Ao principio do mês, a Polícia da República de Moçambique (PRM) deu conta da fuga, em circunstâncias estranhas, de seis perigosos cadastrados das celas do Comando da corporação ao nível da cidade de Maputo. Curiosamente, as autoridades policiais só se deram conta dessa situação nas primeiras horas da manhã de terça-feira, quando, na verdade, as fugas começaram na noite de domingo com a evasão de três dos criminosos em causa.À semelhança do que aconteceu em ocasiões anteriores, o Comando Geral da PRM criou uma comissão para investigar o assunto e apurar as responsabilidades. Contudo, até ao momento foram detidos dois agentes policiais que se pensa que tenham facilitado a fuga.Da forma como as coisas aconteceram, até o Aníbal dos Santos Júnior, vulgo Anibalzinho, poderia ter fugido se assim o quisesse. Só não o fez provavelmente porque ele não tenha onde ir e joga contra si o facto de poder ser facilmente identificado, uma vez que é sobejamente conhecido no seio da sociedade, mesmo por crianças. O assunto em si não constitui surpresa, pois não passa da reedição de episódios de fugas de Anibalzinho, envolvido no assassinato do jornalista Carlos Cardoso, em Novembro de 2000, quer da cadeia de máxima segurança, por duas vezes, quer das celas do Comando da PRM.Na sequência de esquemas envolvendo alguns agentes desonestos, fugiram, em 2008, dessa vez juntamente com o Anibalzinho, os criminosos “Todinho”, indiciado na morte do director da Cadeia Central de Maputo, e “Samito”, acusado da prática de uma dezena de homicídios, entre os quais o assassínio de quatro agentes da PRM e de um cidadão de origem paquistanesa.Tanto estas como outras situações de fuga de reclusos das celas, quer do Comando da PRM, em Maputo, quer da cadeia de máxima segurança, vulgo BO, quer ainda da cadeia central, têm uma explicação: alguns agentes estão comprometidos com os criminosos e a corrupção tomou de assalto a corporação.Mais do que isso, estamos perante um problema estrutural, do sistema que está corrompido. Não se trata aqui da fragilidade das infra-estruturas prisionais. Todas as fugas de reclusos que temos estado a acompanhar têm a ver com facilidades oferecidas por polícias subornados. Esta situação leva-nos a crer que a Polícia continua a albergar agentes ao serviço de criminosos, está infiltrada de corruptos que mais se preocupam em encher os seus bolsos do que propriamente cumprir com as suas responsabilidades como protectores dos cidadãos.Por isso, não devemos continuar a pactuar com agentes da Polícia comprometidos com gangs. Não devemos admitir que sejam membros da PRM indivíduos corruptos e capazes de pôr em causa a vida da maioria, só para satisfazerem os seus interesses mesquinhos.
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