Da “Pereira do Lago”, as
celebrações antecipadas já devem estar acontecendo. Há gente decidida a não
aprender, mesmo quando os melhores professores se esforçam por transmitir
lições de sapiência e de razoabilidade. Estamos perante uma luta titânica pela
manutenção do poder a qualquer meio e custo.Uma mascarada de democracia formal
e baseada em falsos legalismos procura desvirtuar a verdade eleitoral e negar
aos moçambicanos uma paz e estabilidade de que tanto necessitam.São os rubis, o
gás, petróleo, ouro e ferro, carvão falando mais alto.
Na RDC é o coltan e o ouro
que determinam que a carnificina não conheça fim.
Em Angola são os diamantes e
o petróleo.
No Zimbabwe são os
diamantes, ouro e crómio.
No Mali, Libéria,
Guiné-Conacri, na Mauritânia, na Líbia, no Sudão, o petróleo, urânio e ouro
entram na equação dos políticos, e nada trava guerras pelos recursos.
Uma oportunidade perdida em
Moçambique?Tudo indica que caminhamos a passos largos para novas confrontações devido
a desentendimentos graves quanto aos resultados eleitorais.Ao invés de vermos
os órgãos da Justiça trabalhando para harmonizar o clima, tem-se juristas de
alto gabarito esgrimindo teses legalistas que alimentam conflitos.Barack Obama,
com as suas pretensões de colocar os EUA na liderança do mundo, está falhando a
olhos vistos em África. O Departamento de Estado americano, ao optar pela
diplomacia silenciosa e invisível, está dando azo para que os ex-beligerantes
retornem às armas e coloquem a segurança de milhões em causa.Portugal e Itália,
Grã-Bretanha e África do Sul não mostrando liderança.
A tese da “soberania
nacional” não faz mais sentido numa situação propensa para a explosão.Há que
ver acção acontecendo hoje e não amanhã. A soma de recursos necessários para
preservar a paz dever surgir e ser colocada ao serviço da PAZ em Moçambique.Ter
uma missão de verificação de um acordo de cessar-fogo enquanto outra guerra se
prepara vertiginosamente, não só é insensato, como um autêntico insulto aos direitos
políticos, sociais e económicos de milhões de cidadãos deste martirizado país.Aqui
não faz falta polidez, fineza, boas maneiras e hipocrisia que abundam no meio
diplomático.Queremos ver acções realistas de contenção dos aventureiros que
podem levar a que as hostilidades retornem a Moçambique.
Quem quer pescar nas “águas
turvas” moçambicanas?
Uma máquina eleitoral
inquinada e inclinada com suporte em esquemas que configuram impunidade
judicial jamais produziria resultados eleitorais diferentes dos que foram
anunciados.Alguém sentado em frente de um computador terá sido encarregue de
receber informações, números, e manipulá-los de modo a que o vencedor
previamente escolhido fosse o vencedor.É um erro colossal sobrepor os
interesses de um pequeno grupo de pessoas aos mais legítimos interesses de
milhões de concidadãos.O que se passa em Moçambique configura o conluio de um
grupo que reconhece que o seu mundo ruiria se abandonasse o poder.Agora que até
se diz que existem “cartões amarelos” exibidos à Frelimo, os que assim dizem se
esquecem de Changara e Mutarara. O voto popular já exibiu o cartão há muito
tempo a este partido histórico, mas que perdeu fôlego e se desnorteou ao
abandonar os seus próprios estatutos. Fazer votar “mortos”, estrangeiros,
encher urnas e falsificar editais, coagir a PRM/FIR a agir contra os
opositores, instruir o STAE/CNE e o CC para deliberarem a seu favor pode levar
à vitória, mas também pode conduzir a cenários dantescos.Diz a sabedoria
popular que quem brinca com o fogo acaba queimando-se.De nada servirá a eloquência
e o alegado brilhantismo e sabedoria de figuras históricas quando a violência
“encomendada” chegar.A promiscuidade institucional não permite que haja
demarcação e responsabilização dos que actuam abertamente contra a lei.Faz tudo
parte da mesma equipa, e a actuação é coordenada ao mais alto nível, sem dar
espaço a que exista possibilidade de descarrilar o comboio da opulência e da
transgressão quotidiana. Um por cento dos moçambicanos não pode ter o poder de
impor a 99%. Ou alguém pensa que isso é possível? (N.Nhantumbo)
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