O país celebra esta
Quinta-feira 40 anos da independência, que conquistou do estado português, e as
cerimónias oficiais vão se realizar na capital, Maputo.A nota da Rainha
Elizabeth frisa que, durante os 40 anos, ambos países “construíram ligações
fortes e espero que estas perdurem por longos anos”.A mensagem termina
desejando sucessos ao povo moçambicano, “Eu gostaria de transmitir os meus
melhores votos de felicidade, segurança e prosperidade ao povo moçambicano”.
quinta-feira, junho 25, 2015
40 anos de vitorias e desafios
Des-partidarização
As delegações de governo
e da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, assinaram, em
Maputo, a Declaração de Princípios sobre a Despartidarização da Administração
Pública, acto que marcou o culminar dos consensos alcançados em torno desta
matéria entre as partes.
A Declaração, rubricada
pelos chefes das duas delegações no diálogo político, José Pacheco e Saimone
Macuiana, respectivamente, estabelece algumas medidas adicionais para eliminar o
que as partes consideram de “percepções sobre a partidarização do Estado”.
Assim, o documento
defende a introdução de um sistema de concurso e sua publicitação em todas as
principais fases (lançamento, apresentação de candidaturas, apresentação do
júri, selecção e anúncio dos resultados) para os secretários permanentes
provinciais e distritais, chefes de postos administrativos e presidentes das
localidades e de povoações.
O mesmo procedimento é
extensivo aos \presidentes dos conselhos de administração de empresas públicas
ou participadas pelo Estado, presidentes do Conselho de Administração ou
directores gerais dos fundos públicos.
À luz da Declaração, é
proibido o desconto por via de retenção na fonte de salários de funcionários e
agentes do Estado para quaisquer fins, excepto nos casos previstos na lei, bem
como a participação activa em actividades político-partidárias de reitores das
universidades públicas e gestores públicos, funcionários e agentes do Estado
durante as horas normais de expediente.
No local do trabalho, de
acordo com o documento, a ser submetido ao parlamento, a Assembleia da
Republica (AR), o servidor público não deve promover as actividades
político-partidárias, uma proibição que abrange igualmente os magistrados,
embaixadores e membros das Forças de Defesa e Segurança.
Defende ainda o reforço
dos mecanismos de reconhecimento dos titulares das autoridades tradicionais
pelo Estado segundo o direito costumeiro e que a sua legitimação observa
unicamente a linhagem familiar.
O documento também propõe
a revisão das atribuições, competências, organização e funcionamento do
Conselho Superior da Comunicação Social, assim como estabelecimento de uma
comissão de monitoria da despartidarização do Estado a ser criada pelo
parlamento e que será composta por representantes do governo, partidos
políticos com assento parlamentar e a sociedade civil.
Comercio intercultural
sexta-feira, junho 19, 2015
Nacionalização: Um desrespeito ao potencial económico
Não foi só a guerra que atrasou Moçambique, mas
sim as políticas e medidas económicas é que tornam a economia quase falida e
mantiveram a maioria da população abaixo da linha da pobreza. “Na primeira
década de independência, o novo Estado Soberano, na tentativa de corrigir as
políticas económicas anteriores, fracassou ao optar por uma via revolucionária
radical e regressiva”, diz António Francisco, director da investigação, no
Instituto de Estudos Sociais e Económico (IESE), e propõe que o Estado corrija a
sua estratégia de crescimento económico, como o recurso exagerado à poupança
externa para substituir em vez de complementar a poupança interna.
Qual a radiografia que faz da economia urbana rural,
depois da independência?
António Francisco (AF): Aqui tem dois aspectos.
Desde a independência a relação urbana – rural teve dinâmicas económicas e
políticas específicas. Quando Moçambique ficou independente vinha consumimdo
mais do que produzia, mas estava a criar algumas ligações produtivas entre o
meio urbano e rural. O rural estava sendo estruturado para gerar uma produção
comercial.Os sistemas e fluxos rurais-urbanos criados no período colonial foram
quebrados e substituídos por mecanismos menos eficientes e eficazes. E porquê?
Porque se acreditou que a lógica do modelo de sociedade alternativo iria
substituir a produção privada por uma produção estatal e colectivizada. Sim, os
colonos e muitos moçambicanos, chamados “assimilados”, que faziam a
comercialização rural e serviços liberais abandonaram o país, mas não foi tanto
por não aceitarem a independência. Foi porque não aceitaram o radicalismo
revolucionário socializante alicerçado na nacionalização da terra, das
profissões liberais, advocacia, medicina, educação, e da habitação para
rendimento, entre outras.Portanto, olhando em retrospectiva, acho incorrecto
fingir-se que a opção política escolhida foi uma inevitabilidade, ou uma
imposição, uma fatalidade, em vez de uma escolha consciente da nova liderança
política. Falhou? Então, reconheçamos isso com franqueza; de outro modo, o
fingimento e a desonestidade sobre o nosso passado em nada ajudam a melhor as
políticas actuais. O mais importante foi a concepção de sociedade, de
estruturação da economia nacional numa perspectiva centralizadora,
intervencionada, estatizante, mas que depressa mostrou-se economicamente
inviável. Esta visão aconteceu num ambiente internacional ainda de guerra fria,
ideologicamente dividido, mas não podemos escamotear o projecto ilusório da
Frelimo revolucionária, ao querer estender a alegada “experiência das zonas
libertadas” a todo o país, como gostava de declarar Samora Machel. Olhando para
trás, o importante a reter é o seguinte: Até à independência consumia-se mais
do que se produzia, mas depois de 1975 passamos a consumir ainda mais, enquanto
a capacidade produtiva regrediu e piorou. Fomos incapazes de esboçar uma
estratégia de crescimento económico alternativo, um problema que persiste até
hoje.
O que falhou?
AF: Falhou a visão utópica e radical da estratégia
de crescimento supostamente alternativa que seguiu na altura. A estratégia de
crescimento económico continuou a depender da poupança externa, tal como vinha
acontecendo no período colonial. Pior ainda, aumentou-se a dependência da
poupança dos outros, mudando apenas de actores ou fornecedores da poupança
externa (ajuda e investimento directo estrangeiro). Por outro lado, com a opção
pelo controlo administrativo dos mecanismos de mercado, como seja os preços dos
produtos principais, salários, taxas de juro e taxas de câmbio, sufocamos os
mercados produtivos. Por volta de 1984 o país estava economicamente falida ou
na bancarrota.
A guerra que se seguiu após a independência, não
explica essa paralisação?
AF: Explica o agravamento da crise económica e
sobretudo social, principalmente porque tornou-se uma guerra civil devastadora,
mas não é correcto dizer que foi por causa dela que tivemos a crise económica.
Se fosse, porque é que depois do “acordo de paz” de 1992, os defensores do
socialismo científico viraram-se para a economia capitalista em vez de
insistirem no socialismo que alegam ter sido bloqueado pela guerra? Não, o
próprio modelo de crescimento preconizado inicialmente revelou-se
economicamente inviável. Não reconhecer isso é simplesmente insensato, ou pior,
intelectualmente desonesto.Considerando o quadro industrial Moçambicano e as
medidas sociais dos últimos Governos
(reajuste do salário mínimo, acesso a crédito, acesso à universidade,
aos sete milhões), porque Moçambique continua abaixo da linha da pobreza? E
como interpreta as medidas dos mesmos Governos?
AF: O processo de recuperação de economia, por via
da revitalização do mercado, não foi melhor porque o Estado deixou de ser
socializante, mas nunca deixou de ser intervenciota e controlador, mais
preocupado em controlar os recursos do que estimular a iniciativa e liberdade
dos cidadãos.
Qual é o resultado da transição económica que
vivemos nos últimos 30 anos? Edificamos uma caricatura muito feia de economia
de mercado capitalista, que alguns chamam de “capitalismo selvagem”, mas que eu
designo mais uma economia de bazar ou bazarconomia. Claro, mercado é bazar, mas
uma economia de mercado capitalista sem regras de funcionamento funcionais e
sobretudo produtivas não é um bazar.
“Sete
milhões”?
Estado não
deve competir com os bancos.Passamos a funcionar numa economia de bazar
crescentemente informalizada, em que o Estado irresponsabiliza-se de suas
funções básicas, principalmente em termos de administração pública, visando
garantir a formalização e reduzir a informalidade.Tivemos a experiência dos
chamados “sete milhões”, nos distritos, supostamente para gerar riqueza, mas a
função do Estado não é concorrer com as agências financeiras ou com os bancos.
A função do Estado seria proporcionar condições para que o cidadão e o privado
produzam. Criando condições para as pessoas se registarem, se sentirem seguras
na praça pública, se organizarem e melhorarem a sua mobilidade e actividade
quotidiana. Para mim o Estado só serve para duas coisas: ou facilita ou
dificulta.
E o nosso?
AF: O nosso em muitos casos não facilita. A função
do Estado devia ser proteger o cidadão e a propriedade. Quando o Estado não
entede isto, passando a competir com o cidadão, é muito problemático. Hoje
temos ainda muitos conflitos de terra porque o Estado reivindica ser dono dela,
em vez de agir para garantir, proteger e registar os direitos dos primeiros
ocupantes e reais proprietários privados e comunitários.
Como é que se caracterizam essas limitações dentro
das comunidades?
AF: Temos um exemplo concreto das autarquias
locais, embora recentemente se tenha inventado essa coisa chamada de
“províncias autónomas”. Em 2008 publiquei um pequeno texto no qual questionei a
violação do direito constitucional dos cidadãos em não elegerem seus dirigentes
locais.
Não se investe na tolerância política, num
ambiente de competição política saudável, os únicos lugares onde surgiram
espaços de alguma tolerância foram nas autarquias, mas a opção pelo chamado
gradualismo, reduziu as autarquias locais a uma minoria. Durante vinte anos
passamos de quarenta e três (43) autarquias para 53. São autarquias
principalmente urbanas ou semi-urbanas, enquanto os rurais continua no partido
único, como cidadãos de segunda classe. Se mantivermos este ritmo de
autarcização vamos precisar de 100 ou 120 anos para completar a autarcização do
país? Não tem sentido. Que gradualismo é esse? Alegam que não há condições
financeiras? Para exercer a democracia e a descentralização não podemos alegar
falta de condições financeiras ideais.
Qual é a estratégia que Moçambique precisa seguir
para reduzir de forma significante a dependência externa?
AF: Eu considero Moçambique um país quase falido,
mas não falhado. Quasi-falido porque o Estado é profundamente deficitário e
mantem a sua funcionalidade principalmente com a poupança externa, nomeadamente
a ajuda externa, o que lhe permite evitar a falência ou mesmo o Estado Falhado.
Se você olhar as classificações das agências de notação de crédito (rating),
Moçambique é classificado “junk”; ou seja, “lixo”, do ponto de vista
financeiro, por ser altamente especulativo. E o Fundo Monetário Internacional
(FMI) diz que temos um crescimento económico robusto, não é? Sim, é um
crescimento robusto, mas esquece-se de dizer... no “lixo”!
Você não vê o Banco Mundial ou o FMI a dizerem ao
Governo, “ vamos criar um plano para libertar o país de B (especulativo) e
tornar-se um país A (de investimento) ”. Afinal de contas, Moçambique é
soberano, para escolher sua estratégia de crescimento especulativo e uma de
crescimento produtiva.
Desde 1984, ano em que o FMI foi convidado a
socorrer a economia numa bancarrota iminente, nunca mais saiu. Você vê Portugal
e outros países da zona Euro a querem libertar-se o mais depressa possível da
Troika. E aqui? Vimos o oposto. Coisas como a famosa EMATUM fazem parte do
carácter especulativo e mau uso da poupança mobilizada dos outros países.
Qual é o caminho para reduzir a dependência
externa?
AF: Tem que promover sua própria capacidade
produtiva, sua base de acumulação de capital e poupança nacional.É claro que
com gás, petróleo e carvão você consegue algum dinheiro. Mas aquela população
que não depende da ajuda externa, porque também não vai participar nesses
projectos de recursos naturais, precisará de um modelo diferente para se
capacitar, melhorar sua produtividade, sua produção e seu padrão de vida.
Políticos moçambicanos sem visão económica?
AF:Do ponto de vista político, considero que grande
problema e desafio que Moçambique tem é não ter um único partido
verdadeiramente progressista; tem partidos distribuicionistas, consumistas.
Partido progressista no sentido de estimular iniciativas, desenvolver a
produção, preocupado com empreendedores, realmente não temos. A Frelimo, a
Renamo e o MDM não são progressistas; distribucionistas e consumistas.A Frelimo foi ou auto-proclamava-se
“progressista”, no sentido da dicotomia esquerda-direita, em que o
“revolucionário” se considera o mais progressiva do mundo. Tal revolucionarismo
revelou-se muito regressivo e anti progressista, do ponto de vista de desenvolvimento
económico.
O que seria uma atitude progressista?
AF: Ser progressista, na perspectiva que estou a
considerar, é promover a iniciativa individual, o empreendedorismo produtivo, a
produtividade e a capacidade produtiva; promover o progresso efectivo.Qual é a
grande disputa entre a Renamo e a Frelimo? Distribuir os recursos disponíveis.
O processo de acumulação que se intensificou nos anos passados está muito
concentrado e não é partilhado. Mas quando se fala de distribuição da riqueza
não estão a falar de acumular para produzir mais, mas sim distribuir a riqueza
gerada para consumir mais no imediato. Ora, o processo de distribuição
inclusiva precisa de começar no sector produtivo, em vez de circunscrever-se à
distribuição do pouco que produzimos.
Estas expectativas positivas apresentadas pelo
Governo, num país que ainda está em crise política devem ser levadas a sério?
AF: Se você considerar que o produto Interno Bruto
(PIB) per capita é em media 40 meticais, por dia e por pessoa, a contribuição rural
não deve passar de dez meticais. Trinta (30) meticais provenientes
principalmente de infra-estruturas, mega-projectos, serviços financeiros,
enquanto nos restantes dez meticais são que se concentram os 80% da população
moçambicana. Sim senhor, a economia está a crescer a uma média anual de 7%, mas
quem gera estes 7%? Talvez menos de 15% ou 20% da população que está envolvida
nessa economia de elevado crescimento. E os outros 80%? Estão na estagnação,
estão na subsistência, estão na precariedade, e vivem assim desde a
independência.
Há economistas optimistas, que apontam Moçambique
como um país promissor pelos seus recursos naturais. Nessa expectativa, quais
são as razões e as políticas económicas adoptadas hoje e que possibilitam o
resultado apontado por estas projecções a longo prazo?
AF: Parte desse optimismo deriva da expectativa de
uma opção de investimento em sectores altamente lucrativos. Ser optimista é
reconhecer que todos os males e falhas são causados por um conhecimento
insuficiente, buscando maneiras efectivas para melhorar.Estão ao mesmo tempo
muito preocupados com a divida pública; mas eu acho que a divida pública é
inevitável, precisamente por causa da estratégia de crescimento escolhida. O
endividamente público é inevitável quando se opta por crescer com poupança
externa. Foi assim em 1984, o que nos levou a entrar no FMI. Foi assim em 1999,
o que nos levou ao pedido de perdão da dívida e ao PARPA. Acho que vai ser
assim dentro de 4 ou 5 anos.
É possível diferenciar a política económica da
presidência de Filipe Nyusi daquela implementada pelos seus antecessores
Armando Guebuza e Joaquim Chissano?
Como deveria ser essa harmonização?
AF: Garantindo o direito aos cidadãos a escolherem
os seus representantes locais, em todo o país. Por exemplo, essa coisa de
conselhos consultivos é brincadeira, ou pura manipulação política; uma forma
falsa e fingida de dar às pessoas espaço para opinar, mas no final é
administrador (nomeado e não eleito) quem decide como quer e convém a quem o
nomeou. Porquê o administrador não é eleito? Porquê temos conselho consultivo e
não deliberativo? Isto é tratar o cidadão como cidadão de “segunda classe”. (Nelson Mucandze/JOrnal DEBATE)
quinta-feira, junho 18, 2015
Turismo, falando dele

850.............dólares!!!!!!
A EMATUM (Empresa Moçambicana de
Atum) – o negócio mais nebuloso alguma vez feito em nome do Estado – voltou a
ser assunto de debate, ontem, na Assembleia da República e, como sempre, pelas
piores razões. Falando durante a sessão de debate da Conta Geral do Estado
referente ao exercício económico 2013, o deputado pela bancada parlamentar do
Movimento Democrático de Moçambique Venâncio Mondlane disse que é hora de a
Procuradoria-Geral da República deter o antigo Presidente da República, Armando
Guebuza, e o seu ministro das Finanças, Mauel Chang, para que possam ser
responsabilizados. A EMATUM foi criada por Armando Guebuza, Manuel Chang e
Filipe Nyusi (na altura ministro da Defesa). Os três endividaram o Estado na
compra de 30 barcos no valor de 850 milhões de dólares, numa encomenda que se
diz que incluiu material bélico.
A empresa está insustentável,
pois o Governo não está a conseguir pagar a dívida aos franceses e vai partir
para a renegociação com o estaleiro onde encomendou os barcos. A previsão para
o início do serviço da dívida é Setembro. Mas não há condições, e a dívida está
a ter influências na derrapagem financeira, e o Estado deverá intervir
directamente, emitindo uma dívida soberana de longo prazo.
Na Conta Geral do Estado, o
Governo não esclarece o assunto EMATUM com detalhes. A dívida externa de
Moçambique, no período 2009 a 2013, cresceu 50%. Deste crescimento o peso
específico com a dívida da EMATUM é de 80%. Segundo Venâncio Mondlane, o
escândalo “atingiu o ponto mais alto” e, “de facto, alguém no fim deste
processo, tem que ser preso”. Venâncio Mondlane diz que, ao olhar-se para a
taxa de juro, que é de mais de 6%, “só pode ser algo comparável a uma
escandalosa e criminosa agiotagem”.

“Face a este escândalo,
recomendamos à PGR, que torna arguidos académicos, jornalistas e editores, que
se faça exemplar face a esta matéria e que mande prender imediata e
preventivamente o antigo Presidente da República, Armando Guebuza”, declarou
Venâncio Mondlane. E pede mais: “Que faça um ofício à Comissão Permanente da
Assembleia da República para que se levante a imunidade do nosso colega, o
candidato a presidente da Federação Moçambicana de Futebol, e antigo ministro
das Finanças, Manuel Chang, para que responda sem reservas às responsabilidades
disciplinares e criminais”. (A. Mulungo)
segunda-feira, junho 15, 2015
Lembro-me dos dedos do meu pai!
A sua eleição para Assembleia da República (AR) pela
Província da Zambézia, em 1994, despertou a atenção de alguns moçambicanos que
desconheciam a veia política de Nyeleti Mondlane. Afinal, “desde pequena tive o
privilégio de estar envolvida intimamente com o partido FRELIMO, com a
política”. É actualmente vice-ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
Revela que a AR foi (e tem sido) uma grande escola para si, pelas oportunidades
encontradas de percorrer o país para actuar em questões relativas a Autoridade
Local e Administração Pública e também por ter feito parte do gabinete que
representa o fórum da mulher parlamentar, que contribuiu para que passasse a
“entender melhor o que são os nossos desafios como mulheres, o que são as
nossas responsabilidades”. No pelouro que dirige vários são os planos,
entretanto, interessa ao país fazer mais amigos, reforçar a cooperação
económica e assegurar que os compromissos que Moçambique tem ao nível
internacional sejam cumpridos. Ao longo da entrevista revela o que pensava
quando petiz: “Meu sonho de infância era ser hospedeira ou professora. Queria
muito ser professora porque ficava impressionada ao vê-las a darem aulas no
centro educacional do Tunduro”. Siga a entrevista em discurso directo.
Que factor foi determinante para a sua eleição como
deputada da AR?
No Parlamento fez parte do Gabinete da Mulher…
Sim, fiz parte do gabinete da Mulher parlamentar,
um gabinete criado pela AR em 2008 e por senhoras deputadas de grande visão.
Com a equipa deste gabinete passei a entender melhor o que são os nossos
desafios como mulheres, o que são as nossas responsabilidades. Aliás, andamos
de província em província para falar sobre três leis fundamentais: Lei da
família, lei sobre o tráfico de seres humanos e lei contra a violência
doméstica. Isso significava, em cada lugar, trazer para mesma sala deputadas de
filiações partidárias diferentes, porém unidas pela mesma causa; membros dos
municípios, organizações da sociedade civil, partidos da oposição, judiciária
ao nível da província, procuradoria, polícia. Enfim, um grupo rico de mulheres
e a governação provincial para falar sobre assuntos de interesse fulcral.
Acredita que tenha sido dessas experiências que foi
nomeada vice-ministra?
Não faço a mínima ideia.
Como vê a participação da mulher no campo político
nacional?
À medida que fui crescendo, antes da conquista da
independência, pude estar nas zonas libertadas onde vi mulheres enfermeiras,
mulheres professoras, mulheres guerrilheiras, comissárias políticas, na frente
de produção. Ficou claro que a mulher tinha o seu espaço, mas poderia
estendê-lo e fazer tudo que o homem faz e mais. Desde cedo, durante a nossa
educação política e ideológica, não havia dúvidas de que a mulher tinha um
papel a desempenhar na sociedade. E penso que, Moçambique, comparado a outros
países da região até mesmo ao mundo, é um exemplo. Hoje temos uma presidente da
Assembleia da República, já tivemos primeira-ministra, as chefes das bancadas
são senhoras, temos administradoras, governadoras, economistas, marinheiras,
estamos em todas as vertentes. Agora que é preciso fazer mais é preciso. Que
nós continuamos a ser espancadas pelos nossos pares é um facto. Que quando
morre o marido as nossas crianças são-nos tiradas, também é algo preocupante,
não obstante a existência de dispositivos legais. Por isso um dos grandes
desafios existentes é assegurar que as leis sejam implementadas.
Entrando para a área que a Sra. vice-ministra dirige, até
que ponto é possível pôr em prática a política externa “fazer mais amigos,
defender o interesse nacional”, tendo em conta que a dado passo ocorrem
situações susceptíveis de beliscar relações entre os países?
O que dizer dos ataques xenófobos protagonizados por
alguns cidadãos sul-africanos? Esse facto não macula as relações entre os dois
países?
O povo sul-africano é nosso amigo. Desde os tempos
da luta de libertação nacional os soldados guerrilheiros do ANC treinavam-se
nos mesmos campos que os da Frelimo. Porém, a África do Sul tem um “calcanhar
de Aquiles” que vai levar talvez gerações para ultrapassar, que é o facto de
ter vivido o sistema de apartheid. Foi brutal e pode estar patente no
comportamento dos sul-africanos negros.
Isso significa que o facto de os sul-africanos terem
vivido oprimidos na época do apartheid pode ser apontado como um dos factores
para os actos xenófobos por si praticados?
Vejam: no tempo do apartheid o negro tinha o
espaço de circulação limitado. Imagine um cidadão que não pode viver onde quer,
é obrigado a se instalar onde o branco indica.
Isto cria a exclusão económica, social e política,
pode ser por esse motivo que para alguns sul-africanos o estrangeiro não é bem
visto, ao invés de constatar a presença deste como um valor acrescido, olham-no
como uma ameaça. Entende-se por isso a necessidade de se fazer um trabalho do
Governo, da sociedade civil e de todas forças políticas sul-africanas, no
sentido de ultrapassar este legado horroroso que o apartheid deixou. Vai levar
tempo, mas também vai requerer posicionamento firme de quem está na liderança.
E as relações entre Moçambique e a África do sul estão
beliscadas?
Não. As relações entre estes dois países são
soberanas. Em nenhum momento, o Ministério dos negócios Estrangeiros e
Cooperação iria dizer que as relações estão beliscadas. O que sabemos é que
estamos profundamente chocados com o que o aconteceu e compreendemos que o país
irmão tem desafios e vamos ajudar no sentido de ultrapassar esta crise.
Infelizmente somos vítimas, de qualquer forma, estamos a interagir no sentido
de ajudar.
Que avaliação faz do seu novo sector de trabalho?
O Ministério dos Negócios Estrangeiros e
Cooperação tem uma equipa excepcional. São diplomatas, lidam com relações
internacionais no seu dia-a-dia, são extremamente capazes, então o meu ingresso
aqui não foi difícil. Esta é uma grande casa.
Que planos (urgentes) existem no Governo de Nyusi, de
forma especial aqui no seu sector, a serem executados?
Aqui, pretendemos fazer mais amigos, reforçar a
nossa cooperação económica e assegurar que os compromissos que Moçambique tem
sejam cumpridos ao nível internacional. Nós estamos a receber muitas delegações
de uma multiplicidade de países que desejam investir em Moçambique. Outrossim,
as nossas missões diplomáticas e consulares estão a fazer um excelente trabalho
no sentido de levar Moçambique a um patamar desejável, conquistando o espaço
internacional.
O que é que se está a ser feito para acautelar a
ocorrência do crime de xenofobia na África do Sul contra os moçambicanos e não
só?
Nesse momento temos de assegurar que os dois
países estejam em sintonia. Temos estado em contacto diário, para acompanhar o
que o Governo sul- africano está a fazer de forma a mitigar a Xenofobia. Temos
que assegurar que o moçambicanos que desejam voltar ao país regressem em
óptimas condições de segurança.
Antes de entrar para o Governo de Nyusi, a Sra.
Vice-ministra esteve envolvida em projectos, um dos quais, designado por Rostos
e Vozes ligado aos Caminhos de Ferro de Moçambique. Em que é que consistiu esse
programa?
O objectivo dessa acção era recolher experiências
para enriquecer o acervo histórico dos CFM. Esta empresa tem um museu e no
plano de desenvolvimento tem uma componente antropológica, com interesse no
testemunho dos seus trabalhadores.
Há informações que nos remetem à nossa história
como país, como por exemplo a construção da actual cidade de Maputo. A empresa Caminhos
de Ferro de Moçambique desempenhou um papel fundamental na edificação desta
cidade e, duma forma geral, no desenvolvimento do país,
Contudo, não fui até ao fim do projecto, pois tive
outras actividades que levaram à minha retirada. Entretanto, estou,
actualmente, empenhada na Fundação Eduardo Mondlane, instalada na província de
Gaza.
De que forma actua na Fundação Eduardo Mondlane?
Faço supervisão deste projecto criado em 2000 por
Janet Mondlane, com o intuito de fazer a captação e preservação do legado de
Mondlane. Minha mãe tem cerca de 12 mil cartas que Eduardo Mondlane trocou com
ela em vida e também, as que ele trocava com amigos durante a juventude,
mentores da igreja presbiteriana; outras ligadas à Frente de Libertação de
Moçambique, mas o grande número de cartas são trocadas entre os dois, portanto
muitas cartas de amor. Temos, também, imagens, material audiovisual.
Ora, dentre vários objectivos para a criação desta
fundação, sentimos que era nossa responsabilidade fazer alguma coisa para ajudar
a aldeia onde Mondlane nasceu, e eu estou a coordenar essa componente.
Felizmente o Governo gostou da nossa iniciativa daí que estamos, inclusive, a
fazer a gestão conjunta do museu a céu aberto de Nwadjahane, contando
igualmente com a participação da população local. Temos um roteiro
autobiográfico de Mondlane; lá pode se ver o local onde nasceu, onde repousam
os antepassados; o monumento a si dedicado... Tem um acervo fotográfico muito
rico e tem guias que são profissionais membros da aldeia.
A sua formação em antropologia veio a calhar…
Sem dúvida, tendo em conta que ajuda a ter
sensibilidade em relação ao que nos rodeia. De qualquer forma, devo confessar
que a população local e a família Mondlane ajudaram muito, contribuindo com
informações sobre a sua história. É que de uma forma geral, as pessoas sabem,
apenas, que Eduardo Mondlane é um herói. Faltam dados que permitem o seu lado
humano, a infância, que guarda memórias de um menino que percorria a lagoa,
lutava com outros meninos, pastava os cabritos do pai…
E como foi para si passar a sua infância sem o seu pai?
Perdeu-o muito cedo…
Quando o meu pai foi assassinado cresci
rapidamente! E deixem-me também destacar que o meu pai não morreu vítima de
acidente de carro ou afogado ou por um outro motivo. Alguém assassinou-o! A
intenção foi tão brutal que poderia ter tido consequências com dimensões
maiores do que ocorreu. Ele podia ter aberto o livro-bomba em casa, à mesa com
os filhos à sua volta.
Só para exemplificar, quando o meu pai chegava à casa a primeira coisa que
eu gostava de fazer era sentar-me ao seu colo, muitas vezes ele estando a
arrumar documentos.
Ora, quando o meu pai morre, a minha mãe e os
amigos da família tentaram explicar a uma menina de sete anos quem era Eduardo,
a sua participação na política e fazê-la compreender que iriam continuar a
fazer a vida sem o pai. Obviamente, passei por momentos difíceis, mas os
camaradas da Frelimo demonstraram que eram a outra família, ali não tínhamos os
tios biológicos nem do lado do pai nem da mãe, mas tínhamos os tios que eram os
camaradas da Frelimo e estavam preocupados connosco.Mas um dos factores que
contribuíram para minorar a dor é o facto de ter uma mãe espectacular, ela
ficou mãe e pai, e ela continuou firme nas fileiras da Frelimo, buscou apoio
para os soldados, alunos e crianças nos centros profissionais e a buscar amigos
para a Frelimo ao nível internacional e depois da independência continuou
empenhada nas tarefas da Frelimo, do governo, esteve na cooperação
internacional, na Cruz Vermelha, na comissão do combate ao HIV – Sida e agora
na Fundação Eduardo Mondlane.
LEMBRO-ME DOS DEDOS DO MEU PAI
Cresceu no seio da política. Como era a vossa
convivência, tendo em conta que seus pais estavam comprometidos com os assuntos
do país?
Os meus pais passavam muito tempo fora. Ora era o
pai, e ficávamos com a mãe, ou era mãe e ficávamos com o pai. Era difícil
estarem os dois em casa. E quando os dois não estivessem, as camaradas da
FRELIMO tomavam conta de nós.
A resposta cabal para esta pergunta exigiria umas
quatro horas. (Risos) Mas no mínimo direi o seguinte: após a morte do meu pai,
minha mãe poderia com facilidade ter arrumado as malas, pegado em nós, em 1969,
e voltado para casa dela. Aliás essa era a vontade dos meus avós, mas não o
fez. A minha mãe, talvez sem essa intenção, deixou patente em mim que posso
fazer tudo o que quero desde que esteja comprometida com o meu objectivo, isto
cabe naquela expressão que diz “o céu é o limite”. Mas também me ensinou a ter
paciência, compreender os outros, entretanto, sem abdicar dos meus princípios.
Sem contar que sempre esteve do meu lado em tudo, é por isso a considero “a
Nyeleti da minha vida”. Ajudou a criar os meus filhos. Ela é uma avó amiga,
principalmente com o meu filho mais velho que é “marido” dela, pois demos o
nome do meu pai.
Do que é que se lembra do seu pai?
Dos dedos das mãos. Quando voltava do serviço, eu
gostava de ficar entre as pernas dele e ele me abraçava. Lembro-me das
suas mãos entrelaçadas em mim.
Eram amigos…
Muito amigos. E gostava de me fazer cócegas.
Lembro-me também que fazia muita ginástica, e gostava de correr longas
distâncias com o nosso primeiro cão chamado Katembe.
Katembe?!
Sim, meu pai dava nome de rios aos nossos animais.
Tivemos também Lúrio, Save….
Porquê?
Era uma maneira de nos introduzir” um pouco de
Moçambique. Não vivíamos cá, estávamos na Tanzânia.
Que tipo de homem o seu pai era?
Muito afável, e se calhar porque se ausentava de
casa várias vezes. E sendo eu a filha mais nova beneficiava de miminhos
adicionais, comigo ele tinha muita paciência. Mas…
Sim…
Um dia, levei uma tesoura de costura da minha mãe
para brincar de cortar velas. Quando o meu pai soube dessa brincadeirinha mandou a mim e aos meus irmãos perfilar,
tendo de seguida perguntado a cada um de nós quem tinha feito tal coisa.
Perguntou primeiro ao meu irmão, e ele respondeu que não tinha nada a ver com
aquilo. Depois coube a vez à minha irmã, que também se distanciou da
brincadeira. Quando chegou a minha vez, ele fitou olhar em mim e,… desatei a
chorar. Mesmo assim não escapei de umas palmadinhas.
Porque a puseram o nome ‘Nyeleti’?
Era o nome de seu namoro com Janet (mãe). Sou
produto de muito amor entre duas pessoas.
Nome de namoro?!
Sim. Na verdade esse nome foi usado para
identificar a minha mãe nas cartas de amor. Os meus avós maternos não aceitavam
a relação entre os meus pais, chegaram a retirar todo o suporte financeiro que
davam à minha mãe, quando se aperceberam que ela mantinha uma relação com um
negro e essa união estava a fortificar-se. Nyeleti era o código; Nyeleti era o
amor da vida dele.
Seu pai apoiaria a sua formação em Antropologia?
Sim, mas minha mãe não. Até tentou dissuadir-me
dessa ideia quando lhe falei da minha decisão. Justificou-se dizendo que meu
pai sofreu muito, passando a vida nas bibliotecas. Dizia que o nariz dele
estava sempre nos livros como quem diz ‘ele dormia com a cama cheia de livros’.
E por que razão escolheu esse curso?
Sou uma pessoa socialmente curiosa, gosto de
perceber como as pessoas são e vivem, a possibilidade de todos nós sermos uma
comunidade global e ao mesmo tempo sermos diferentes.
Formou-se por que universidade?
Manchester, na Inglaterra.
Era seu sonho de infância?
Não. Meu sonho de infância era ser hospedeira,
professora. Queria muito ser professora porque ficava impressionada ao vê-las a
darem aulas no centro educacional do Tunduro. Sem contar que tive uma heroína,
a minha professora de 2ª classe.
Heroína….?
Sim. Quando meu pai foi assassinado, minha
professora ajudou-me muito, acompanhando-me em tudo, tendo paciência comigo,
porque por vezes andava “perdida”. Ela conversava comigo e fazia-me perceber
que tinha uma vida pela frente independentemente do que estava a acontecer no
meu meio familiar.
Que mulher moçambicana temos actualmente?
Lutadora, que gosta de si, pronta para ultrapassar
desafios, que monitora a sua família e que quer conquistar para o mundo.
Estando na política, tem auscultado os anseios das outras
mulheres, para as orientar de forma a atingirem um patamar desejável,
principalmente sob ponto de vista socioeconómico?
Ser filha de Eduardo Mondlane contribuiu para entrar para
a política?
Sei que muitas pessoas me tratam com grande
deferência por ser filha de Mondlane. É uma realidade imputável e tenho de
respeitar, agradecer e abraçar. Sou Nyeleti Mondlane. As pessoas tendem a olhar
para mim como filha de Mondlane e é difícil separar-me disso. Não posso esperar
que me olhem sem considerar esse facto. Tenho de viver com essa realidade que
tem suas vantagens e desvantagens...
De qualquer forma, gosta de política?
Muito. Não sei o que é viver sem política. Ela faz
parte de minha vida.
GOSTO DE DORMIR
É casada?
Sim. Meu parceiro é uma pessoa extremamente viva,
amiga e cómica.
Temos dois filhos e um terceiro filho, uma menina, entrou para as nossas vidas em 2007. Adoptamo-la, mas não gosto desse termo. Digo que Deus a colocou no nosso caminho e a nós no caminho dela.
Temos dois filhos e um terceiro filho, uma menina, entrou para as nossas vidas em 2007. Adoptamo-la, mas não gosto desse termo. Digo que Deus a colocou no nosso caminho e a nós no caminho dela.
Com quantos anos passou a fazer parte da vossa família?
Quatro. Eu era a madrinha dela no orfanato depois
os nossos corações decidiram que tínhamos que ficar juntos.
O que costuma fazer quando está em casa com a sua
família?
Durmo (Risos). Gosto de dormir, mas também de me
juntar às amigas e cozinhar.
Pratica desporto?
Praticava.
Quando é que parou?
Quando constitui a minha família. Mas está
definitivamente nos meus planos voltar a treinar-me. Eu fui uma grande nadadora
e jogava basquetebol, só que fiquei preguiçosa e parei.
Chegou a jogar num clube federado?
Sim. Pelo clube Estrela Vermelha, por exemplo. E
fui capitã da equipa nacional.
Quantas línguas fala?
Três: Inglês, Português, Francês.
Changana não?
- Percebo, mas não falo nada bem. Até tento quando
estou com minhas tias paternas. Elas têm muita paciência.
Quando é que conheceu as suas tias?
Em 1975 quando fiz a viagem do Rovuma ao Maputo
com o Presidente Samora Machel. Passamos por Manjacaze e ele apresentou-me à
família. Foi um momento emocionante. Esteve, inclusive, o homem gigante de
Manjacaze.
Gosta de viajar?
Não, por ter que estar longe da família. Mas o meu
actual cargo e as missões que tenho de cumprir pelo ministério, no âmbito das
cooperações diplomáticas, obrigam-me a viajar constantemente.
Nem com a sua família?!
Ah, isso é diferente! Mas temos uma
particularidade, gostamos de viajar para dentro do país, ir às praias. Esses
são os melhores momentos para mim, meu marido e nossos filhos. Gosto das praias
de Inhambane, Chidenguele. Gosto muito do alto mar.
E arrisca-se a nadar no alto mar?
Sim. Eu posso atravessar a Katembe, ir e vir. E
já atravessei a de Bilene com o Presidente Samora.
Verdade?
Sim, fizemos aquelas dunas da praia até ao alto
mar. Sou um peixe dentro da água.
Texo de Carol Banze, Angelina Mahumane e Maria de Lurdes
Cossa
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