Há vários
meses que o bloco de gelo é notícia, relatando-se cada avanço da fissura na
plataforma Larsen C. Actualmente, existem 180 quilómetros de uma fenda aberta
no gelo da Antárctida que foi crescendo a um ritmo impressionante nos últimos
meses. O final é mais ou menos previsível: um icebergue gigante, com cinco mil
quilómetros quadrados, vai soltar-se da plataforma. E depois?
Está
quase. Desde Fevereiro que a fenda na plataforma Larsen C parecia ter abrandado
a sua progressão no gelo, mas a 1 de Maio foi observada uma mudança no cenário
branco. Uma das pontas do risco no gelo abriu-se em duas, apresentando agora
uma bifurcação semelhante à língua de uma cobra. O “novo ramo”, que nasceu dez
quilómetros antes do fim da fenda, surgiu mais perto do mar e dirige-se para a
frente de gelo, segundo os dados recolhidos pelo cientistas do Projecto Midas,
da Universidade de Swansea, no País de Gales (Reino Unido) que acompanham a
evolução da plataforma Larsen C. O ramo que actualmente terá cerca de dez
quilómetros de comprimento não aumenta o tamanho da fenda original, mas deverá
aumentar a fragilidade do bloco do gelo formando uma ponta com duas brechas. Em
Janeiro, quando só havia uma fenda, o rasgo no gelo já tinha cerca de 175
quilómetros, faltavam 20 para se partir. Agora, com o tal abrandamento
registado desde Fevereiro, as duas pontas quase paralelas da fenda chegam aos
180 quilómetros. Segundo os investigadores, a abertura deste novo ramo terá
surgido quando a fissura original atingiu gelo mais macio e por isso mais
difícil de se fracturar, transferindo a pressão e tensão para outra zona do
bloco.
Segundo
uma publicação dos investigadores no site do Projecto Midas, a
observação directa do novo ramo da fenda é difícil por causa do Inverno que
está actualmente instalado na Antárctida. Assim, explicam na nota, as
observações foram apoiadas nas imagens de interferometria recolhidas pelos
satélites Sentinela, da Agência Espacial Europeia. “Embora o comprimento
da fenda tenha ficado estável durante vários meses, tem crescido de forma
constante, a taxas superiores a um metro por dia. Este alargamento tem
aumentado sensivelmente desde o desenvolvimento do novo ramo, como pode ser
visto nas medições da velocidade do fluxo de gelo”, referem os cientistas.
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