terça-feira, fevereiro 03, 2015

Tanto dinheiro para nada!!!

A equipa de observação militar da cessação de hostilidades em Moçambique (ECOCHIM) declarou-se esta segunda-feira(2) incapaz de verificar a acusação da Renamo, principal partido de oposição moçambicano, de violação do acordo de paz pelo governo.Um relatório da equipa de peritos militares, divulgado durante uma ronda de negociação entre governo e Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) em Maputo, apontou contradições entre os relatos das autoridades locais e a população acerca das acusações do principal partido de oposição de que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas estavam a reforçar posições na província de Sofala, Tete e Manica.Segundo o documento, citado pela Agência de Informação de Moçambique , as autoridades locais negam o reforço da presença das FDS, mas «a população local foi intransigente e contrária a essa informação». Os patrulhamentos feitos na região pelos observadores, assinala o texto, «não obteriveram nenhuma evidência tangível e independente da alegada violação pela presença de posições militares». Os observadores assinalam, porém, a existência de um forte contingente policial naquelas províncias.A ECOCHIM foi também incapaz de verificar a acusação da Renamo de que o governo está a perseguir os seus membros, embora admita a possibilidade da ocorrência de alguns casos. «De acordo com o inquérito conduzido no local, e com base em pormenores narrados, pareceu ser possível ter havido ocorrência de tais comportamentos negativos em mais de um caso», afirma o relatório, mas, «apesar disso, a ausência de qualquer evidência concreta/específica não permite à EMOCHIM determinar o autor de tais atos e por conseguinte, das suas intenções».A ambiguidade do relatório dos observadores mereceu posições opostas das partes. Para José Pacheco, chefe da delegação do governo no diálogo com a Renamo, trata-se da confirmação da falta de fundamento das acusações, enquanto Saimone Macuiane, líder dos negociadores do maior partido de oposição, espera ver as contradições esclarecidas. «É fundamental que seja feita uma fiscalização, de modo a trazer-se um relatório que reflita a situação real do terreno», declarou.As sessões de diálogo bloquearam há várias semanas na discussão sobre o desarmamento do partido de oposição nas FDS, com o governo a reclamar a apresentação de uma lista e a Renamo a exigir, antes disso, um modelo de integração. Por outro lado, Macuiane disse esta segunda-feira que, no ponto negocial relativo à despartidarização do Estado, há avanços, considerando que um documento base, apresentado pelos mediadores nacionais, «está bem elaborado» e deverá ser agora harmonizado pelas partes.O diálogo entre governo e Renamo prossegue num momento de escalada de tensão política, em que o líder do principal partido de oposição, Afonso Dhlakama, não reconhece os poderes saídos das eleições gerais de 15 de outubro e ameaça criar uma região autónoma nas regiões centro e norte do país. Dhlakama disse que, além das rondas negociais de rotina entre as partes, tem enviados em Maputo a discutir diretamente com representantes do Presidente da República, mas estes encontros nunca foram confirmados pelo governo.Após 18 meses de confrontos militares na região centro de Moçambique, o acordo de cessação de hostilidades foi assinado a 5 de setembro pelo ex-Presidente Armando Guebuza e por Dhlakama, tendo sido criada, nesse âmbito, uma equipa de observadores militares internacionais.A EMOCHIM integra 70 observadores militares moçambicanos, dos quais 35 do governo e outros tantos da Renamo, e 23 peritos militares de países estrangeiros.

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