Mais de oito mil pessoas perderam a vida, nos últimos cinco anos, em todo o país, e outras 16.181 contraíram ferimentos graves, em consequência de 23.823 acidentes de viação. Estes números foram tornados públicos no decurso da reunião nacional de escolas de condução promovido pelo Instituto Nacional dos Transportes Terrestres (INATTER).O encontro, de um dia, que contou com a participação de pouco mais de 300 pessoas, tinha por objectivo não a identificação dos culpados pelo elevado índice de sinistralidade nas estradas moçambicanas, mas a busca de possíveis soluções, em conjunto, para a redução de casos de acidentes. Segundo os dados em Moçambique ocorrem anualmente, em média, cinco mil sinistros, resultando na morte de 1.700 pessoas, o que é considerado pelo INATTER como sendo grave. No ano passado, os gráficos baixaram ligeiramente, mas a situação continua preocupante. Durante 2011 registaram-se 3.461 acidentes, contra 4.547 de 2010, o que significa uma redução de 1.180 casos.Em termos de mortes, foram 1.726, no ano transacto, menos 237 em comparação com o período anterior. As províncias com mais acidentes, no período de 2010/11, são cidade de Maputo (871), Maputo província (719), Sofala em terceiro com 373 e Nampula, em quarto, com 274 casos. No que se refere às mortes por acidentes de viação, Nampula figura em primeiro lugar com 235, contra 228 de Sofala, em segundo, e 210 da província de Maputo. Nas estatísticas do INATTER, os acidentes mais frequentes são do tipo atropelamento, representando cerca de metade do total dos que ocorrem nas estradas moçambicanas; choques entre carros e despistes. Em geral, a faixa etária entre 18 e 45 anos é a que mais se envolve em acidentes. “O acidente ocorre quando se verifica uma ruptura entre os diversos componentes do trânsito, nomeadamente o utente (condutor, passageiro ou peão), o veículo, a via e o ambiente”, lê-se no documento.No quadro de fiscalização rodoviária, a polícia passou, no ano passado, 421 485 multas correspondentes a 287 milhões de meticais, sendo 62.883, equivalentes a 80 milhões (32 por cento), pagas e 71.650 por executar, no valor de 175 milhões (68 por cento). Na tentativa de busca de possíveis soluções para a redução dos acidentes de viação, alguns dos presentes deram algumas sugestões. Luís Munguambe, vice-presidente da FEMATRO, lamentou o mau comportamento de alguns automobilistas na via pública e chamou a atenção no sentido de mudarem de atitude.Outras sugestões foram de que as escolas de condução devem fazer esforço no sentido de melhorar a qualidade do ensino de condução, o que passa pela fiscalização apertada, colocando alguns inspectores a acompanhar as aulas, quer teóricas, quer práticas.O director-geral do INATTER, chamou a atenção para a necessidade daqueles estabelecimentos de ensino acabarem com cenas de corrupção envolvendo instrutores, examinadores e outros.Disse que a maior parte das escolas está a fazer um bom trabalho, mas que o mesmo fica manchado pela conduta da minoria.Na ocasião, a polícia de trânsito foi severamente criticada por aceitar subornos, em troca de impunidades. Um participante disse na ocasião que os agentes da PT devem aceitar os subornos, mas que não devem deixar de actuar, posicionamento que foi muito saudado pelos presentes.A outra questão que foi levantada e que é tida como estando por detrás dos acidentes de viação é o facto de a maior parte dos condutores afectos ao serviço semi-colectivo de passageiros não possuir qualificações para o efeito.De acordo com a lei em vigor, os motoristas dos vulgos chapa cem deviam ter a carta de condução de serviço público, o que não acontece.Deu-se o exemplo do recente acidente de viação que matou nove pessoas e feriu 11 na zona de Vulcano, no bairro do Aeroporto, na capital, em que o motorista do “chapa” envolvido no sinistro tirou a carta de condução em Outubro do ano passado e que, por isso, está a conduzir há cinco meses.A propósito, os gestores das escolas de condução chamaram atenção à polícia de trânsito no sentido de assumir as suas responsabilidades no âmbito da fiscalização rodoviária, não permitindo situações destas que acabam em acidentes graves.
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