quinta-feira, março 15, 2012

"Tenham muito a perder antes da instabilidade ”

A ex-primeira-ministra, Luísa Diogo, disse, última sexta-feira, em Maputo, que o problema do crescimento económico não inclusivo é muito é sério, sendo necessário tomar medidas urgentes para que as pessoas se sintam parte deste crescimento económico e evitar-se que recorram a actos de violência em reclamação de uma melhor redistribuição da riqueza nacional. “Este é um problema sério em Moçambique. Nós iniciámos o processo em 1996 e em 2002 tivemos um resultado (positivo), depois do primeiro Plano de Acção para Redução de Pobreza Absoluta (PARPA). Em 2004, tivemos um segundo resultado (positivo), depois do segundo PARPA, e de repente começamos a cair. Isto quer dizer que alguma coisa está a acontecer no país, porque estamos a crescer nos indicadores macroeconómicos, mas estamos a ter problemas de distribuição”, explicou a antiga governante. Luísa Diogo, que é também economista, alertou ainda que os problemas de distribuição não se resolvem administrativamente, por isso, “não vale a pena acusarmo-nos administrativamente”, sendo necessário evitar expressões como “você está a levar mais que eu”, pois “macroeconomicamente não se resolve assim”. Recorde-se que o plano do Governo era reduzir a pobreza até 45%, em 2009. No entanto, os dados o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) apontam que a mesma agravou 0.6%, entre 2002/2003 e 2008/2009, passando para 54,7%. Para Diogo, que falava no Fórum de Crescimento Económico de Moçambique-2012 (um evento promovido pelo Centro de Crescimento Internacional), este problema (pobreza) resolve-se através de políticas que são aplicadas para que haja distribuição de riqueza e inclusão social. “E isto é urgentíssimo, num momento em que estamos a ter recursos naturais disponíveis para o país. Isto toca a questão da pobreza urbana, assim como da pobreza rural e a questão das políticas que já existem, devendo a sua aplicação ser célere”, realçou. “O grande desafio sério que Moçambique tem para os próximos anos já não é apenas a maior produção na área de recursos minerais, é, sim, um crescimento económico abrangente e inclusivo, para permitir que os moçambicanos se sintam todos parte deste crescimento económico e que não haja um sentimento de exclusão, de modo a que os moçambicanos, quando chegar a hora da verdade, tenham muito a perder antes e embarcarem para qualquer instabilidade social”, aconselhou Luísa Diogo, primeira-ministra da República de Moçambique, entre Fevereiro de 2004 e Janeiro de 2010.

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