segunda-feira, agosto 23, 2021

Herdar erros e gerir expectativas

João Ferreira que foi apelidado pelos munícipes de Chimoio de “Mandevu Manunure”, substantivo em língua Tewe, que em português significa “o barbudo salvador”, confiado como um dirigente que podia mudar a vida dos munícipes no que tange ao provimento de emprego aos jovens, melhoramento de vias acesso em toda urbe, recolha de lixo até as zonas periféricas entre outras promessas feitas durante a campanha eleitoral em 2018. Nota-se um pouco por todos munícipes de Chimoio, um elevado nível de insatisfação pelo actual edil desta urbe, pois este sentimento é notório até aos próprios funcionários do Conselho Municipal desta cidade, uma vez que esta direcção nada faz em benefício dos munícipes, facto que levanta inúmeras questões ao lema deste organismo que é: por uma melhor qualidade de vida para os munícipes de Chimoio. Aos olhos de muitos munícipes, o conselho municipal de Chimoio apenas reabilitou e construiu monumentos históricos, praças e algumas vias de acesso que são obras de oferta de empresariado local.

“Esse Ferreira dele só faz praças e fica por ai a desfilar na internet, nós vamos comer praça? Os nossos filhos vão trabalhar nessas praças? Onde está o verdadeiro trabalho que esse município está a fazer, que nos prometeu na campanha eleitoral? Quando é para ser votado até vem aqui no mercado ajoelhar”, disse Joana Joaquim, munícipe entrevistada pelo Zambeze.

“Nós até estamos com saudades de Conde, estávamos habituados pelo trabalho de nada que ele fazia, mas fazia alguma coisa visível, então nós não estamos a ver trabalho de Ferreira, eu pessoalmente me sinto burlado por esse presidente, nos ludibriou para depositar voto nele só”, afirma Mário João, munícipe de Chimoio. Falando em exclusivo ao semanário Zambeze, o académico e jornalista moçambicano, Nelson Benjamim, afirma que houve má gestão nas expectativas com a entrada da nova liderança na autarquia de Chimoio em 2019, porque os munícipes depositaram uma demasiada confiança na edilidade, mas no caso concreto, pouco trabalho se vê. “Aqui há um misto de sentimentos, é um meio de frustração e meio de satisfação, as pessoas depositaram uma confiança e tiveram uma expectative alta, mas vêem agora suas expectativas serem goradas apesar de que há realizações não podemos negar, mas as expectativas são goradas, o caso concreto é da erosão, parece não haver uma solução concreta por parte da edilidade, estamos a falar do bairro cinco, Nhamaonha entre outros, a edilidade não avança uma solução concreta”, disse Nelson Benjamim.

O académico avança que nota-se um aparente trabalho que vem sendo levado a cabo pela edilidade, mas no caso concreto de melhoria, pouco se faz, ademais, volvidos dois anos e meio de ciclo de governação, Chimoio não está num nível desejado se comparado com as promessas feitas durante a campanha eleitoral. “Pela cidade há muitas obras, há sempre lançamento das primeiras pedras, mas pouco são concluídas essas obras, nesses dois anos e meio, pouco se viu a inauguração de determinadas obras, a única coisa que pode-se ressalvar aqui foi com a celebração do dia 17 de Julho em que se teve a inauguração de uma e outra infra-estrutura, mas eu acredito que ainda há mais por fazer”, acrescenta a fonte.

Recorde-se que a edilidade adquiriu no mês de Dezembro do ano passado, um leque de equipamento composto por máquinas e camiões, components para constituir a empresa municipal, que iria responder as necessidades de outros municípios da província de Manica e zona centro do país, em termos de infra-estruturas, mas até ao momento não se sabe a real função deste equipamento considerado moderno e de ponta. “Não se percebe ate que ponto uma cidade como esta tem este equipamento, mas ate aqui diz-se que se aguarda pelos chineses para montage e entrada em funcionamento, enquanto não entra as pessoas vão vivendo piores cenários em determinados bairros ou seja as pessoas não conseguem chegar em suas residências em dias de chuva, mesmo tendo viatura, as pessoas ate deixam viaturas no centro da urbe por que eles não têm vias apropriadas ara chegar as suas residências”, disse Benjamim. 

Nelson Benjamim finaliza que outros desafios da edilidade é a falta da iluminação pública, pois o município deve firmar uma parceria com a EDM para ajudar a reduzir a criminalidade que ocorre na calada das noites, pois também o conflito de terra é outro problema que tende a se registar cada vez mais, pois na sua opinião, se deve combater este mal que pode se repercutir negativamente doravante.

O semanário Zambeze entrevistou outras figuras de relevo da cidade de Chimoio em Manica, como é o caso do analista social e arquitecto, Kelvin Uaila este que defende que o mandato do João Ferreira esta sendo um sucesso, acreditando que a imagem desta cidade está sendo elevada positivamente em tod aprovíncia, no pais e pelo mundo inteiro. “Temos agora vários serviços melhorados, vários mercados bem organizados, parques renovados, modernizados, o serviço de limpeza acho que melhorou. Vias rodoviárias no centro da cidade a ser melhoradas, contudo no centro da cidade muita coisa mudou para o melhor”, disse Kelvin Uaila.

A época chuvosa já se avizinha e, as vias de acesso ainda continuam esburacadas e lamacentas nos bairros, facto que leva a nossa fonte a desafiar a edilidade tomar em consideração este aspecto, “esse é um desafio forte mesmo do município, pois precisa ser muito flexível em resolver uma vez que só no centro da cidade de Chimoio é que tem ruas asfaltadas e pavimentadas”, finaliza o analista e arquitecto Kelvin Uaila. Outro aspecto que vai em contra mão com o programa de governação de João Ferreira, é a corrupção e extorsão perpetradas pelos agentes da polícia municipal nos mercados e aos moto-taxistas desta urbe, facto que cria revolta por parte desta camada social.

Esta segunda-feira, mais de 100 moto-taxistas amotinaram-se fronte ao edifício do conselho autárquico de Chimoio, em reivindicação da má actuação da polícia municipal, liderada por João Ferreira. “Apolícia municipal está a trabalhar de uma maneira muito ilegal, quando encontra mota parada, eles só chegam e tiram as chaves, e começam a pedir dinheiro que não consigo fazer de receita de um dia, caso contrario parqueiam a mota e passam uma multa de 2 a 4 mil meticais”, disse Zeca Pintos, moto-taxista de Chimoio. Depois de manifestação de transportadores semi-colectivos de passageiros ocorridos há um mês e meio em Chimoio, esta de moto-taxistas é a segunda em reivindicação da má actuação da polícia municipal na via pública deste território municipal.

 

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