terça-feira, março 29, 2016
Partido Renamo volta a disparar
Os pecados de Mia Couto
Anda por aí a solta uma verborreia canina contra o Mia Couto. Foi parida na
geringonça da Renamo. O Mia anda a cometer pecados e devia se expiar
extenuamente. Ele não aproveitou a semana santa para essa empreitada porque
decidiu fazer uma ponte…entre a escrita e a sua paixão pela biologia. O Mia é
um traidor. Primeiro porque nasceu branco. Não devia. Depois por ter um irmão
chamado Fernando Amado Couto que, como se sabe, tem uma aliança empresarial com
o general Chipande, que hoje está no centro do poder em Moçambique. Esse laço
de sangue é uma fatalidade. O Mia devia se desunir do Amado Couto.

“Um partido político não pode, ao mesmo tempo, ter presença na Assembleia da
República e, por outro, possuir armas", disse Mia. E dizer o que pensa,
como tem sido seu apanágio, foi, para a intelectualidade da Renamo, um delito
de opinião. Mas Mia disse uma verdade insofismável. Com a mesma contundência
que usa quanto se atira contra as injustiças sociais, contra a acumulação
primaria de capital que se caracteriza em Moçambique pela apropriação do bem
publico por um certo grupo representativo das elites libertadoras.
Nos últimos anos, Mia tem se distanciado da matriz que caracteriza a Frelimo
dos nossos dias. Ele que foi um militante da causa, nos tempos de Samora,
abraçando ternamente a empreitada da construção de uma nova nação. E foi por
opção própria, consciente. Desde o primeiro minuto da nova nação em 1975, ou
mesmo antes disso, Mia optou pelo novo projecto nacionalista e contribuiu ate
onde pôde. E que diria essa intelectualidade da Renamo sobre Carlos Cardoso que
era um acérrimo critico do antigo movimento “rebelde”? Cardoso que foi
deportado em 1975 da África do Sul do apartheid para Portugal mas que 9 dias
depois estava a desembarcar em Mavalane para se juntar ao projecto, ao mesmo
tempo que seus pais faziam as malas porque não acreditavam na Frelimo
comunista?

Um grande abraço Mia. Espero que outros escritores e jornalistas e intelectuais
moçambicanos tambem te abracem contra esses ataques. Aguardo com tamanha expectativa!!! (M.Mosse in facebook)
Paz:a identificação do interesse do povo
segunda-feira, março 28, 2016
Já viu a guerra que eles têm?
“Exército de Moçambique é
exército de parada, de marcha. Não consegue acabar com o Sr. Dhlakama.” –
General José de Matos, antigo chefe do Estado-Maior General das FAPLA
“O Quénia é o exemplo dos africanos. É o 1º
país da África negra com milhões de habitantes, o maior exército, tinha pilotos
negros. E depois a Nigéria, com marinheiros de farda branca... E agora? Não
aguentam com uma guerrilha no deserto. Não conseguem acabar com uma guerrilha
no deserto. O exército todo que eles criaram... É como o exército zambiano! São
exércitos de parada, de marcha. É como o exército de Moçambique que foi
treinado por tanzanianos e por zambianos. Não consegue acabar com o Sr.
Dhlakama.
Moçambique é estreito. Você faz
um cerco como faziam os índios, cercavam aquilo para pegar o fogo... Não
conseguem acabar com o Dhlakama em Moçambique. Você olha aquele exército que
não tem nem sequer um albino. Nenhum mulato e nenhum branco. É igual ao
exército da Zâmbia. Não tem. Só pretos. Agora é preto contra preto. Preto
cristão, preto animista, preto muçulmano...
O Agostinho Neto quando mandou lá
um grupo a pedido do Presidente de Moçambique, na reunião, o Dangereux disse:
“Camarada Presidente, assim da cor do Matos, não vi lá nenhum”. Então o
Agostinho Neto disse “Então não vai lá ninguém”.
Qual é a guerra do povo que
querem fazer contra Dhlakama? Você manda lá uma Companhia aqui dos comandos e
acaba isso em 15 dias. Esse Dhlakama e tudo, vai tudo à vida.
A Companhia de Comandos que foi
ali no Zaire, aqui tal general, não foram todos varridos aí? É nossa companhia.
Mas esses de marcha de parada aqui do Zimbabwe e do Namibe, estavam para ser
apanhados vivos. Olha, um dia estava a falar com um guerrilheiro e esse disse:
“Oh chefe, eu estava lá e quando começou o avião a sair as garrafas de água, e
eu disse – isso é para quê - É para a gente beber; - mas você não tem o rio
aqui? Você bebe só na garrafa? Vai levar isso na guerra?” O nosso sargento a
admirar. “Essa tropa vai beber de garrafa?”. Está a ver! Nós estávamos a beber
mesmo a água do rio Zaire. É por isso que aquela guerra não acaba.”
Excertos da entrevista do Gen. José Maria Teixeira de Matos “Siliveli” à
LAC (Luanda Antena Comercial), 15 de Março de 2016.Saiba mais AQUI.
quinta-feira, março 24, 2016
Acabemos com isto!
Nós, os Bispos Católicos de Moçambique, reunidos em Assembleia extraordinária,
no Centro de Nazaré, Beira, aos 17 de Março de 2016, próximos da celebração da
Páscoa, que e a passagem de Jesus Cristo da morte a vida, passando pelo
sofrimento da sua paixão e cruz, queremos deixar-nos iluminar por esta fonte e
esperança.Com tristeza, temos de reconhecer que, no nosso pais, se multiplicam os
sinais de paixão e morte:
- Deterioração da tensão político militar;
- Continuas provocações e escaramuças, que semeiam morte e luto;
- Escalada de criminalidade, violência e raptos;
- Destruição de casas e de outras infra-estruturas sociais e económicas;
- Desestabilização do normal curso da vida, comprometendo actividade produtiva
e escolar;
- Crescimento do numero de famílias em situação de deslocados e refugiados;
- Intensificação e generalização do ambiente de desconfiança, e ódio, e
hostilidade;
- Seca, na região Sul, e nas zonas do centro.
- Chuvas intensas, principalmente no Norte do Pais, calamidades que comprometem
a produção
agrícola,
resultando no agravamento da situação de pobreza e fome.
Mas a Páscoa e a vitória da vida sobre a morte, do perdão sobre a ofensa. Deus
abre também para Moçambique o caminho da Páscoa, o caminho da Vida e da Paz.
Por isso, renovamos o nosso apelo, que lançamos, a 10 de Novembro de 2015:
- “O abandono absoluto das armas”;
- “ A retomada imediata do dialogo eficaz, entre as partes em conflito, envolvendo
outras forças
vivas da sociedade”.
Sejam esses os sinais da nossa escolha irrevogável da Vida.
Sejamos aliados da vida, e não da morte. Obedeçamos todos a palavra da
Escritura, que esta inscrita nos nossos cora9oes: “Não mataras!
Animados por este mistério de Vida e de Amor, endereçamos as Comunidades
Cristas e a todo o Povo Moçambicano votos de Feliz Páscoa, repleta de
Esperança, de Ressurreição e Vida.
Sobre todos invocamos a Luz de Cristo Ressuscitado, o Príncipe da Paz.
Beira, 17 de
Março de 2016
quarta-feira, março 23, 2016
Nunca digas nunca
“Nunca digas nunca.” Aprendi com os meus pais esse
provérbio que assentou na minha vida como uma luva, não muito diferente daquela
que hoje me protege do frio no Inverno belga.
“Antuérpia é a cidade mais feia que vi até hoje.” Foi
desta forma que expressei o que os meus sentidos me diziam aquando de uma breve
passagem pela cidade dos diamantes.
Enquanto outros colegas de trabalho procuraram o lado
mais inde Antuérpia, no
Sul, eu decidi assentar no Norte, em Borgerhout — também conhecido como
Borgeroco devido à vasta população marroquina.
Muçulmano que sou, apesar de nascido no Moçambique
português e criado em Portugal, fui à procura dos recantos que me ofereciam um
pouco da cultura que me completa.
A proximidade da comida halal e os locais de culto foram os factores determinantes.
“Como consegues viver nessa zona?”, perguntavam-me os meus colegas. E eu
respondia: “Da mesma forma que tu convives comigo, sem preconceitos e sem
medo.”
Sentia-me seguro, tanto no Norte como no Sul. A mesma
cidade que eu tinha achado feia deu-me uma verdadeira lição de integração e de
tolerância.
As explosões desta manhã em Bruxelas tocaram
fundo em vários corações — no meu, no dos belgas e no da Europa, que vê a sua
capital atacada de forma brutal, e no daquela maioria, muçulmanos ou não
muçulmanos, que está do lado do bem.
Milhares de pessoas como tu e como eu partiam para mais
um dia de trabalho quando as vidas de alguns se extinguiram para sempre num
breve momento. Muitos outros vivem agora rodeados de medidas de segurança,
enquanto os seus filhos esperam a hora certa para voltarem a casa.
O meu receio não é só o das explosões, mas também das
bombas que vão caindo das bocas daqueles que tanto têm de vítimas como de
ignorantes. O receio do que os meus filhos possam ouvir na escola, o impacto do
que isso possa ter na vida deles — os meus filhos, ainda mais do que eu,
cidadãos europeus.
A raiz de uma oliveira nunca dará um cacto, portanto a
raiz doIslam (salam — paz) não pode resultar
em guerra. (MOHAMMAD SHAKEEL USMANMIA /Responsável Comunicações Internas de TI na Opel Europa)
segunda-feira, março 21, 2016
Magnânimo é uma excelente qualidade para um presidente!
Foi logo pelas primeiras horas da manhã da última terça-feira que Iraê
Lundin abriu as portas do seu escritório, em Maputo, para falar ao SAVANA sobre
o último impasse que fecha os caminhos para a paz em Moçambique. Visivelmente
preocupada com a instabilidade que mata, destrói e força deslocações, a
académica diz que, apesar de vários doutoramentos que tem, não entende a
dificuldade de aceitar o que para ela nem é pré-condição, nomeadamente, a
mediação da Igreja Católica, do presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da União
Europeia no diálogo Governo-Renamo como propõe o partido de Afonso Dhlakama.
Diz a docente universitária que tal postura não diminui a posição de um
presidente da República, pelo contrário, mostra que é magnânimo, humilde e não
arrogante. Diz que não sabe onde, mas em algum lugar o presidente Filipe Nyusi
perdeu essa postura, acrescentando que ele seria muito mais admirado se pudesse
reiniciar o processo de diálogo com a Renamo, com cujo presidente reuniu por
duas vezes em Fevereiro de 2015. E é esse caminho do diálogo e da paz que
encoraja o presidente Nyusi a seguir. Com experiências amargas do passado, diz
que não há nada pior que a guerra. Considera horrível quando alguém luta com
outrem para depois encontrar aquelas pessoas e ver que elas não têm rabos, não
têm chifres, elas são iguais a si, têm os mesmos sonhos, as crianças delas são
da idade das suas e aí pergunta então porquê lutamos. Assim, metaforiza a
professora, se o problema for que um gosta do vermelho e outro gosta do
amarelo, então, que se faça um vestido vermelho-amarelo para que os dois fiquem
felizes. Na entrevista a este semanário, Lundin começa por recordar o fim da
dé- cada de 1980 e inícios de 1990, quando esteve de pedra e cal nos esforços
de busca da paz para um Moçambique dilacerado pela guerra civil entre os mesmos
autores que, novamente, estão desavindos, designadamente, o Governo da Frelimo
e o maior partido da oposição, a Renamo. “Tive a honra de participar no processo
de paz. Os meus trabalhos trouxeram material para repensar o Estado e fazer uma
parte das reformas que era necessária para que a paz pudesse ser abraçada e
principalmente pudesse ser consolidada” anota, em introdução. Fá-lo com
nostalgia porque, diz ela, nessa época havia muita abertura e interesse para,
realmente, construir a paz. “Não havia empecilhos, não havia que isso pode,
isso não pode. Considerava-se: se isso vai trazer a paz, então, pode. Era uma
visão muito interessante e foram mudanças substanciais. Não foram mudanças
pequenas, foram mudanças em todo o sistema político, económico, administrativo,
até a percepção de cultura mudou. Foi realmente uma coisa muito substancial e
para a equipa do presidente Chissano, porque achava que a paz era um bem
importantíssimo, não havia o que não podia. Tudo podia se no final do dia
fôssemos ter paz”, lembra com saudades.
A cultura era vista como folclórica e passou a ser vista como valorização
daquilo que é a consolidação da nossa personalidade. Não existia imprensa
privada, o sector privado, as organizações não governamentais, tudo isso não
existia antes”, cita algumas dessas reformas. Perguntamo-la que passos precisam
de ser tomados para que, tal como no passado, os moçambicanos se abra- çassem e
se sintam todos cidadãos no seu próprio país. Iraê Lundin dá exemplos e recorre
à metáfora. “Por exemplo, dialogar com mais gente dentro da sala. Qual é o
problema? É nossa tradição. Quando temos luta lá em casa há sempre um tio.
Quando o casamento não vai bem, há sempre uma madrinha. Essa é a nossa tradição
de ter alguém dentro da sala. Então, qual é o problema? Eu particularmente não
vejo nenhum se lá no fim do dia é para encontrar paz”, refere. Para a
objectividade, perguntamos a que pessoas se refere quando fala de tios e
madrinhas na sala do diá- logo e respondeu: “a Renamo quer que se ponha pessoas
( Jacob Zuma) e instituições (leia-se Igreja Católica e União Europeia) dentro
da sala. Qual é o problema? Eu nem vejo isso como uma condição. Eu sinto- -me
mais à vontade se vou com a minha madrinha. Então traga a sua madrinha, a sua
madrinha nem é nossa inimiga. A sua madrinha tem interesses na paz, então deixa
ela vir. Não consigo perceber. Com todos os doutoramentos que tenho, a minha
cabeça não consegue perceber qual é a dificuldade. Não consigo, com toda a
honestidade”. O que a docente entende é que, como se não bastasse, esses convidados
até são amigos de Moçambique. “África do Sul tem grande interesse neste
pipeline (a ligar Cabo Delgado e Gauteng) tudo o que eles não querem é que
tenha guerra aqui. Inclusive somos amigos. Eu até pergunto- -me porque a Renamo
vai buscar indivíduos que são tão amigas”, diz, reiterando que se há problemas
no casamento não é o casal sozinho que discute, vem a madrinha e se ela não
consegue vem mais gente para ajudar a ultrapassar o impasse. Até porque, para
ela, faz sentido que o partido de Afonso Dhlakama proponha a presença de
“madrinhas”, na mesa do diálogo. “Porque é que o presidente Nyusi começa um
diálogo e depois tudo fica assim?
Então, essa massa cinzenta que se criou entre o primeiro diálogo faz com
que a Renamo queira trazer as suas madrinhas dentro da sala. Eu não vejo, mas
não vejo nenhum mal. Nenhum”, destaca. As responsabilidades de um chefe de
Estado Para a nossa entrevistada, perante coisas muito fortes na nossa frente,
como o actual xadrez político-militar moçambicano, a cabeça tem de ser mais
inteligente e pragmática. Nestas situações, sublinha, os governantes têm de ser
mais inteligentes e, tal como no passado, é preciso que a cabeça seja usada
para mais do que só enfeitar o corpo. “Eu costumo dizer que é melhor você
entregar todos os anéis dos seus dedos, para manter os dedos porque anéis você
pode comprar de volta, mas dedos não”, assinala. Perante um cenário como o que
se vive no Moçambique de hoje, caracterizado por confrontações armadas, mortes
e destruição de bens e deslocação de homens, mulheres, crianças e velhos, a
académica entende que de um Chefe de Estado, no caso vertente, Filipe Nyusi,
exige-se que faça aquilo que ele disse que quer fazer e que começou a fazer há
cerca de um ano, quando se encontrou com o presidente da Renamo, Afonso
Dhlakama. “Ele entrou, encheu-nos de esperan- ça quando teve dois diálogos com
Dhlakama. Aí depois ataca-se a viatura do senhor (Dhlakama), tenta- -se matar.
Então, se puder resgatar o espírito daqueles diálogos que aconteceram no Indy
Village que o faça”, recomenda. Acrescenta que, mais do que resgatar o espírito
do diálogo, é preciso que o Chefe de Estado coloque alguma coisa em cima da
mesa. “A gente não convida alguém para ir lá para casa sem oferecer um chá. É
preciso pôr alguma coisa em cima da mesa. O presidente e a sua equipa podem
seguir exemplos, como fez Chissano que pôs em cima da mesa com Dhlakama, uma
nova Constituição, um conjunto enorme de leis, aquilo foi para cima da mesa e
também o senhor Dhlakama cedeu bastante. Houve cedências de parte a parte e é
isso que se chama negociação. Ninguém chega com a sua cesta vazia e sai com ela
totalmente cheia, não. Você chega com alguma coisa na sua cesta e o outro
também, até pode sair com o que chegou, mas mostrou que na sua cesta tinha alguma
coisa para oferecer”. Perante uma Renamo que está a reivindicar governar as
seis províncias do centro e norte de Moçambique onde reclama vitória nas
eleições de 2014, a entrevistada opina: “essa coisa de governar as províncias
seriam os dedos e, como sem dedos a gente não quer ficar, então, que se dê os
anéis que é pôr na sala a Igreja Cató- lica, Zuma e a União Europeia pelo menos
para iniciar o diálogo. Depois conversa, depois vamos ver o que se pode pôr na
cesta de parte a parte etirar”.
Avança que daí já se pode enveredar pelo menor denominador comum que não
crie problemas na governa- ção, um denominador comum que consistiria em aceitar
as “madrinhas” que, afinal, serão de parte a parte, ou seja, nem serão
advogados da Renamo. “Essa madrinha não é de um só, ela vai estar ali para
escrever o que foi acordado, etc., etc. É preciso que esteja alguém mais neutro
que não é nem de lado nenhum nem de outro, que quer a paz dos dois, tem esse
interesse”, explica. “Hoje a gente abre o rádio, está a falar, fala e fala.
Está bem, mas então, senhor, faz porque as pessoas estão a morrer. Há pessoas
deslocadas, casas queimadas, trânsito interrompido, então, é preciso olhar para
o bem maior”. Questionada se sentia que o presidente Nyusi estava a fazer algo
nesse sentido, respondeu que “ele pode fazer”. Tanto é que, na sua visão, aceitar
a presença da Igreja Católica, do Presidente sul-africano e da União Europeia
não diminuiu a milésima parte do Presidente da República. “Não vamos perder a
face se de repente aceitarmos que venha gente que não somos nós os dois. Isso
não diminuiu a posição do presidente da República, pelo contrário, mostra que é
magnânimo e ser magnânimo é uma excelente qualidade para um presidente da
República. Mostra que é humilde, também uma excelente qualidade, mostra que não
é arrogante, excelente qualidade. Então só ganha em postura”, apela, citando
Joaquim Chissano como aquele que pode ser, para Filipe Nyusi, um exemplo a
seguir. “O presidente Chissano hoje é um indivíduo respeitado no mundo inteiro.
Dentro das nossas comunidades aqui, quando ele passa parece um Deus, porque aos
nossos olhos ele é o homem da paz. Então, não diminui a um governante, só
aumenta a postura dele, porque ser chefe de Estado não lhe faz um Estadista, o
que lhe faz estadista são suas acções. Existem muitos chefes de Estado que não
são estadistas, mas Chissano saiu do poder como estadista e hoje é visto assim
dentro e fora por uma coisa que parece tão simples, mas que foi muito difícil
porque foi preciso muita humildade, foi preciso muita cedência, mas o bem maior
está aí e ganhamos todos e ganhou ele como estadista, nunca vai perder esse
rótulo dentro do nosso país e lá fora ganhou inclusive prémios internacionais”,
indica. Por isso, avança, “a postura do nosso presidente seria admirada muito
mais por todos nós, muito mais, e reiniciaria aquele processo que ele iniciou
há mais ou menos um ano e nos daria esse presente de Páscoa ou seja lá o que
for porque realmente estamos inquietos e intranquilos”. Diz que não sabe onde,
mas certamente que em algum lugar o presidente Nyusi perdeu essa postura que
iniciou em 2015, com encontros com a Renamo, mas diz ter uma sensação de que
ele quer recuperar.
sexta-feira, março 18, 2016
Direita ataca a Esquerda
As manifestações pró-impeachment da presidenta Dilma Rousseff e que também
pediram intervenção militar no último domingo (13) impõem a necessidade de
união da esquerda e alertam para os perigos do descrédito na política, segundo
especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato.Para o dirigente do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em São Paulo, Gilmar Mauro, as
manifestações nacionais convocadas pela Frente Brasil Popular (FBP) para os
dias 18 e 31 de março são uma oportunidade de dar um recado, seja para o
governo ou para a direita: "se colocarmos 200 mil pessoas nas ruas, serão
200 mil pessoas com projeto, ideologia e um rumo a seguir".
Formalizada em
2015, a Frente reúne entidades sindicais, movimentos populares do campo e da
cidade, organizações de juventude e integrantes de partidos de esquerda - como
MST, CUT e UNE."Não é hora de se esconder, mas de ir às ruas com muita
determinação para evitar que precisamente estes setores de direita ganhem força
no Brasil", acrescenta.
Os protestos de domingo colocaram 500 mil pessoas na Avenida Paulista, em
São Paulo (SP), cujo perfil socioeconômico é elitizado, apontou o Datafolha.
Para a socióloga Esther Solano, professora da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), a grande parcela da população, a das periferias, não foi às ruas,
porém, está descontente com o governo atual. Na sua visão, o que separa estes
manifestantes dos protestos da Avenida Paulista não é somente uma questão
geográfica, mas também uma distância simbólica."Se eu sou de periferia, não me sinto representado por este tipo de
manifestante. Imagina ir a uma manifestação onde o povo tira ‘selfie’ com a
Polícia Militar? Ou onde ele vai encontrar todo mundo igual ao patrão dele?",
questiona a professora.
Assim como Mauro, ela se mostra cética quanto ao poder de engajamento da
parcela da população que não aderiu, ainda, nenhum lado. Para Esther, muito se
deve ao desprestígio do Partido dos Trabalhadores (PT), com uma agenda que
propôs pautas como a Reforma da Previdência ou o ajuste fiscal. "É como se
a perda de capital político do PT deixasse toda uma esquerda órfã", diz.
Não à política
O descrédito na política também foi apontado pela professora de História da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
(FFLCH-USP), Maria Aparecida Aquino, como algo negativo e arriscado ao país.
"Na realidade, a população passa a identificar a política como algo que
não serve a ela e isso é o pior dos mundos porque isso não nos leva a nada. Se
não há mais política, qual a solução?", indagou.Entre os destaques dos protestos estão as vaias ao governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, e ao senador Aécio Neves, ambos do PSDB. "Isso representa
que esse público não vê saída política ou na política. Está a um passo de
apoiar qualquer coisa, inclusive, um golpe militar", frisa o dirigente do
MST.
Se alguns políticos foram vaiados, outros fizeram discursos em carros de
som ao lado do Movimento Brasil Livre (MBL), lembra a socióloga Solano. Ela
também vê no descrédito com a política uma chance para o fortalecimento de
figuras como o deputado Jair Bolsonaro, ou do próprio MBL, pois eles surgem com
discursos considerados "novos" em contraposição a uma política que a
maioria vê como "suja"."Ele [Bolsonaro] é um palhaço,
literalmente, mas sabe mobilizar um descontentamento. O perigo é esse: como
ninguém acredita na política institucional, pode aparecer um cara desses, que
tem um discurso polêmico, e sair como vencedor deste jogo", diz.Na opinião
do dirigente do MST, além de se contrapor às manifestações do último domingo,
as ações dos dias 18 e 31 devem pressionar a presidenta Dilma Rousseff para
mudanças na política econômica. "Não tem outra alternativa: ou o governo
muda a política econômica ou não tem sustentação", afirma Mauro.Ele
relembra a paralisação de políticas públicas como o Minha Casa Minha Vida 3 ou
as desapropriações de terras para a reforma agrária, ambas pautas,
respectivamente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e MST."Talvez
esse seja o pior momento para ser dirigente de um movimento social ou sindical:
nem nossas mobilizações são atendidas. Na verdade, ocorre o contrário: estamos
perdendo direitos! Mas, ao mesmo tempo, existe a iminência da direita assumir a
presidência da República - e não é qualquer direita, mas que dá para comparar
com setores de extremistas", apontou.(BRASIL DE FACTO)
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