”EU estou pronto para me encontrar com o meu irmão
Filipe Nyusi, mesmo amanhã”, assim se expressou ontem na Beira, província de
Sofala, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na palestra por ocasião dos 20 anos
da Universidade Católica de Moçambique (UCM).Dhlakama respondia assim a uma
pergunta que lhe foi feita pelos participantes ao evento sobre as razões das constantes
ameaças à paz no país.No entanto, não deixou de acusar o Governo de ter
alegadamente violado o Acordo Geral de Paz de que ele e Joaquim Chissano foram
protagonistas em 1992.“A palavra paz tem um significado muito importante e não
e só o calar das armas”, defendeu.Afonso Dhlakama fez estas afirmações depois
de ter feito uma apresentação subordinada ao tema “A Universidade Católica de
Moçambique como promotora da expansão e acesso ao Ensino Superior em
Moçambique”.A propósito, defendeu que a UCM desempenhava um grande papel na
sociedade moçambicana que tem ainda imensas necessidades em termos de formação
de quadros.“Moçambique precisa de uma nova geração de quadros qualificados ”,
defendeu ainda o líder da Renamo.
UM episódio que marcou de forma singular a
cerimónia de ontem se deu quando uma das três pombas soltadas pelo Arcebispo da
Beira, D. Cláudio de La Zuana, postou-se mesmo em frente ao ponto onde se
encontrava sentado o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.Foi um momento que
prendeu a atenção dos presentes, e que paralisou momentaneamente o evento, que
acabava de começar, com muitas imagens a serem registadas, enquanto Dhlakama se
mantinha sentado.Não faltaram interpretações do episódio, com alguns a
considerarem que a pomba estava ali para transmitir a mensagem da paz ao
presidente da Renamo.Pouco depois, o pessoal do protocolo tentou retirar a
pomba, mas nessa altura ela voou para uma das varandas do edifício, onde
decorria a palestra.
A OUTRA figura presente nos 20 anos da UCM foi o
antigo presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Brazão Mazula.Abordado
a propósito do acontecimento, Mazula afirmou que este jubileu da UCM que
decorre sob o lema “Promovendo a Reconciliação” faz um apelo aos signatários do
Acordo Geral de Paz (AGP) - o Governo e a Renamo - para que retomem com muita
urgência o diálogo para essa reconciliação que se crê verdadeira.“A paz deve
ser verdadeira. Como viram, foram lançadas três pombas, mas uma delas
acabou não voando e ficou ali em frente dos signatários do AGP, pois estavam
ali o presidente Chissano e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Portanto, é de
reconciliação que temos que falar. Até
a pomba nos mostrou que isso é possível, indo pousar diante dos signatários do
AGP”.Brazão Mazula deixou um recado em forma de pergunta: “Por que é que nós
ainda nos matamos? Por que é que o Governo e a Renamo ainda continuam a
matar-se? - questionou.Mazula disse não haver motivos para os moçambicanos se
matarem uns aos outros. “Não há motivos para a guerra. Que as armas se
calem para sempre para vivermos em paz”, referiu Mazula.
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