Falta o acordo de paz com os expropriados da terra e os assassinados pelos acordos com as multinacionais dos combustíveis fósseis, das pedras preciosas, das plantações; falta o acordo de paz com trabalhadores sem emprego ou em condições precárias de trabalho, com os informais, com os abandonados à sua sorte na actual pandemia, com os que vivem de segurança social miserabilista ou sem qualquer segurança social; falta o acordo de paz com os trabalhadores da educação e da saúde, com a educação e a saúde, com os estudantes e com os doentes, com a ciência ao serviço da sociedade; falta o acordo de paz com os deslocados de guerra e com as famílias dos assassinados de todos os lados; falta o acordo de paz com os moçambicanos que estão a pagar dívidas ilícitas, que viram a idoneidade e a integridade da moçambicanidade postas em causa e que perderam a soberania sobre partes do território e sobre os recursos, a economia e a política;
falta o acordo de paz
com homens ambulantes e desprezados, com velhos abandonados, com mulheres
violentadas, com jovens carne para canhão, com os cidadãos transportados como
sacos, com crianças que crescem na poeira destes desastres sociais; falta o
acordo de paz com a verdade, a idoneidade, a integridade, a igualdade social, o
respeito pelas diferenças humanas, a substituição da tolerância pelo ideal de
igualdade, a liberdade de ser quem se é e de ser, de pensar e de expressar
diferente; falta o acordo de paz com a solidariedade e o internacionalismo;
falta o acordo de paz com a natureza; falta o acordo de paz com a história;
faltam quase todos os acordos de paz importantes.
Estes acordos de paz talvez pudessem eliminar
as condições estruturais que criam a política armada, desactivar o terror e a
violência sistémicas como formas de exercício do poder, evitar a guerra e o
terrorismo como formas principais de política activa, e evitar ter de assinar
contínuos acordos de paz com os revoltados e rebeldes armados, ou com
terroristas e assassinos.
São acordos de paz na luta de classes. O
problema é que não podem existir, os acordos de paz, sem que as tensões e
contradições nas relações de produção e de poder sejam resolvidas.
(Por C Nuno C-B in facebook)
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