Nunca
imaginei que teríamos um ano eleitoral tão renhido e asfixiante como 2018. A
luta pelo pódio (só para não dizer pelo tacho e pelas regalias astronómicas)
está cada vez mais visível na esteira das eleições que se avizinham. Neste
momento, as máquinas políticas já se encontram parcialmente lubrificadas para
efectuar manobras arrepiantes e bombardear promessas intermináveis que
hipnotizam o imaginário de um povo que sofre calado, há anos. Depois das
eleições intercalares de Nampula que culminaram com a realização da segunda
volta, parece-me que os moçambicanos já estão quase para desvendar os segredos
do labirinto político nacional. Haverá muitas surpresas, em Outubro. Vamos
aguardar na sombra do tsek.
As
últimas aparições de Venâncio Mondlane e Gilberto Mendes já denunciam o
arranque do romance político com os munícipes da Cidade de Maputo.
Venâncio
Mondlane (VM), o chocolate quente de Deviz Simango, é um político com uma
robustez analítica, discursiva e persuasiva de quebrar o fôlego. O sonho de um
dia ser o presidente da Cidade das Acácias ou do país, persegue-lhe há bastante
tempo. Depois do K.O (derrota) que teve nas últimas Eleições Autárquicas de
2013, diante do actual presidente do Município de Maputo, David Simango,
Venâncio regressa ao xadrez político com uma estratégia política
blindada.
O
discurso (apelidado de bomba atómica) sobre a Conta Geral do Estado 2016, que
Venâncio proferiu na Assembleia da República (AR), mereceu destaque na sua
conta do facebook. Ainda no rol da campanha embrionária, Venâncio pronunciou-se
sobre o Relatório da Kroll, mostrou-se sensibilizado com a “manifestação” dos
vendedores do mercado Wankakana (no quadro da gigantesca ponte chinesa,
Maputo-Catembe) e reativou o seu espírito criativo, matemático, filosófico,
psicológico e sociológico sobre o aumento salarial definido, recentemente, pelo
Governo. No capítulo do recenseamento eleitoral, Venâncio inventou um
“telejornal”, por sinal, transmitido na sua conta do facebook que através do
qual diz: “Recensear-te habilita ao cartão de eleitor, a arma mais poderosa da
democracia. Recenseia-te e seja sujeito da tua própria história”. Portanto, no
âmbito geral, as aparições de Venâncio carregam muito aproveitamento político e
sempre com dosagem acima do normal no que concerne à crítica do actual modelo
de governação do partido no poder.
Relativamente
ao Gilberto Mendes, o clássico, estiloso, empresário e embondeiro do teatro
moçambicano, ainda não há muito “bla bla” sobre o seu modelo de campanha. Por
enquanto, ele está 98% relaxado. Limita-se a esbanjar humildade e carisma nos
“My Love” e mercados, nas ruas e barracas….Procura viver de perto a realidade
dos munícipes e, em nenhum momento lança críticas ao governo do dia. Para ele
tudo está numa boa, tipo aqueles actores da hollywood que se intitulam de
candidatos políticos e só aparecem a fumar charuto e de vez em quando tomam um
duplo de whisky. Ele é um suposto candidato que luta pela manutenção. Do
ponto de vista partidário, ainda é muito duvidosa a origem da suposta
candidatura de Gilberto Mendes, independentemente muita gente conhecer a cor da
sua camisola política. As suas historietas, no panorama político, são muito
escassas. Ele pode ter feito algumas cirurgias políticas, em anonimato, mas
ainda não se revelou como um político que corre numa velocidade de 1200k/h.
Será uma grande surpresa termos Gilberto Mendes como um dos candidatos às
eleições que se avizinham. Ele é um candidato “jovem” e com muito potencial
para dirigir o destino da capital do país e não só.
Os
dois candidatos estão empenhados no uso de diversas plataformas para veiculação
de suas ideias e, consequente, criação de fórum de debate. No facebook e
whatsApp existem “Amigos do Venâncio Mondlane” e “Gilberto Mendes e Amigos”,
são grupos que, neste momento, acolhem os ensaios da famosa escova de aço que
serve para dar brilho aos candidatos. No entanto, 2018 será um ano
histórico e realístico, cuja decisão dos votos está nas mãos de jovens, nas
mãos daqueles que nasceram em finais dos anos 80, concluíram a 12ª Classe/o
nível superior, mas andam sempre frustrados porque enfrentam dificuldades de
acesso à habitação e ao mercado de emprego e, até dão muitas cambalhotas para
criação de um negócio. Na verdade, os jovens querem um candidato político
jovem, um candidato capaz de trazer resultados concretos. Daqui a pouco
iremos ouvir muitas promessas. Alguns candidatos vão prometer três torneiras em
cada residência dos munícipes (a primeira torneira para água, a segunda para refresco/sumo
e a terceira torneira para cerveja/vinho). Outros vão prometer helicóptero para
transportar mulheres grávidas e piscinas em todas escolas primárias. Enfim, um
caso para dizer que na política tudo serve.
Por
isso, caros moçambicanos! Em Outubro, vamos votar bem, votar em função do
projecto político de cada candidato e não porque o candidato X é bonito ou paga
bem cerveja lá na esquina. Venâncio Mondlane e Gilberto Mendes são candidatos
fortes.
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