“De discursos está o inferno cheio”. Agora
queremos ver a concretização daquilo que mais interessa aos moçambicanos.
Queremos ver Armando Guebuza e Afonso Dlhakama comportarem-se como verdadeiros
líderes e darem com dignidade e responsabilidade o ponto final as hostilidades.
Assumirem que são ambos moçambicanos com direitos iguais. Mostrarem que,
enquanto moçambicanos, podemos e devemos conviver e desfrutar deste nosso
Moçambique. Mostrarem aos extremistas que tal via não leva a lugar algum.
Sossegarem a família moçambicana e incentivarem que se caminhe para aquela
concórdia essencial que nos levará a desenvolver o país, eliminarmos a
indigência e alguma da informalidade e improvisos que minam a agenda nacional.Este país tem tudo para dar certo, só que isso se
faz com a participação de todos e não a partir de falsos pressupostos como a
apregoada confiança política.Os obstáculos à paz efectiva foram removidos do
caminho, mas há que ter a consciência e sensatez de se assumir que isso, por si
só, não vai alterar um quadro disforme de coisas no país.Se há que saudar a paridade orgânica, há que ver
esse passo como parte de um processo que se aprofunda com abertura e trabalho.
Uma vez alcançada a paridade, o próximo passo deverá ser ter o país caminhando
para o reconhecimento da cidadania, da competência e da verticalidade.Foi a “maldita” confiança política que encheu o
aparelho de Estado de “camaradas” nos cargos de chefia e desestruturou o
Estado, abrindo caminho para o clientelismo e outras práticas nocivas. As
reclamações não atendidas dos cidadãos, a descriminação efectiva, a redução dos
processos vitais do país a um sistema monocromático causaram danos no tecido
social do país.
Moçambique aplaude os consensos alcançados e
espera ansiosamente pela assinatura solene do acordo político que põe termo às
hostilidades.Não há como não rejeitar proclamações como a de
Robert Mugabe, dizendo que Moçambique pertence à Frelimo. Isso é a mais abjecta
ingerência nos assuntos internos de Moçambique, que deveria merecer repúdio
diplomático do Governo de Moçambique. Moçambique pertence aos moçambicanos e
não à Associação dos Antigos Combatentes da Luta de Libertação Nacional.A evolução política do país, comportando
vicissitudes próprias, não precisa de conselheiros daquele tipo e estirpe.Os moçambicanos não têm medo de compartilhar o seu
país e no dia-a-dia convivem sem recalques nem atitudes xenófobas ou
discriminatórias. Têm sido políticos com agendas sinistras que empurram os
cidadãos para posições extremistas a seu favor. Os que se apoderaram do poder e
o exerciam como se fosse sua propriedade privada esqueceram-se de que tal poder
reside e emana do povo. São os cidadãos no seu conjunto que constituem a nação
tão desejada.Todas as mordomias, regalias e considerações que
recebem os titulares dos cargos públicos devem ser vistos como uma distinção
pelos sacrifícios que consentem ao cuidar da coisa pública.A transformação pragmática de mentalidades e
posturas deve acompanhar o crescimento dos entendimentos políticos de base no
país.O momento é de tamanha importância e seriedade que
a ninguém é permitido descansar enquanto a obra da paz não estiver construída.Há aspectos simples mas basilares quando se fala
de paz. Sem justiça não há paz. Sem tolerância não há paz. Sem democracia
política e económica não há paz.
Então, de tudo isto decorre que temos que cimentar
a paz com trabalho e responsabilidade.Chegou a altura de se mudar a cultura de
funcionamento dos órgãos do Estado e do aparelho de Estado.Engana-se que quem pensa que a simples paridade
vai trazer competência, rigor e responsabilidade.
Há que entender o acordo alcançado como um passo
na direcção certa, e essa é a da emulação da qualidade e do desempenho dos
moçambicanos, antes de se olhar para a sua filiação partidária.Os partidos devem ser vistos e entendidos como
plataformas de cidadãos conjugando dinamicamente ideias para servir os
cidadãos.Partido não é clube organizado para servir os seus
membros ou para distribuir favores e cargos, quando se vencem eleições.
Aprender com democracias mais avançadas, em que
cargos ministeriais são entregues a pessoas de partidos diferentes do vencedor
das eleições seria um primeiro passo. Olhar para um moçambicano com competência
singular numa determinada área e assumir que é o melhor para dirigir um
determinado ministério vai, de modo prático, educar os moçambicanos sobre o
valor da competência.Não vamos escangalhar o aparelho de Estado nem
procurar destruir a memória institucional, como uma vez se tentou, com os
desastrosos resultados que se conhecem. O que de bom existe é para manter.
Temos um Governo formal, com a sua orgânica e departamentos, desenhados para
atender os mais variados aspectos da vida social e governativa.Teremos os próximos dias e meses muito agitados e
com os partidos políticos engajados nas suas campanhas eleitorais.A maneira como o processo vai decorrer, o modo
como as forças políticas se comportarão são de suma importância para a
normalização e moralização da vida política no país.Sem batota e jogo traiçoeiro, sem embustes, mas
com responsabilidade visionária, é desejo e anseio que os deixem votar em quem
acreditam que possui o melhor projecto para governar o país nos próximos anos.Queremos uma “Quarta República” plena de
desenvolvimentos, com inclusão, tolerância e reconciliação da família
moçambicana.A mediocridade governativa e o clientelismo jamais
trarão desenvolvimento.Enterremos a “confiança política”, e seja semeado,
em seu lugar, o altruísmo e o patriotismo.Educar as gerações de hoje nos mais altos valores
democráticos e de cidadania é a fórmula mais adequada para desenvolver o país e
mantê-lo em PAZ. (N.Nhantumbo)
Estes dois compatriotas estão interessados em assinar um acordo de paz nas próximas 24 horas.
O Presidente da RENAMO provavelmente terá de deixar a sua base militar na Serra da Gorongosa e deslocar-se a Maputo para se encontrar com o Presidente da República de Moçambique , Armando Emílio Guebuza.O que mais interessa aos moçambicanos depois de um ano de mortes e destruição ,consequência dos combates entre as Forças Armadas e a guerrilha.
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