quinta-feira, setembro 06, 2018

Icebergue gigante dividiu-se em duas


Há vários meses que o bloco de gelo é notícia, relatando-se cada avanço da fissura na plataforma Larsen C. Actualmente, existem 180 quilómetros de uma fenda aberta no gelo da Antárctida que foi crescendo a um ritmo impressionante nos últimos meses. O final é mais ou menos previsível: um icebergue gigante, com cinco mil quilómetros quadrados, vai soltar-se da plataforma. E depois?

Está quase. Desde Fevereiro que a fenda na plataforma Larsen C parecia ter abrandado a sua progressão no gelo, mas a 1 de Maio foi observada uma mudança no cenário branco. Uma das pontas do risco no gelo abriu-se em duas, apresentando agora uma bifurcação semelhante à língua de uma cobra. O “novo ramo”, que nasceu dez quilómetros antes do fim da fenda, surgiu mais perto do mar e dirige-se para a frente de gelo, segundo os dados recolhidos pelo cientistas do Projecto Midas, da Universidade de Swansea, no País de Gales (Reino Unido) que acompanham a evolução da plataforma Larsen C. O ramo que actualmente terá cerca de dez quilómetros de comprimento não aumenta o tamanho da fenda original, mas deverá aumentar a fragilidade do bloco do gelo formando uma ponta com duas brechas. Em Janeiro, quando só havia uma fenda, o rasgo no gelo já tinha cerca de 175 quilómetros, faltavam 20 para se partir. Agora, com o tal abrandamento registado desde Fevereiro, as duas pontas quase paralelas da fenda chegam aos 180 quilómetros. Segundo os investigadores, a abertura deste novo ramo terá surgido quando a fissura original atingiu gelo mais macio e por isso mais difícil de se fracturar, transferindo a pressão e tensão para outra zona do bloco.
 
Segundo uma publicação dos investigadores no site do Projecto Midas, a observação directa do novo ramo da fenda é difícil por causa do Inverno que está actualmente instalado na Antárctida. Assim, explicam na nota, as observações foram apoiadas nas imagens de interferometria recolhidas pelos satélites Sentinela, da Agência Espacial Europeia. “Embora o comprimento da fenda tenha ficado estável durante vários meses, tem crescido de forma constante, a taxas superiores a um metro por dia. Este alargamento tem aumentado sensivelmente desde o desenvolvimento do novo ramo, como pode ser visto nas medições da velocidade do fluxo de gelo”, referem os cientistas.

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