Há duas coisas
que não vão acabar bem nos próximos dias/meses. Senhor Khalau, actual
Comandante-geral da PRM e a Renamo, com suas exigências excêntricas.O primeiro porque
será “livrado das suas funções”, apesar da resistência até agora em o PR
proceder a remodelação das chefias dos ramos da defesa e segurança. O que está
a acontecer, julgo eu, é que a própria polícia está interessada em mostrar ao
mundo e ao PR o grau do seu envolvimento no mundo do crime como forma de
“incitar” mudanças por dentro. Duvido que o PR resista às evidências que
diariamente são apresentadas pela própria polícia em noticiários. Terá que
fazer algo, pelo menos do que dele depender. E seguramente Khalau será a
válvula de escape. Temo que depois desta onda de denúncias siga a onda de
queima de arquivos. É isto já aconteceu no passado. Recordem-se da Brigada
Anticrime que desapareceu toda ela. Brigada Mamba a Rio, etc.
A Renamo por sua
vez, não para de se enrolar em promessas embaraçosas. Há mais de seis meses que
anda de ultimato em ultimato, de ameaça em ameaça. Pior, são ameaças de difícil
realização, que só servem para a satisfação individual. Este conselho nacional
será mais um malogro, não trará nada de novo se não contemplar a continuação
das conversações com o governo. O que está mal no país não é o governo ou a
Frelimo.É a forma como a
Renamo formula seus problemas e propõe as suas soluções.
Dois exemplos:
1. A Renamo
propõe a despartidarização do Estado mas como solução avança a partilha dos
cargos de chefias militares a todos níveis, ou seja, a divisão das chefias
militares entre membros do governo e da Renamo!
2. A Renamo
formula e muito bem que a desmilitarização das suas forças é, ao abrigo da Lei
de Cessação das hostilidades, um imperativo. Mas para tal ela propõe como
condição a decisão sobre o regime de integração que é na verdade, a divisão das
chefias nas hostes militares, da segurança e da polícia, por dois.
3. Bacela. A
proposta da Lei para a criação das Autarquias Provinciais. A Renamo sempre quis
convencer o público da existência de um ACORDO VERBAL com o Presidente Nyusi
que o projecto das autarquias deveria passar tal como a Renamo apresentara.
Tendo sido chumbada, a Renamo nem cogitou na possibilidade de encetar
negociações para voltar a submeter outra versão, acomodando algumas
inconstitucionalidades. Rompeu com o diálogo e embarcou em ultimatos. Desde
quando um Estado celebra acordos verbais com entidades políticas ou públicas?
Olha, não voltar
a guerra não é um favor que a Renamo faz ao povo. É o que deve fazer. Algumas
das reivindicações que a Renamo levanta são legítimas e tem aprovação popular.
Mas como sempre, falha na proposta de soluções porque amiúde, são soluções que
não resolvem o problema mas sim encobre-os. Alguém pode dizer que sem as armas
não haveria democracia em Moçambique. Até pode ser verdade, mas também as
mesmas armas da Renamo não preveniram que nos últimos 20 anos pessoas morressem
ou com as armas da polícia, ou com as armas das FADM ou com as armas dos
bandidos. E as suas armas também matam inocentes em momentos de tensão
político-militar.
PS: Acabo
pensando que as armas são o principal factor do subdesenvolvimento político
deste partido pois o MDM sem armas consegue avançar e estar tão perto das
aspirações dos cidadãos que a Renamo, que mesmo arrastando as massas, acaba não
fazendo nada. É por isso que digo que este conselho nacional não vai acabar
bem. Vai acabar como se nada tivesse acontecido. No mesmo discurso e na
instrumentalização da violência. Começa a ficar fora de moda.
PS1: É possível
resolver o diferendo eleitoral, com mútuas vantagens para as partes e para o
povo moçambicano. Mas isto é só possível se os assuntos forem tratados com
alguma ciência e diplomacia.
PS2: E deixe-me
dizer-vos mais. O Conselho Nacional da Renamo, à semelhança das reuniões do
MDM, são autênticos talkshop; ou seja, LOJA DE ORAÇÃO. Lá só se fala e muitas
vezes, só um orador, neste caso, o Presidente do Partido, é queM domina a
cerimónia. Não há documentos muito menos consequência sobre o que se decide.
Ao contrário da
FRELIMO, que tem documentos para análise, enviados muito antes da reunião,
discutem-se os documentos e produzem-se documentos finais, na Renamo não há
memória escrita. Apenas há memória, memorizada. As pessoas apenas se recordam
do que o líder dissera. Não há referência, menção de documentos publicamente
disponíveis para consulta! Enfim, para quem não acompanhar as notícias à saída
desta conferência, corre o risco de perder por completo a informação sobre o
que de lá se decidiu, à semelhança das outras conferências nacionais.
Desafio quem
tiver as decisões dos últimos congressos, conferências ou outro tipo de
encontros da Renamo, a apresenta-los para que também possamos consultar.(Dr.
Egidio Vaz in facebook)
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