Retornando ao multipartidarismo como sistema governativo, entrou na dinâmica
continental e apontou que a precipitação dos acontecimentos que levou a maior
parte dos países africanos a adoptar o sistema multipartidário, imposto por
modelos europeus que viajavam pelo continente com as constituições
pré-redigidas nas suas capitais, levando ao descrédito e abandono o que podia
ser útil das experiências dos modelos anteriores, com destaque ao facto de não
se ter dado tempo para pensar em alternativas. “Foi adoptado sem madura reflexão
o sistema dominante, o da democracia e a sua componente eleitoral. Ora, se há
valores que se podem dizer gerais, comuns como a liberdade, a igualdade, a não
discriminação, não se pensou suficientemente nos processos de escolha de
dirigentes”, disse. De acordo com Monteiro, os montantes dispendidos nas
eleições em alguns países são prodigiosos e fazem com que ganhe quem tiver mais
aliados financeiros. No entanto, disse que para o caso de Moçambique, “não estamos
tão mal, ainda vamos nas camisetas”. Monteiro fez questão em frisar que foi
esquecido que uma política dirigida à
equidade social é uma componente essencial da igualdade e que a democracia
postula. Neste prisma, aponta a existência de dois caminhos, sendo o primeiro o
do influxo de cima para baixo que, no seu entender, nunca vai resolver os
problemas porque a demanda sempre será insaciável. Outro, o do desenvolvimento
das capacidades produtivas existentes na sociedade, uma melhoria de rendimento daquilo
que é o saber existente na sociedade, um dos caminhos sendo a economia social,
associações, cooperativas, produção em blocos. Óscar Monteiro entende que não
se pode votar direitos e homens e não ver as necessidades do povo. Pelo que é
preciso que os governos não se esqueçam da base económica das suas populações
que é a agricultura e não os recursos minerais.
quinta-feira, novembro 27, 2014
Não só o Estado,cidadãos também têm as suas próprias preocupações
quarta-feira, novembro 19, 2014
Cristal opaco
Moçambique está atravessando um momento grave da sua história por causa
fundamentalmente de ausência de uma liderança com visão patriótica e
estratégica. Uma vez no poder, todo um país se transforma, no seu entender, em
seu quintal privado Tudo se resume à manutenção do poder por todos os
meios. Tudo se resume à recusa permanente de partilhar e compartilhar o país.
Tudo se resume à existência de uma clique que se julgava que tinha abocanhado o
país. Tudo se resume à inexistência de liderança proactiva. Tudo se resume à
subestimação da realidade e a jogos de cintura de um grupo que, desde Dar es
Salaam e Argel, passando por Nachingwea, convenceu-se de que Moçambique sem
eles não é Moçambique.O preconceito político, uma elite vazia e parasita,
incapaz de dar subsídios e de contribuir de maneira concreta para que o
desenvolvimento aconteça, acreditando que ao nível da região tem os apoios
necessários para se manter no poder, mesmo contra a vontade popular, está
efectivamente cavando a sua própria sepultura.Fala-se de democracia, e alguns
dizem que são partido defensor da democracia, mas, quando se verifica e se
analisa a maneira como decorreram as últimas eleições gerais, só se pode
concluir que democracia, para esta gente, significa conceber e executar fraudes
de todo o tipo. Manter o poder, mesmo que seja através da viciação pura e
cristalina, não envergonha quem perdeu esta palavra ao longo do percurso.Os
moçambicanos não querem desenterrar fantasmas, mas também não se esquecem dos
tempos do terror monopartidário e totalitarista, dos tempos dos grupos de
vigilância, dos tempos dos campos de reeducação, dos tempos das loja do povo e
das lojas dos responsáveis, dos camaradas e dos cidadãos de segunda.Manifestações
saudosistas de gente que estava habituada a espezinhar tudo e todos, gente
habituada a elogiar o chefe, para assim o controlar, gente que efectivamente
substituiu o fascismo por outro fascismo chamado marxismo-leninismo, em nome de
uma suposta pureza ideológica, quer continuar a subjugar os moçambicanos.Mas a
dinâmica histórica é imparável, e os povos aprendem e aperfeiçoam os seus
mecanismos de defesa. Há uma manifesta vontade de mudar, que os ditadores de
ontem e os camuflados de hoje não conseguem travar.Nada se resume à organização
de congressos e à vitória da manipulação ou à distribuição do poder entre os
acólitos e melhores seguidores.As migalhas que se entregam aos que concordam e dizem “sim” ao chefe não
satisfazem a maioria dos moçambicanos e jamais serão aceites por estes.A
República é incompatível com o culto da personalidade, e o que alguns ditos
deputados fazem no parlamento envergonha e enoja. Cantam e glorificam chefes,
como se isso fosse, em si, o que significa democracia e progresso. Enoja ver
gente adulta transformada em moleque incapaz de pensar e de honrar a sua
dignidade humana intrínseca.Temos problemas em Moçambique porque há gente que
supõe que é um imperativo nacional que governem.Apressam-se a assinar contratos
em fim de mandato, porque para eles governar é governarem-se.Inauguram obras e
não se cansam de viajar como se fossem caixeiros-viajantes. E depois dizem que
isso é governar. Convenhamos que já não enxergam.Não confiam em ninguém e não
admitem nem aceitam que exista opinião diferente. Contestar, para eles, é um
pecado mortal.Inquinaram instituições e estabeleceram esquemas corruptos e
perniciosos, tudo para se manterem no poder.Não é por acaso que nem o STAE nem a CNE sabem o paradeiro dos editais.Não é
por acaso que estudar ou conseguir emprego no país obedece a esquemas.Desde o
nascimento até à morte, o moçambicano tem de submeter-se a esquemas, para que
alguma coisa se concretize. Antes era o “deixa-andar”, agora é o “refresco”
para abrir caminhos.Será ganância ou medo de perder o acumulado que move e une
gente desavinda?

É urgente encontrar terapia apropriada para quem sofre de egocentrismo crónico.A
música de que libertaram o país já está gasta e o disco está riscado.Temos
muito respeito pelo que os combatentes da luta anticolonial fizeram, mas não
aceitamos que eles substituam o colono na forma como procedem e como governam o
país.Uma coisa é certa, não há como coexistir com tanta fraude e roubalheira
descarada. Outra coisa bem certa é que existem falcões interessados em
restabelecer as hostilidades político-militares, de modo a segurarem-se no poder
por mais alguns anos.Existem razões fundamentadas para recear alianças
regionais de partidos que não conseguem coabitar democraticamente.Luanda,
Harare, Pretória, Maputo, quando juntas, preocupam, porque afastam a democracia
e não se importam de mais guerras na região.Tudo vale para alguns camaradas, desde que garanta que o poder não lhes fuja
das mãos (Noé Nhantumbo)
Assombração!!!
Sul africanos na senda de "ataques" a Moçambique
DEA, pode ter operado em Maputo
A primeira leitura popular sobre o desaparecimento, na passada
quarta-feira, do empresário moçambicano Momad Bachir Sulemane, vulgo MBS, foi a
de que ele havia sido raptado por criminosos à solta que, dias depois,
exigiriam à família um resgate para a sua soltura. Cinco dias depois, a família
ainda não foi contactada pelos “raptores” e a Polícia moçambicana não tem
pistas sobre o paradeiro de Bachir, embora o Comando Geral da Polícia tenha
accionado “todos os meios” para se conseguir localizar o empresário, que também
é um dos principais financiadores das campanhas eleitorais do Partido Frelimo. Na TVM, um porta-voz da Polícia dizia que a corporação estava a
trabalhar no assunto.No quadro do modus operandis que caracteriza a indústria
do rapto em Moçambique, que cresceu violentamente nos últimos 3 anos, os
raptores já teriam feito um tal contacto (por regra, fazem-no até 48 horas
depois). Como isso ainda não aconteceu, adensam suspeitas de que MBS possa ter
sido vítima de um outro tipo de operação.

terça-feira, novembro 18, 2014
Quer entender isto?
O Conselho Constitucional (CC)
emitiu, a 11 de Novembro corrente, o acórdão nr. 11/ CC/2014, cujo conteúdo
anula a decisão anteriormente tomada pelo Tribunal Judicial Distrital de
Tsangano (TJDT), na província de Tete. A instância distrital tinha decidido que
a votação para as gerais e assembleias provinciais havida no dia de 15 de
Outubro passado deveria ser anulada e repetida em virtude das escaramuças e
vandalização das mesas de votação que se assistiu no dia da votação.A decisão
do órgão judicial distritalforatomadadepoisdeoórgão ter recebido uma exposição
da Frelimo, em que este partido pedia anulação do processo nas mesas onde
verificou-se a confusão movida, segundo a queixa remetida, por membros e
simpatizantes da Renamo naquele distrito. Recebida a exposição, o tribunal
decidiu anular sim o processo, mas, decidiu também que o processo deveria ser
repetido por entender que os potenciais eleitores prejudicados do seu direito
cívico, devem ter a oportunidade de escolher os seus dirigentes. Notificada da
decisão, a Frelimo decidiuremeterrecursoaoórgãojudicial distrital mostrando
discordância no ponto que diz respeito à necessidade de repetir o processo por
entender que os factores exógenos e endógenos que impediram um processo normal
de votação continuam intactas, ou seja, ainda não há condições para se votar
porque as pessoas continuam com medo de regressar aos postos de votação.“Persistem
até hoje em todo Distrito de Tsangano os factores exógenos e endógenos que
determinaram o Recurso Contencioso Eleitoral ao Tribunal do Distrito de
Tsangano; os membros da Renamo, seus Delegados de candidatura, militantes ou
simpatizantes continuam a intimidar , ameaçar e violentar verbal e fisicamente
a população e membros dos órgãos eleitorais com o objectivo de inviabilizar o
processo de apuramento parcial e intermédio junto da Comissão Distrital de
Eleições; constante intimidação aos membros das mesas de voto, delegados de
candidatura do partido Frelimo e permanente coação quer física quer verbal
sobre as pessoas ou eleitores nas ruas, povoados de Tsangano; nenhum Delegado
de Candidatura da Frelimo quer repetir a experiência amarga nem ambiciona
retornar ao trabalho junto daquelas mesas; as condutas criminosas e violentas
praticadas pela Renamo influenciaram gravemente o sentido do voto nas mesas e
criaram intimidação, temor nos potenciais eleitores” – enumerou a Frelimo, as
razões por detrás do entendimento de que a votação deveria ser anulada e
pronto, ou seja, anulação do processo sem, necessariamente, passar-se para a
repetição do processo.Impugnação prévia Entretanto, na análise do processo de
recurso, o CC entendeu anular completamente a decisão do juiz de Tsangano em
relação à matéria, pelo facto de não ter havido reclamação nem protesto na mesa
de votação. Ou seja, o CC entendeu que o TJDT nem sequer deveria ter analisado
a matéria emreclamaçãoporfaltadeimpugnação prévia. Na verdade, esta situação já
tinha sido vista pelo tribunal distrital, mas entendeu o TJDT que as
circunstâncias reais no terreno (excessiva violência) não davam qualquer
hipótese de os reclamantes pronunciarem-se nem verbal nem por escrito. “No
entanto da narração dos factos resulta que não houve oportunidade nem
capacidade para que as pessoas com interesse e legitimidade pudessem apresentar
suas reclamações ou protestos nem para que as respectivas mesas deliberassem,
conforme atesta o anexo número 1 do ofício næ% 01/ STAE/2014; na verdade
pode-se concluir que houve um protesto ou reclamação que não chegou a ser
tramitado por razões de força maior; o requerente não pode ser penalizado, pela
falta de cumprimento da impugnação prévia, visto não ter havido condições para
tal e porque o tribunal é o órgão imediatamente chamado a dirimir as
irregularidades do processo de votação, o recurso é de admitir”- assim entendeu
e decidiu o juiz do TJDT.
Rebatendo esta argumentação, os
juízes do CC entenderam invalidar as decisões do tribunal distrital por
entender que, não havendo condições na mesa de votação, os reclamantes poderiam
tê-lo feito junto da Comissão Distrital de Eleições, o que não aconteceu.“O
Meritíssimo Juiz do Tribunal Distrital de Tsangano, não deveria ter afastado o
pressuposto da impugnação prévia previsto no no 1 do artigo 192 da Lei næ%
8/2013, de 27 de Fevereiro, e no artigo 174 da Lei næ% 4/2013, de 22 de
Fevereiro, pois destas disposições imperativas, dependia o conhecimento do
mérito do recurso. Não tendo sido possível por justo impedimento, a
apresentação de reclamação ou protesto junto das mesas de assembleia de voto,
porém haveria possibilidade de protestar perante a Comissão Distrital de
Eleições de Tsangano, o que conforme os autos não se verificou” – anotou o CC,
condenado a posição do juiz de Tsangano.Aquando do pronunciamento do órgão, o
porta-voz do Tribunal Supremo, Pedro Nhatitima, anunciara a invalidação da
votação em Tsangano e deixava a decisão da repetição ou não da votação em Tsangano
nas mãos da Comissão Nacional de Eleições.Entretanto, ao que tudo indica, não
haverá chance de qualquer repetição do processo em Tsangano.(In MEDIAFAX
17.11.14)
CAN? É possível.
terça-feira, novembro 11, 2014
Renamo: um corpo com três cabeças
A Renamo submeteu ao Conselho
Constitucional, na passada sexta-feira, 7 de Novembro, o pedido anulação das
eleições gerais e provinciais de 15 de Outubro, por considerar que as eleições
foram fraudulentas.Em declarações a jornalistas depois de ter interposto
recurso em que considera as eleições fraudulentas, o mandatário da Renamo,
Andre Magibire, disse que o seu partido pretende ver
a justiça eleitoral reposta, “porque estas eleições foram as mais fraudulentas
jamais vistas em Moçambique”.A Comissão Nacional de Eleições, onde o recurso da
Renamo foi depositado, deverá encarregar-se do seu encaminhamento ao Conselho
Constitucional.A Renamo alega, no seu recurso, que houve registo de aparecimento
de boletins pré-votados a favor da Frelimo e do seu candidato presidencial,
Filipe Nyusi, enchimento de urnas, tumultos envolvendo a Polícia, e também
houve desaparecimento e falsificação de editais.Na passada terça-feira( 4), a
Comissão Nacional de Eleições havia considerado improcedente a reclamação que
havia sido submetida pela Renamo no passado dia 30 de Outubro, relativamente
aos resultados eleitorais de 15 de Outubro.Todos os recursos submetidos pela
Renamo e o MDM em todos os níveis dos órgãos eleitorais foram considerados de
improcedentes e extemporâneos.A Renamo já veio afirmar que não aceita nem
reconhece os resultados das recentes eleições nem a deliberação da CNE que
considera o recurso improcedente.Segundo Andre Magibire, tendo a Renamo submetido
o recurso no passado dia 30 de Outubro, a Comissão Nacional de Eleições, nos
termos da lei, tinha que responder num prazo de 48 horas, ou seja, até sábado
passado, mas isso não aconteceu.A Renamo acusa a CNE de ter levado cinco dias para
responder à sua reclamação, pelo que não reconhece a resposta, sendo por isso
que decidiu recorrer ao Conselho Constitucional, apesar de recentemente o
presidente daquele órgão, Hermenegildo Gamito, ter sido citado como tendo dito
que os partidos e os candidatos deviam reconhecer os resultados das eleições.

terça-feira, novembro 04, 2014
Esconder a doença? Ela está lá!!!
O número de votos brancos registados nas
eleições gerais de 15 de Outubro superou o total alcançado por 27 partidos
políticos que participaram do escrutínio, incluindo o Movimento Democrático de
Moçambique (MDM), que é a segunda maior força da oposição nacional.Das contas
feitas com base nos números do apuramento geral, constata-se que apenas a
Frelimo e a Renamo tiveram números maiores que os votos pelo “anónimo”. Os
números indicam que as urnas receberam um total de 749 105 votos em branco,
divididos entre a eleição presidencial e legislativas (sem incluir as
assembleias provinciais), enquanto os 27 partidos, incluindo o MDM, receberam
um total de 552 544, o que representa cerca de dois terços dos votos sem
preferência.Se aos votos em branco adicionarmos os
nulos após o processo de requalificação, os números simplesmente triplicam para
1 328 604, aproximando-se dos números alcançados pela Renamo: 1 495 137. Estes
números superam a soma dos eleitores das províncias de Inhambane e Cabo Delgado
juntas.Os votos em branco, que é o mesmo que não votar em nenhum dos candidatos
concorrentes, juntamente com os nulos, que são aqueles em que o eleitor deixou
uma marca que não exprime clareza em quem deposita o seu voto, figuram no
terceiro escalão de votos, depois dos números alcançados pela Renamo, e
distantes da votação para a Frelimo, que totalizou 2 575 995.
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