Como o senhor qualificaria as relações entre os Estados Unidos e a Suíça?
Wally Herger: Elas são muito importantes. Eu tenho orgulho das minhas raízes, pois a Suíça sempre foi líder em termos de democracia. Neste momento, a economia suíça é uma das raras a ser sólida. Os suíços equilibram seu orçamento e nós teríamos muito para aprender com eles em matéria de gestão.E ao longo da história, a Suíça sempre foi um grande amigo dos Estados Unidos. Por seu lado, os Estados Unidos são o maior investidor estrangeiro na Suíça e o segundo maior comprador de produtos suíços. Portanto, temos relações muito boas e intensas.
O senhor é membro da comissão de finanças públicas da Câmara dos Deputados, encarregada de redigir as leis sobre a tributação no país. O escândalo da evasão fiscal que atinge certos bancos suíços não teria abalado as relações bilaterais?
W.H.: Certamente. Aqui as pessoas acreditam que todos devem pagar seus impostos e que ninguém deveria violar a lei, pois isso aumenta a pressão sobre aqueles que pagam em dia seus impostos. Dito isso, temos feito progressos consideráveis para resolver esse problema e poder continuar a honrar a tradição bancária secular dos suíços de maneira a responder às suas necessidades como também às nossas. Nós mostramos que somos capazes de falar e encontrar soluções. Isso reflete a força dos laços que unem nossas duas nações.
Os Estados Unidos têm uma dívida que ultrapassa 15 trilhões de dólares. A responsabilidade desse enorme fardo não é compartilhada entre os presidentes Bush e Obama, entre os republicanos e democratas?
W.H.: Absolutamente! É preciso considerar o problema através desse ângulo. Estamos todos no mesmo barco e precisamos examinar conjuntamente o problema. No momento atual temos divergências muito importantes sobre a maneira de tratar o problema, mas é certo que esses grandes déficits foram acumulados tanto nas presidências republicanas como democratas. Ninguém escapa às críticas. Agora é necessário superar isso e descobrir como solucionar o problema.
A dívida e a economia, em geral, vão dominar a campanha para as eleições presidenciais e legislativas em novembro de 2012?
W.H.: Correto! Nós vivemos a mais longa crise econômica desde a grande depressão. Se a população não deve viver além dos seus recursos, por que o governo deve fazê-lo? As pesquisas de opinião mostram que esse problema preocupa os americanos e, no que diz respeito ao meu partido, nosso grande objetivo é de falar dele.
O "Tea Party" teve um papel determinante na reconquista da Câmara dos Deputados pelos republicanos em 2010. Ora, o apoio popular a esse movimento ultraconservador caiu. O "Tea Party" terá um papel importante nas eleições de 2012"?
W.H.: Todo o grupo ativo e implicado na seleção e eleição de representantes terá um papel importante. O Tea Party se preocupa em ter um governo responsável, capaz de controlar as despesas. Ele não será um fator decisivo, mas será um dos grupos que contribuirão a decidir quem será eleito.
E o movimento "Occupy Wall Street"?
W.H.: Eu preferiria que eles propusessem mais soluções. Eu gostaria de vê-los trazer mais coisas positivas.
Qual é o candidato republicano à Casa Branca que o senhor apoia?
W.H.: Eu gosto de todos os candidatos republicanos, mas daria meu apoio a Mitt Romney. Frente à sua experiência no desenvolvimento e na reestruturação de empresas de baixo desempenho, frente à maneira como ele conseguiu transformar os Jogos Olímpicos de Salt Lake City (endividados) em um sucesso financeiro, é o tipo de pessoa que nós precisamos.
O senhor é mórmon como Mitt Romney. Segundo as pesquisas de opinião, inúmeros americanos, incluindo também republicanos, consideram a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias como uma seita e dizem que não votariam em M. Romney, pois ele é mórmon. Ele será capaz de superar esse obstáculo?
W.H.: Sim, eu creio. Lembro-me que quando John Kennedy se apresentou, havia preocupações pelo fato dele ser católico. Alguns pensavam que não seria possível confiar nele e, portanto, ele ganhou. Penso que, no final das contas, os americanos serão justos e julgarão cada candidato, questionando se ele será um bom presidente ou não.
Barack Obama herdou problemas muito difíceis e sua popularidade está, hoje em dia, tão baixa como a de Jimmy Carter no mesmo estágio do seu primeiro e último mandato. O presidente poderá ganhar as eleições?
W.H.: Absolutamente. O candidato à reeleição sempre é o favorito, forçosamente. Penso que se ele for reeleito, será um desastre para nós. Seus três primeiros anos no poder resultaram em um colapso total no plano econômico. Ele chegou afirmando que iria impedir que o desemprego chegasse à marca de 8%. Hoje já temos 9% durante praticamente toda a sua presidência.Quanto à dívida, ela aumentou de 3 a 4 trilhões de dólares desde a sua chegada ao poder. Mas temos também a sua política de forma geral. Falando disso, não há dúvidas que ele ainda conta com muito apoio da opinião pública e o fato de ser um candidato à reeleição o favorece.
Marie-Christine Bonzom, swissinfo.ch
Washington
Adaptação: Alexander Thoele
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