Para a aprovação da lei, a sociedade civil teve uma contribuição/intervenção fundamental. Por isso, é importante referir que, em parte, os propósitos desta acção foram alcançados, como sejam: a aprovação da própria lei; a consagração de algumas matérias consideradas importantes; e sobretudo o facto do “Pacote Legislativo Anti-Corrupção” estar a conhecer avanços significativos na aprovação das propostas que abarca. No entanto, o processo de advocacia não deve ficar por aqui. Há que ter novas formas de intervenção se atendermos que existem duas importantíssimas leis que ainda não foram revistas, mormente o Código de Processo Penal e o Código Penal. São dois instrumentos de suma importância para o reforço do quadro legal anti-corrupção, sobretudo por serem portadores de importantes matérias ligadas à investigação da criminalidade no geral e dos crimes de corrupção em particular e por abarcarem novos tipos legais de crimes de corrupção, em consonância com os instrumentos legais internacionais ratificados por Moçambique.Leia A Q u i.
sexta-feira, novembro 30, 2012
quinta-feira, novembro 29, 2012
Renamo contra Frelimo e MDM
A Assembleia da República (AR), o parlamento
moçambicano, aprovou a resolução que obriga a Comissão da Administração Pública, Poder Local e Comunicação Social a
depositar, até a próxima Sexta-feira, a magna casa, os projectos de lei de
revisão do pacote eleitoral.Esta decisão recai sobre a III informação
desta comissão que diz haver falta de progressos na busca de consensos a nível
das chefias das três bancadas parlamentares em matérias como a composição da
nova Comissão Nacional de Eleições (CNE).Com o posicionamento alcançado
por voto a favor da bancada da Frelimo, o partido governamental, e a do
Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a mais pequena formação política das
duas da oposição parlamentar, os deputados terão tempo aceitável para se prepararem
para o debate e aprovação da legislação em sessão plenária.
A legislação já revista poderá ser aprovada até 23 de Dezembro próximo, data
prevista para o término da presente sessão plenária.
Este instrumento, já revisto, deve ser concluído para que seja usado nas
eleições autárquicas que deverão ocorrer até Outubro de 2013. Em 2014,
Moçambique será palco das eleições presidenciais e legislativas. A Renamo, o maior partido da
oposição, continua a defender a partidarização dos órgãos eleitorais, incluindo
a CNE, contra a proposta da Frelimo e do MDM de tornar os órgãos eleitorais
mais profissionais ou menos partidarizados. A
posição da Renamo, que incluiu tentativas de arrastamento do processo, alegando
procura de consensos, tornaria impossível aprovar-se a nova lei ainda este ano
e, consequentemente, comprometeria a realização das eleições autárquicas de
2013.Há cerca de dois anos que a Comissão da Administração Pública,
Poder Local e Comunicação Social da AR está a rever o pacote eleitoral, nomeadamente
no tocante ao recenseamento eleitoral, a CNE, e ao Secretariado Técnico da
Administração Eleitoral (STAE).
A legislação eleitoral moçambicana é em geral considerada relativamente boa, mas a sua aplicação tem-se revelado muito
deficiente, marcada por interpretações discutíveis, influenciadas por
interesses do partido no poder, ou, pelo menos, em benefício desse partido. Se é evidente
que a revisão da legislação eleitoral pode contribuir para melhorar o ambiente
e as práticas eleitorais, tornando-as mais conformes aos princípios que devem reger as eleições
democráticas, é igualmente evidente
que isso depende, em grande medida, dos órgãos que têm a responsabilidade de organizar e dirigir os
processos eleitorais, no caso moçambicano em especial a Comissão Nacional de
Eleições (CNE). Pela sua importância capital, e porque a questão da CNE e do
Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) têm sido dos assuntos que no
processo eleitoral mais têm suscitado um aceso debate público, a questão dos
órgãos de gestão eleitoral é a primeira abordada no presente texto. São igualmente
abordadas algumas questões relativas ao recenseamento eleitoral, que é o elemento de
base sobre o qual se edifica o processo da escolha dos representantes
políticos, às assembleias de voto e à votação e, finalmente, à contagem e apuramento de
resultados. Em geral, são aqui
retomadas ideias que foram sendo apresentadas em vários textos e intervenções durante os últimos anos e
que reflectem, para além da experiência própria, algumas recomendações feitas
em diversos relatórios de grupos de observadores eleitorais que têm acompanhado
a realização das eleições em Moçambique.Os detalhes AQUI.
quarta-feira, novembro 28, 2012
saiba "+" da agricultura moçambicana
As culturas alimentares
básicas ocupam cerca de 4,4 milhões de hectares de terra em Moçambique, cifra
que corresponde a cerca de 79 da área total cultivada no país, revela o Censo
Agro-pecuário (CAP) divulgado hoje, em Maputo, pelo Instituto Nacional de Estatística
(INE).O CAP mostra que a agricultura moçambicana continua meramente de
subsistência e pouco orientada ao mercado. As culturas de rendimento apenas
ocupam 321 mil hectares, ou seja cerca de seis por cento da área total
cultivada no país. Uma análise desagregada por região mostra que
os cereais constituem o grupo de culturas mais praticadas pelas explorações
agro-pecuárias em Moçambique, mas a sua importância é mais saliente na zona
centro, enquanto as raízes e tubérculos são mais importantes no norte do país. As culturas básicas ocupam a maior área
cultivada no país com cerca de 57 por cento da área total cultivada.
Dentro destas, os cereais têm maior destaque com cerca de 54 por cento da área
cultivada com culturas alimentares básicas, seguindo-se as leguminosas com 25
por cento da área e por último as oleaginosas com 11 por cento. No grupo dos cereais o milho é a cultura básica mais importante, ocupando uma
área de cerca de 69 por cento da área cultivada com cereais. A mapira é a segunda cultura mais importante do grupo e em último
a mexoeira com apenas dois por cento da área cultivada com cereais. No grupo das
leguminosas, o feijão nhemba é a cultura mais importante e ocupa 45 por cento
da área cultivada com leguminosas e o feijão jugo apenas nove por cento da área
cultivada com leguminosas.
Nas oleaginosas o amendoim é a única cultura básica e ocupa 11 por cento da
área cultivada com culturas alimentares básicas e cerca de sete por cento da
área total cultivada no país. Comparando-se os dois censos concluiu-se que
não houve alterações significativas no que concerne a importância dos grandes
grupos das culturas alimentares básicas, continuando os cereais os mais
importantes e dentro destes o milho com maior área cultivada. Regista-se um aumento nas áreas cultivadas
para diferentes culturas, mas em termos de área média por exploração não houve
grandes alterações, destacando-se a cultura do arroz que passou de 0,3 hectares
por exploração para 0,5 hectares. O milho,
embora tenha aumentado a sua área, a média por exploração diminuiu de 0,6 para
0,5 hectares.
“Quanto ao uso
de práticas agrícolas que permitam o aumento da produtividade, continuamos num
nível muito baixo. O uso da rega anda nos cinco
por cento o que significa que o cultivo das culturas alimentares básicas ainda
está hipotecado a quantidade e distribuição de chuva que cai numa determinada
campanha agrícola. O uso de pesticidas não é excepção, rondando nos dois por
cento e, por último, quatro por cento para o uso de fertilizantes”, refere o
CAP. Com o CAP
pretende-se fornecer informação sobre culturas alimentares básicas em
Moçambique, bem como mostrar as mudanças estruturais ocorridas nos últimos 10
anos relativamente a área de produção, número de explorações e o uso de práticas
agrícolas. Esta informação serve para orientar o
governo, sector privado, organizações-não-governamentais e os demais agentes de
desenvolvimento na elaboração de políticas e planos que concorram para a
segurança alimentar e nutricional.
Opinião do economista João Mosca
Existem discursos
muito diferentes sobre a situação económica do país e, sobretudo, sobre os
modelos de crescimento e desenvolvimento que estão em prática. O discurso
oficial,os textos e intervenções de
académicos e os relatórios de organizações internacionais, revelam situações
muito diferenciadas. As diferenças não são apenas de natureza de política económica e de
estratégias de desenvolvimento mas começa na apreciação da evolução recente da
economia e na análise de diagnóstico da situação actual. Em resumo o discurso da governação tem ressaltado os avanços no acesso à
educação e à saúde. Há mais energia em casa dos cidadãos. Há mais rádios,
telemóveis e bicicletas. A produção de milho e mandioca aumentou. Existem 44
universidades e a quase totalidade dos docentes são moçambicanos. Existiram
grandes investimentos em infra-estruturas. Argumenta-se que Moçambique é um
país estável. O país é um dos principais destinos do investimento directo
estrangeiro. O crescimento económico tem sido elevado e “robusto”. Os académicos e outras individualidades referem essencialmente os seguintes
aspectos: o crescimento económico não se tem traduzido em maior equidade social
e redução da pobreza, pelo menos entre 2002 e 2008; o crescimento económico tem
agravado o défice da balança comercial e não se tem reflectido em receitas do
Estado através dos impostos (excepto nos últimos anos); os grandes
beneficiários do investimento das multinacionais não são o país, o orçamento do
Estado e os cidadãos das zonas onde os investimentos se realizam; o país vive
acima das capacidades de produção de riqueza sustentado por recursos externos;
existe delapidação dos recursos naturais; a agricultura não tem cumprido as
funções que lhe são acometidas constitucionalmente desde 1975; A acumulação
económica é realizada principalmente no exterior; a governação não tem exercido
as suas funções de Estado sobre a economia.
Algumas organizações e parceiros internacionais referem que Moçambique decaiu
no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano; semelhante apreciação é
apresentada em relação à competitividade da economia e no ambiente de negócios;
a necessidade de uma maior redistribuição dos incrementos da riqueza nacional;
a corrupção permanece alta e não existe medidas eficazes; a delimitação de poderes
é pouco clara; os direitos humanos são frequentemente não respeitados. Não existe convergência de argumentos entre os académicos e individualidades
nacionais e a comunidade internacional com os discursos e argumentos da
governação. Será que a sociedade civil e a comunidade internacional têm mais
acerto nos seus posicionamentos? Ou será o governo? Quais as razões de
posicionamentos tão diferenciados? Estes posicionamentos são fundamentados em
estudos e/ou investigação com metodologias e abordagens teóricas ajustadas?
O consenso pode não existir e dificilmente existirá porque existem factores
normativos e outros que influenciam os posicionamentos. E ainda bem que não
existe consenso. As ideologias, a formação em diferentes escolas de pensamento,
as vivências pessoais e a experiência profissional, os interesses económicos e
de poder, entre outros, podem influenciar os discursos, os estudos e os
posicionamentos individuais ou de determinados colectivos. Mas uma coisa é
consenso em cada posicionamento com teoria de suporte, estudos empíricos para a
fundamentação e discurso ou escritos coerentes, e outra coisa são discursos não
fundamentados e que pretendem iludir ou enganar pessoas em defesa de poderes e
interesses económicos.
O debate seria importante porque poderia aproximar posições, mobilizar vontades
e cada um entender melhor os posicionamentos dos demais. Mas também existe o
risco de não haver aproximação e então haveria necessidade de tolerância,
aceitação das diferenças e convivência na pluralidade.
Propõe-se assim que os responsáveis pelos ministérios económicos aceitem o
debate que se realizaria durante dois dias, de forma aberta (acesso livre), com
órgãos de informação em directo, com entre 4 e 6 temas da actualidade económica
e social a acordar, sem protocolos excessivos, com igualdade de tempos entre as
partes envolvidas, assim como de outras regras próprias de debates públicos.
Naturalmente que cada uma das partes elegeria quem seriam os oradores. O debate
não seria objecto de algum aproveitamento político partidário ou governamental,
antes, durante e depois dos debates. As moderações seriam realizadas por
pessoas de comprovada imparcialidade e aceites pelas diferentes partes em
debate.
Apenas como
exemplo, podem-se considerar temas importantes:
- Política económica, estabilidade económica e padrões de acumulação.
- Crescimento, equidade e pobreza.
- Investimento directo estrangeiro, multinacionais, extracção de recursos naturais e desenvolvimento.
- A agricultura no desenvolvimento de Moçambique e segurança alimentar.
- Instituições, governação, democracia e desenvolvimento.
- Políticas direccionadas para as pequenas e médias empresas e o empresariado nacional.
- Investimento em capital humano e de conhecimento: o ensino superior e a investigação.
- Relações externas dependência e desenvolvimento.
Esta proposta pode ter vários destinos e cada um com os respectivos
significados. O primeiro é não se obter qualquer reacção, o que demonstraria
falta de humildade democrática, insegurança, arrogância e desrespeito por posicionamentos
não convergentes. Seria uma má imagem para a sociedade. A segunda possibilidade
seria a governação económica aceitar a proposta e impor condições de tempos,
não respeito pelas regras de debate público que assegure equilíbrio entre as
partes em discussão ou a procura de influenciar os oradores e/ou moderadores.
Esta seria a forma cínica e manipuladora de aceitação. A terceira seria a de
aceitar os debates com humildade democrática, um sinal de tolerância e de
vontade de compreender as diversas abordagens para delas se poder corrigir ou
melhorar determinados aspectos da governação.
Esta proposta pode não se cingir à área económica. Os domínios do ensino e da
educação, da cultura e das artes, da cooperação, da democracia e da governação,
da justiça, entre outras, são igualmente importantes para a sociedade e o
desenvolvimento integral do país e dos cidadãos.
A carta tem um direccionamento não preciso, isto é, não são indicados cargos
pessoas e organismos do Estado. Isto por três razões: primeiro porque o
proponente tem dúvidas sobre a quem especificamente dirigir a carta; segundo
porque uma iniciativa individual como esta, se dirigida a alguém, poderia ser
interpretada sob diferentes pontos de vista; terceiro, o não direccionamento
pode simultaneamente cair no vazio e ninguém assumir alguma iniciativa mas
também pode ser motivo de alguma troca de opiniões entre os destinatários. A
motivação do proponente não é outra senão reconhecer a importância do debate
sobre o desenvolvimento do país.
terça-feira, novembro 20, 2012
Presidente mais pobre do mundo!
O Presidente José
Mujica vive numa casa modesta e doa maior parte de seu salário. Apesar de ser chefe de Estado, ele abre mão de todos os
luxos atrelados ao cargo e vive em numa casa simples, nos arredores de
Montevidéu, que é vigiada por apenas dois seguranças oficiais. Quase todo seu
salário de presidente (equivalente a 360 mil meticais) é doado a instituições
de caridade. O presidente gosta de cultivar
hábitos simples, fazendo pequenos consertos pela casa, dirigindo o seu “VW” ano
1987 e brincando com sua cadela, que tem um problema em uma das patas. A oposição uruguaia, porém, diz que a recente
prosperidade económica do país não resultou em melhores serviços públicos, e
pela primeira vez desde sua eleição, em 2009, Mujica viu sua popularidade cair
abaixo de 50%. Ao mesmo tempo, o país ganhou
atenção internacional por ter descriminalizado o aborto e por discutir actualmente
a legalização da maconha. Ele acredita que
uma vida com poucas posses é uma resposta ao consumismo exacerbado dos dias atuais.
Oiça o Presidente “Pepe”....
segunda-feira, novembro 19, 2012
Depois dos pilotos...
Um breve comunicado de imprensa emitido pela LAM na noite de domingo anuncia o
fim da greve, depois de ter sido alcançado um acordo que satisfaz ambas as
partes. O comunicado não revela mais pormenores. Os grevistas, cerca de
70, reivindicavam o pagamento de subsídios e por trabalho nocturno, seguro de
vida, entre outras regalias.
A reivindicação mais séria é a alegada falta de seguro de vida. Contudo, a
direcção da LAM refuta estas alegacões. João Abreu, administrador técnico
administrativo da LAM, assevera que a LAM, com as suas certificações
internacionais, jamais voaria sem seguros de vida. Abreu lamenta o
desconhecimento disto por parte dos grevistas, explicando que os seguros são
colectivos e não individuais. Sobre os aumentos salarias, Abreu disse que
o assunto já foi resolvido e que a partir de Janeiro do próximo ano haverá um
aumento salarial entre 22 a 35 por cento.
Assim, o voo Maputo-Johanesburgo escalado para a manhã de domingo a LAM usou um
avião do tipo Boeing 737 alugado a Africa do Sul e operado por uma tripulação
sul-africana, ao invés do Embraer-190 da companhia aérea moçambicana.
A ligação Maputo Dar-es-Salam sofreu um atraso de mais de uma hora, levando
como assistentes de bordo duas chefes dos grevistas.A LAM também confiou os
seus voos para as cidades da Beira e Quelimane a sua subsidiária MEX. Porém, já
não foi possível resgatar a ligação Maputo-Lichinga-Nampula que teve ser
cancelado. A foi reprogramada para a tarde de segunda-feira. A LAM
ainda não divulgou os prejuízos causados.
quarta-feira, novembro 14, 2012
Também queremos comer bem!
O líder do principal partido da oposição em Moçambique (Renamo),
Afonso Dhlakama, que, em 1992, assinou o acordo de paz com o partido no poder,
ameaçou hoje “destruir” o país, se o Governo não responder às suas exigências.Vinte anos após ter
deposto as armas como um dos líderes da guerra civil moçambicana, Afonso
Dhlakama disse, em entrevista à agência francesa AFP, que poderá voltar a
recorrer à violência, se o Governo da Frelimo não partilhar a riqueza e não
reformar o sistema eleitoral.
“Estou a treinar os
meus homens e, se for necessário, sairemos daqui para destruir Moçambique”,
afirmou o líder da guerrilha que lutou, entre 1977 e 1992, numa guerra civil
que causou um milhão de mortos.
Já a 02 de
novembro, em entrevista à agência Lusa, na sua base, na Gorongosa, Afonso
Dhlakama se tinha queixado de "injustiças e humilhações", desde que
foi assinado o Acordo Geral de Paz para Moçambique, a 04 de outubro de 1992, em
Roma.Sob a égide da
Comunidade de Sant'Egídio, o acordo pôs termo a 16 anos de guerra civil entre a
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Governo da Frente de Libertação
de Moçambique (Frelimo), introduzindo um sistema multipartidário no país.
“Mas, mesmo assim,
eu não estou arrependido, só que estou preocupado porque somos atacados
militarmente até hoje, somos excluídos de tudo e espezinhados", acusou.
Realçando que a sua
postura tem evitado que Moçambique resvale para situações "como a Somália
ou os Grandes Lagos", admitiu, na altura, que nem sempre é compreendido no
seio do seu partido.
“A própria Renamo
acusa-me de estar a comer com a Frelimo", disse à Lusa.
Hoje, à AFP,
Dhlakama disse que, se as suas exigências não forem respeitadas, o país poderá
ficar dividido outra vez.
“A situação não
pode continuar assim. Estamos a pensar pedir a divisão do país. A Frelimo fica
com o sul e nós ficamos com o centro e o norte”, sugeriu.
Realçando que
prefere uma solução pacífica, avisa que não tem medo de bloquear o crescimento
económico de Moçambique. “Preferimos um país pobre a ter pessoas a comer do que
é nosso”, sublinhou.Dhlakama diz que
está farto do “roubo” dos recursos do país, patrocinado pelo Governo da
Frelimo. "Queremos dizer a [Armando] Guebuza [Presidente de Moçambique]:
‘Estás a comer bem. Nós também queremos comer bem’.”O líder da Renamo
defende ainda uma reforma do sistema eleitoral, para prevenir a fraude.
A Renamo é o maior
partido da oposição no Parlamento, com 51 lugares, mas tem perdido apoios desde
1999.
quinta-feira, novembro 08, 2012
Secretário-executivo da SADC na Gorongosa?

Segundo as fontes da Renamo, a ida de Tomaz Salomão ao
acampamento de Dhlakama acontece depois de uma outra delegação de emissários do
Governo da Frelimo, ter sido recusada por Afonso Dhlakama a entrar em
Gorongosa, por alegadamente antes não ter feito contacto com os canais que o
líder da Renamo usa a partir de Maputo, para pessoas que pretendem contactar.Segundo foi dado a
conhecer, os referidos emissários foram recusados porque pretenderam
encontrar-se com Afonso Dhlakama através de contactos feitos a partir da cidade
da Beira, província de Sofala.O líder da Renamo encontra-se nas montanhas de
Gorongosa desde o passado dia 17 de Outubro deste ano, quando para lá se
deslocou para celebrar os 36 anos da fundação da Renamo e 33 anos da morte do
primeiro comandante, André Matade Matsangaisse. (B Álvaro)
Comunistas avisam os seus alunos de que...
"Se
não lidarmos bem com este assunto [a corrupção], isto pode tornar-se fatal para
o partido, e até causar o colapso do partido e a queda do Estado", alertou
Hu Jintao, que está de saída do cargo. O discurso de abertura, dirigido a 2268
delegados oriundos de todo o país, fez a apologia dos últimos dez anos de vida
do regime que, segundo Hu Jintao, deve fazer todos os esforços para combater a
corrupção, segundo noticia a agência de notícias chinesa Xinhua.
"Os
responsáveis políticos, em qualquer posição, mas especialmente os de topo,
devem respeitar o código de conduta para uma governação transparente",
frisou Hu Jintao, que será substituído no final deste Congresso, após uma
década na Presidência. "Eles [os responsáveis políticos] devem exercer uma
auto-disciplina rígida e fortalecer a educação e a supervisão sobre as famílias
e os seus gabinetes e nunca deverão procurar privilégios", prosseguiu o
ainda líder chinês, segundo a mesma agência oficial chinesa. O congresso do
PCC, ou "grande reunião" como lhe chamam na China, realiza-se de
cinco em cinco anos, em Pequim. De dez em dez anos, como sucede agora em 2012,
é escolhida a liderança política, nomeado o Politburo do Comité Central e a
respectiva Comissão Permanente. Hu Jintao terá como sucessor o actual
vice-presidente, Xi Jinping, que se tornará o novo secretário-geral do PCC e
Presidente da China no final deste congresso que durará uma semana.
Nos últimos
meses, o escândalo de corrupção que envolvia um alto quadro como Bo Xilai e a
família deste (expulso do Comité Central) estiveram no centro das atenções
mediáticas. E duas semanas antes do congresso, uma reportagem sobre a riqueza
amealhada por figuras de proa do regime, como o primeiro-ministro, Wen Jiabao,
causou largo incómodo na China, que bloqueou mesmo o acesso via Internet ao
jornal The New York Times e às pesquisas nos motores de busca sobre este tema
na restante imprensa mundial.
Hu Jintao
nunca falou de nenhum caso concreto – nem no nome de Bo Xilai, que chegou a ser
visto como um possível substituto do Presidente –, mas não deixou de defender a
importância de uma gestão limpa. "Todos aqueles que violarem a disciplina
do partido e as leis do estado, sejam quem forem, seja qual for a posição ou o
poder, devem ser levados à justiça sem perdão", insistiu Jintao,
defendendo que o PCC deve "assegurar a igualdade de tratamento" para
todos face à disciplina. "Não pode haver excepções", conclui, num
discurso optimista em que prometeu riqueza ao povo chinês.
No
longo discurso, Hu Jintao prometeu continuar os "esforços activos e
prudentes" para reformar a estrutura política e tornar mais extensiva a
democracia popular”, mas assegurou que Pequim “nunca irá copiar o sistema
político ocidental”. Sobre a economia, o líder cessante disse que o caminho é o
"socialismo chinês". "A questão do caminho que tomamos é vital
para o partido e para o futuro da China, para o destino da nação e o bem estar
do povo", sublinhou, exaltando a escolha feita nas últimas décadas como o
caminho correcto, de acordo com a agência Xinhua. Para lidar com as
circunstâncias difíceis "tanto no plano interno como no plano
externo", com "o fosso entre pobres e ricos a alargar", foi
possível à China construir uma "sociedade moderadamente próspera",
disse Hu Jintao, de acordo com o jornal The New York Times.quarta-feira, novembro 07, 2012
"O melhor está por vir"
Olá, Chicago!
Se alguém aí ainda
dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se
pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que
ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.
Sasha e Malia amo
vocês duas mais do que podem imaginar. E vocês ganharam o novo cachorrinho que
está indo conosco para a Casa Branca.
Ganhou força das
pessoas não tão jovens que enfrentaram o frio gelado e o ardente calor para
bater nas portas de desconhecidos, e dos milhões de americanos que se
ofereceram como voluntários e organizaram e demonstraram que, mais de dois
séculos depois, um Governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da
Terra.
Lembremos que, se
esta crise financeira nos ensinou algo, é que não pode haver uma Wall Street
(setor financeiro) próspera enquanto a Main Street (comércio ambulante) sofre.
Nasceu apenas uma
geração depois da escravidão, em uma era em que não havia automóveis nas
estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois
motivos - por ser mulher e pela cor de sua pele.

É a resposta dada
pelas filas que se estenderam ao redor de escolas e igrejas em um número como
esta nação jamais viu, pelas pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas
delas pela primeira vez em suas vidas, porque achavam que desta vez tinha que
ser diferente e que suas vozes poderiam fazer esta diferença.
É a resposta
pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos,
negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais,
incapacitados ou não-incapacitados.
Americanos que
transmitiram ao mundo a mensagem de que nunca fomos simplesmente um conjunto de
indivíduos ou um conjunto de estados vermelhos e estados azuis.
Somos, e sempre
seremos, os EUA da América.
É a resposta que
conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem
céticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as
mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direção à esperança de um
dia melhor.
Demorou um tempo
para chegar, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições,
neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA.
Esta noite, recebi
um telefonema extraordinariamente cortês do senador McCain.
O senador McCain
lutou longa e duramente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e duramente
pelo país que ama. Agüentou sacrifícios pelos EUA que sequer podemos imaginar.
Todos nos beneficiamos do serviço prestado por este líder valente e abnegado.
Parabenizo a ele e
à governadora Palin por tudo o que conseguiram e desejo colaborar com eles para
renovar a promessa desta nação durante os
próximos meses.
Quero agradecer a
meu parceiro nesta viagem, um homem que fez campanha com o coração e que foi o
porta-voz de homens e mulheres com os quais cresceu nas ruas de Scranton e com
os quais viajava de trem de volta para sua casa em Delaware, o vice-presidente
eleito dos EUA, Joe Biden.
E não estaria aqui
esta noite sem o apoio incansável de minha melhor amiga durante os últimos 16
anos, a rocha de nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama
da nação, Michelle Obama.

Apesar de não estar
mais conosco, sei que minha avó está nos vendo, junto com a família que fez de
mim o que sou. Sinto falta deles esta noite.
Sei que minha
dívida com eles é incalculável.
A minha irmã Maya,
minha irmã Auma, meus outros irmãos e irmãs, muitíssimo obrigado por todo o
apoio que me deram. Sou grato a todos vocês. E a meu diretor de campanha, David
Plouffe, o herói não reconhecido desta campanha, que construiu a melhor
campanha política, creio eu, da história dos EUA da América.
A meu estrategista
chefe, David Axelrod, que foi um parceiro meu a cada passo do caminho.
À melhor equipe de campanha formada na história da política. Vocês tornaram isto realidade e estou
eternamente grato pelo que sacrificaram para conseguir. Sobretudo, não esquecerei a quem realmente pertence esta
vitória. Ela pertence a
vocês. Ela pertence a vocês.
Nunca pareci o
candidato com mais chances. Não começamos com muito dinheiro nem com muitos
apoios. Nossa campanha não foi idealizada nos corredores de Washington. Começou
nos quintais de Des Moines e nas salas de Concord e nas varandas de Charleston.
Foi construída
pelos trabalhadores e trabalhadoras que recorreram às parcas economias que
tinham para doar US$ 5, ou US$ 10 ou US$ 20 à causa.Ganhou força dos
jovens que negaram o mito da apatia de sua geração, que deixaram para trás suas
casas e seus familiares por empregos que os trouxeram pouco dinheiro e menos
sono.

Esta é a vitória de
vocês. Além disso, sei que
não fizeram isto só para vencerem as eleições. Sei que não fizeram por mim. Fizeram porque
entenderam a magnitude da tarefa que há pela frente. Enquanto comemoramos esta
noite, sabemos que os desafios que nos trará o dia de amanhã são os maiores de
nossas vidas - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira em
um século.
Enquanto estamos
aqui esta noite, sabemos que há americanos valentes que acordam nos desertos do
Iraque e nas montanhas do Afeganistão para dar a vida por nós.
Há mães e pais que
passarão noites em claro depois que as crianças dormirem e se perguntarão como
pagarão a hipoteca ou as faturas médicas ou como economizarão o suficiente para
a educação universitária de seus filhos.
Há novas fontes de
energia para serem aproveitadas, novos postos de trabalho para serem criados,
novas escolas para serem construídas e ameaças para serem enfrentadas, alianças
para serem reparadas. O caminho pela
frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não consigamos em um ano
nem em um mandato. No entanto, EUA, nunca estive tão esperançoso como estou
esta noite de que chegaremos.
Prometo a vocês que
nós, como povo, conseguiremos.
Haverá percalços e
passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou política
minha quando assumir a presidência. E sabemos que o Governo não pode resolver
todos os problemas. Mas, sempre serei
sincero com vocês sobre os desafios que nos afrontam. Ouvirei a vocês,
principalmente quando discordarmos. E, sobretudo, pedirei a vocês que
participem do trabalho de reconstruir esta nação, da única forma como foi feita
nos EUA durante 221 anos, bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada
sobre mão calejada.
O que começou há 21
meses em pleno inverno não pode acabar nesta noite de outono.
Esta vitória em si
não é a mudança que buscamos. É só a oportunidade para que façamos esta
mudança. E isto não pode acontecer se voltarmos a como era antes. Não pode
acontecer sem vocês, sem um novo espírito de sacrifício.
Portanto façamos um
pedido a um novo espírito do patriotismo, de responsabilidade, em que cada um
se ajuda e trabalha mais e se preocupa não só com si próprio, mas um com o
outro.

Neste país,
avançamos ou fracassamos como uma só nação, como um só povo. Resistamos à
tentação de recair no partidarismo, na mesquinharia e na imaturidade que
intoxicaram nossa vida política há tanto tempo.
Lembremos que foi
um homem deste estado que levou pela primeira vez a bandeira do Partido
Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre os valores da auto-suficiência
e da liberdade do indivíduo e da união nacional.
Estes são valores
que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata conquistou uma grande
vitória esta noite, fazemos com certa humildade e a determinação para curar as
divisões que impediram nosso progresso.
TAnnen MAury,
eFeComo disse Lincoln a uma nação muito mais dividida que a nossa, não somos
inimigos, mas amigos. Embora as paixões os tenham colocado sob tensão, não
devem romper nossos laços de afeto.
E àqueles
americanos cujo apoio eu ainda devo conquistar, pode ser que eu não tenha
conquistado seu voto hoje, mas ouço suas vozes. Preciso de sua ajuda e também
serei seu presidente.
E a todos aqueles
que nos vêem esta noite além de nossas fronteiras, em Parlamentos e palácios, a
aqueles que se reúnem ao redor dos rádios nos cantos esquecidos do mundo,
nossas histórias são diferentes, mas nosso destino é comum e começa um novo
amanhecer de liderança americana.
A aqueles que
pretendem destruir o mundo: vamos vencê-los. A aqueles que buscam a paz e a
segurança: apoiamo-nos.
E a aqueles que se
perguntam se o farol dos EUA ainda ilumina tão fortemente: esta noite
demonstramos mais uma vez que a força autêntica de nossa nação vem não do
poderio de nossas armas nem da magnitude de nossa riqueza, mas do poder
duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e firme
esperança.
Lá está a
verdadeira genialidade dos EUA: que o país pode mudar. Nossa união pode ser
aperfeiçoada. O que já conseguimos nos dá esperança sobre o que podemos e temos
que conseguir amanhã.
Estas eleições
contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante
séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em
Atlanta.
Ela se parece muito
com outros que fizeram fila para fazer com que sua voz seja ouvida nestas
eleições, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Esta noite penso em
tudo o que ela viu durante seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a
luta e o progresso, às vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas
que se esforçaram para continuar em frente com esta crença americana: Podemos.
Em uma época em que
as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela
sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem-se e estenderem a mão para
votar. Podemos.
Quando havia
desespero e uma depressão ao longo do país, ela viu como uma nação conquistou o
próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de
propósitos comuns. Podemos. Quando as bombas
caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para
testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva.
Podemos.
Ela estava lá pelos ônibus de Montgomery, pelas mangueiras de irrigação em Birmingham, por uma
ponte em Selma e por um pregador de Atlanta que disse a um povo: “Superaremos”.
Podemos.
O homem chegou à
lua, um muro caiu em Berlim e um mundo se interligou através de nossa ciência e
imaginação. E este ano, nestas
eleições, ela tocou uma tela com o dedo e votou, porque após 106 anos nos EUA,
durante os melhores e piores tempos, ela sabe como os EUA podem mudar.Podemos.
EUA avançamos
muito. Vimos muito. Mas há muito mais por fazer. Portanto, esta noite vamos nos
perguntar se nossos filhos viverão para ver o próximo século, se minhas filhas
terão tanta sorte para viver tanto tempo quanto Ann Nixon Cooper, que mudança
virá? Que progresso faremos?
Esta é nossa
oportunidade de responder a esta chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa
vez.
Para dar emprego a
nosso povo e abrir as portas da oportunidade para nossas crianças, para
restaurar a prosperidade e fomentar a causa da paz, para recuperar o sonho americano e
reafirmar esta verdade fundamental, que, de muitos, somos um, que enquanto
respirarmos, temos esperança.
E quando nos
encontrarmos com o ceticismo e as dúvidas, e com aqueles que nos dizem que não
podemos, responderemos com esta crença eterna que resume o espírito de um
povo: Podemos.
Obrigado. Que Deus
os abençoe. E que Deus abençoe os EUA da América.
Clique http://expresso.sapo.pt/grafico-resultados-das-eleicoes-nos-eua=f764520 para ver os resultados
Clique http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/11/121106_galeria_obama_romney_ru.shtml para ver as fotos comparativas da vida dos dois candidatos
Clique http://expresso.sapo.pt/grafico-resultados-das-eleicoes-nos-eua=f764520 para ver os resultados
Clique http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/11/121106_galeria_obama_romney_ru.shtml para ver as fotos comparativas da vida dos dois candidatos
terça-feira, novembro 06, 2012
"Tugas" surpreendem naquilo que melhor sabem fazer!
domingo, novembro 04, 2012
Cateme: o passado que não passa!
Mahatma Ghandi já
dizia que “aquele que não é capaz de se governar a si mesmo, não será capaz de
governar os outros”.A sessão de informações ao Governo (na semana passada) veio
mais uma vez mostrar que a mentira anda de mãos dadas com a Frelimo e a sua implicação
na forma como vamos construindo este País, que se diz albergar um povo que na
língua de uns teima em ser “maravilhoso”, muito em função da sua generosidade
em proporcionar aos políticos, principalmente aos que estão no poder, uma vida
muito folgada sem precisarem de trabalhar. Mas cá por mim é um exercício de
pura demagogia da nossa parte esperar um debate político de qualidade com
gente, regra geral, de má qualidade.Quando o primeiro-ministro, Alberto
Vaquina, foi estrear-se no parlamento aquando das informações do Governo,
solicitadas pelas bancadas parlamentares, houve uma tremenda coincidência.
Enquanto Vaquina falava de Cateme, eu estava em Cateme e escutava o debate em
directo.Escutei o ministro a dizer – o que aliás acabou por ser reproduzido por
todos os órgãos de comunicação social – que a vida da população de Cateme não
tem comparação com qualquer outro povoado de Tete; Em Cateme há casas
melhoradas; Em Cateme vive-se bem; Que em suma a população de Cateme anda feliz
da vida porque o Governo de que Vaquina é primeiro-ministro e ex-governador
salvou-o.Ouvi isso enquanto conversava com um casal com três filhos que
lamentava para mim o “inferno” que vivem naquele deserto chamado Cateme.
Lamentavam que não tinham nada para comer porque em Cateme nada se produz e o
terreno é composto por rochas e pedras. Lamentavam que quando foram obrigadas a
abandonar as suas terras nem tiveram tempo de levar o gado que tinham.
Lamentavam que em Cateme nada fazem, se não sentir calor e dormir, de resto, únicas
actividades possíveis, naquele deserto propositadamente edificado.Pessoalmente
sempre quis ter uma noção muito aproximada daquilo que a bíblia tem descrito
como inferno, em contraposição ao paraíso. Gostaria de saber como é que era o
tal de inferno para onde, segundo a sagrada escritura, é enviado quem é dado
todas as oportunidades de arrependimento pelas suas transgressões, mas não o
faz por mera negligência. Não precisei de morrer. Tive apenas de ir a
Cateme.Confesso que de Cateme só tinha ouvido falar e visto fotografias
horripilantes de cidadãos indefesos torturados pela Polícia Política, a FIR.
Mas desta vez já não era um texto que eu tinha de editar ou dar-lhe
enquadramento. Era a fotocópia do inferno que me era dada para fiscalizar e
confirmar-lhe a autenticidade. E a honestidade empurrou-me ao óbvio: Era
verdadeiro. Era a triste realidade de Cateme que estava diante dos meus
olhos.Assim como nos contos infernais não se trata do núcleo das chamas
ardentes sem caracterizar-lhes o percurso até lá, nesta crónica não cometeremos
o erro de redacção básica, de falar do fim sem tratar o percurso. A ida a
Cateme, aliás, a descida ao inferno, tem o seu aviso à navegação na rica vila
(município) de Moatize. São certinhos 50 quilómetros até lá. Faltando 15 minutos
para lá chegar um incomum posto policial de controlo chama a atenção. Dois
agentes da Força de Intervenção Rápida (a polícia política), um agente da
Polícia de Trânsito, e dois agentes da Polícia de Protecção. Mude de raciocínio
se estiver a pensar que te vão pedir a carta de condução, a ficha de inspecção,
o comprovativo da taxa de radiodifusão, BI ou qualquer outra burocracia que só
a corrupção institucionalizada da polícia pode explicar. Nada disso. Querem,
mais é, saber se vais a Cateme e o que lá vais fazer e a mando de quem? Como eu estava com um alto funcionário do
Estado a nível provincial, deixaram-me seguir a viagem. Pelo caminho só via
pedras, numa zona praticamente sem condições de habitabilidade. A entrada para
Cateme tem uma placa que anuncia o reassentamento. Foi aí que comecei a
perceber afinal porquê é que os governantes fazem das tripas o coração, para
defender a “invejável” qualidade das obras em Cateme. É que quem construiu as
precárias casas de Cateme é a Empresa de Construção Civil Ceta, uma firma
ligada ao presidente da República e do partido Frelimo. Mas facto é que as
casas de Cateme, construídas pela Ceta, não são casas, algumas são guaritas
onde vivem até cinco pessoas. Para quem conhece Tete é só imaginar como é que
pode um indivíduo viver numa guarita coberta de chapas de zinco com a
temperatura a atingir os 45 graus. O casal com que falei pondera a
possibilidade de deixar aquele deserto à procura de terras de cultivo onde
podem erguer uma cabana melhor que as casas construídas pela empresa do
chefe.Em Cateme não há transporte. Foi-me informado que o único meio de
transporte que lá existia pertencia a Vale que o retirou logo que o Governo
começou a aplaudir o reassentamento.O hospital, a escola e o posto policial
construídos em Cateme não substituem o deserto que aquilo é. Não substitui a
comida que a população quer. Não substitui o gado que a população criava e
vendia para o seu sustento. Não lhes substitui a autonomia e dignidade humana.Portanto,
entendo quando o primeiro-ministro diz que Cateme vai às mil maravilhas. Sei
que nem o senhor acredita nisso. O mandaram assim dizer, porque é proibido
dizer o contrário no partido. Se é que o primeiro-ministro foi governador de
Tete e já foi a Cateme, sei que sabe que tudo o que disse no parlamento é
mentira. Mentiu porque o instruíram a mentir para não continuar a ser um
simples médico num desses distritos, onde quem tem água potável é o
administrador e o primeiro secretário do partido. Sei que conhece o inferno que
a população de Cateme vive, muito por culpa da aliança Frelimo/Vale. Aquele que
não é capaz de se governar a si mesmo (ser honesto, falar verdade, discordar
com o errado), não será capaz de levar a verdade aos outros.Quanto aos deputados
principalmente da oposição – porque os da Frelimo o contrário não se podia
esperar – não fizeram o trabalho de casa. Se calhar nem conhecem Cateme. Quando
se fala de trabalho de círculo eleitoral os deputados vão às barracas beber ou
preferem levar os filhos às praias num daqueles famosos Nissan Navara que o
povo, incluindo a população de Cateme, pagou. E quando assim é, só vão ao
parlamento levantar o cartão de voto e esperar pelo salário no fim do mês,
atitude que no fundo em nada difere da dos que levaram a homens, mulheres e
crianças, sem direito à escolha e foram jogar num inferno chamado Cateme. A
diferença é que uns estão no poder e outros na oposição. (M. Guente)
Subscrever:
Mensagens (Atom)