O presidente americano Barack Obama anunciou quarta-feira 17, às 20
horas no horário de Maputo, um novo capítulo nas relações entre os Estados
Unidos e Cuba, assinalando que já é hora de acabar com "um enfoque
antiquado sobre a ilha comunista". "Através dessas mudanças, tentamos
criar mais oportunidades para os povos americanos e cubanos e iniciar um novo
capítulo", afirmou.Falando em cadeia nacional, Obama também anunciou que
os Estados Unidos vão rever a designação de Cuba como Estado patrocinador do
terrorismo e que vai discutir no Congresso a suspensão do embargo aplicado
contra Havana, destacando que isolar a ilha não atingiu seus objectivos.A
notícia da aproximação chegou na sequência da libertação por Cuba de Alan
Gross, de 65 anos, um empreiteiro americano mantido prisioneiro por cinco anos
sob acusações de espionagem, e de um suposto agente americano não identificado.
Em troca do segundo prisioneiro, os Estados Unidos libertaram três supostos
espiões cubanos. Ambos os lados haviam apontado a libertação de seus cidadãos
como pré-condição para a abertura de negociações.Na sequência da troca de
prisioneiros, autoridades americanas informaram que o presidente Barack Obama
estava pronto para negociar os termos para reabrir a embaixada dos Estados
Unidos em Cuba, que está fechada desde 1961. "Está claro que décadas de
isolamento dos Estados Unidos a Cuba não alcançou o nosso objetivo
permanente de promover a ascensão de uma Cuba democrática, próspera e
estável", informou a Casa Branca.
No seu anúncio, o presidente cubano Raúl Castro disse que, numa
conversa por telefone com Obama, na terça-feira 16, "acertamos o
restabelecimento das relações diplomáticas" com os EUA. O Presidente
Cubano, no entanto, lamentou que seja mantido o bloqueio económico sobre a
ilha. "Acertamos o restabelecimento das relações diplomáticas. Isto não
quer dizer que o principal tenha sido resolvido: o bloqueio econômico",
acrescentou.Raúl Castro expressou que a decisão de Obama de mudar a política
com Havana depois de meio século, anunciada na mesma hora em Washington pelo
presidente americano, merece "respeito e reconhecimento". "Esta
decisão do presidente Obama merece respeito e reconhecimento do nosso
povo", afirmou.Obama e Castro agradeceram o apoio do papa Francisco e do
governo canadense no processo de aproximação entre Cuba e Estados Unidos.
"Quero agradecer o apoio do Vaticano e especialmente do papa
Francisco", afirmou Castro, que sucedeu no comando do país seu irmão,
Fidel Castro, afastado do poder por motivo de saúde em 2006 no único país
comunista do Ocidente.
Os Estados Unidos impuseram um embargo comercial contra
Cuba - o inimigo da Guerra Fria mais próximo de sua costa - em 1960 e os dois
países não têm relações diplomáticas desde 1961. O embargo prejudica a economia
da ilha caribenha, mas não conseguiu derrubar o governo comunista liderado
pelos irmãos Castro.
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