O académico e reitor da
Universidade A Politécnica, Professor Lourenço do Rosário, entende que a deterioração da tensão política e militar no país resulta, basicamente, do
facto de as duas partes contendoras não terem conseguido ainda reunir
inteligência suficiente para identificar e priorizar as reais necessidades do
país. Para do Rosário, no dia que os políticos conseguirem identificar o que é
realmente importante para o povo irão se sentar à mesa e discutir aquilo que
deve ser discutido, assegurando, deste modo, que o bem comum prevaleça. A
abordagem de Lourenço do Rosário foi feita indicando que o problema reside
também no facto de, nalgum momento, os políticos pensam que podem chegar a
consensos absolutos, quando a realidade e a história mostram e provam que tal
desiderato não é possível. Ou seja, citando Joaquim Chissano e recorrendo a
história, do Rosário anotou que o primeiro presidente da Frelimo, Eduardo
Mondlane não reuniu consensos nas decisões importantes que tomou a favor do
povo, mas tinha conseguido identificar o que efectivamente era importante para
esse mesmo povo. O mesmo aconteceu, segundo do Rosário, com Samora Machel e
Joaquim Chissano. Estes também não reuniram consensos (até no seio do seu
próprio partido) em relação a decisões importantes que deviam e foram
efectivamente tomadas. Nisto, Lourenço do Rosário adverte que o Presidente da
República, Filipe Nyusi, na busca de soluções para trazer de volta a paz
efectiva ao país não vai conseguir consensualizar todas as opiniões, mas a
falta de unanimidade não pode significar o não avanço para se decidir por este
ou aquele caminho no âmbito da busca da paz. “Aquilo que relatei do trajecto de
Chissano para acabar com a guerra, podemos dizer foi heróico. Até começou
antes, com Samora, com a assinatura do acordo de Nkomati. Não houve
unanimidade. Com presidente Chissano também não houve unanimidade dentro do seu
pró- prio partido. Então, o presidente Nyusi também não vai ter unanimidade,
mas o que é preciso é que haja clareza, quer da parte do presidente Nyusi, quer
da parte do líder da Renamo. O que os une é o povo e esse povo está a sofrer” –
disse do Rosário, chamando atenção para a necessidade de os políticos não
perderem tempo com a busca de consensos, mas sim com a priorização dos reais
interesses do povo. Questionado em relação ao que se poderia esperar nos próximos dias na mesa negocial,
Lourenço do Rosário mostrou-se esperançado, particularmente por acreditar na
franqueza e genuinidade do discurso do “queremos a paz, queremos diálogo e
ainda o discurso de que não queremos a guerra”, discurso esse que tem estado a
ser proferido pelos protagonistas do diálogo político.
0 comments:
Enviar um comentário