que põe os
ovos de ouro".
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