Senhor Secretário
Geral da RENAMO;
Senhores Deputados
da Assembleia da República;
Senhores Membros do
Corpo Diplomático Acreditado em Moçambique;
Senhores Membros da
Assembleia Provincial de Sofala;
Senhor Presidente
do Município da Beira;
Senhores
Representantes dos Partidos Políticos!
Família Dhlakama;
Caros Compatriotas;
Minhas Senhoras e
Meus Senhores.
A Nação Moçambicana
foi colhida de surpresa, na manhã do dia 3 de Maio de 2018.
Deixou-nos,
fisicamente, Afonso Macacho Marceta Dhlakama, Presidente da RENAMO, o maior
Partido da Oposição em Moçambique, vítima de doença!
Em nome do Governo
de Moçambique, do Povo e no meu próprio, lamento a perda de um compatriota que,
do seu modo, fez parte da História recente de Moçambique. Com a mesma
serenidade enfrentamos juntos o mesmo sentimento de luto. Esta é uma prova da
maturidade e do sentido cívico do nosso povo.
Compatriotas!
Em situações
difíceis como esta todos temos de ter a força e a lucidez para superarmos as
emoções que nos atravessam. Todas as nossas diferenças tornam-se, neste
momento, secundárias e irrelevantes. Somos um só sentimento, um mesmo
sentimento de Norte a Sul do país.
Como Moçambicanos
reconhecemos acima de tudo que, até à sua morte, Afonso Dhlakama tinha
convicções próprias sobre o pluralismo político em Moçambique. E que ele se
entregou inteiramente à defesa dessas convicções.
Caro Irmão
Dlhakama, filho mais velho do Régulo Mangunde! Homem incaracterístico na sua
visão, homem a quem a história de Moçambique reserva páginas indeléveis,
assinalando um percurso histórico; Perante o teu corpo inerte, recordamos que a
vida é um presente, uma dádiva que nos supera a todos nós. Essa dádiva termina
em qualquer momento como se a morte nos lembrasse que tudo o que temos como
certo é apenas o presente.
Quero reafirmar que
iremos prosseguir a obra que juntos iniciámos, isto é, a construção da Paz e o
reforço da democracia através do aperfeiçoamento da descentralização e
desconcentração.
Reafirmo a minha
disponibilidade de continuar com o processo de Desarmamento, Desmobilização e
Reintegração Social dos militares da RENAMO já iniciado. O fecho deste dossier
será sempre considerado uma obra colectiva dos Moçambicanos,
uma obra para a que
Afonso Dhlakama contribuiu até ao final dos seus dias.
O tempo que hoje
vivemos, tomamo-lo como fonte de inspiração e como uma oportunidade para
transformar Moçambique numa terra sem ódio, numa nação que sabe ser unida e
forte mesmo nos momentos mais difíceis e tristes.
A sua colaboração
no processo de Paz, mantém-se viva em mim. A sua voz não se desvanece, quando,
telefonicamente falámos, no passado dia 11 de Abril. E ainda ecoam em mim as
suas palavras: “Presidente, mesmo que haja dificuldades ou obstáculos, nunca
cortemos os laços de entendimento… o processo de paz não pode falhar…”.
Povo Moçambicano!
Que fique claro
que, com os moçambicanos, irei dar continuidade a todo o processo de construção
da Paz, juntamente com a nova liderança do Partido do Dhlakama, respeitando
sempre o quadro legal e institucional.
O diálogo que
juntos estabelecemos, as conclusões que alcançámos na presença da sua equipa
mais restrita, aquela que mesmo não fazendo parte das comissões formalmente por
nós estabelecidas, tudo isso constitui um património seguro para que o processo
de dialogo seja concluído a favor do Povo Moçambicano.
As pessoas que
acompanharam este processo de diálogo continuam connosco e os registos desses
encontros prevalecem como testemunho e como base para os próximos passos que,
juntos iremos dar. É esta a promessa que lhe queremos fazer.
Moçambicanas,
Moçambicanos;
Minhas Senhoras e
Meus Senhores!
Como Presidente de
todos os moçambicanos assumi desde o início o dever de criar uma cultura de
diálogo que sustentasse a construção da paz efectiva no nosso país.
Este processo já
deu passos decisivos e está a criar uma cultura nova de aceitação das nossas
diferenças. É preciso não esquecer que, ainda há pouco tempo, a violência e a
intolerância minavam as pontes do nosso entendimento.
Neste processo de
reconciliação Afonso Dhlakama foi-se revelando parceiro incontornável para
colocar um ponto final num passado carregado de suspeitas, de ódio e de mortes.
Com Afonso Dhlakama
mantive um diálogo próximo e intenso. Nessa interacção pessoal, procuramos
sempre aproximar os Moçambicanos em defesa dos interesses comuns que nos fazem
ser Nação. Soubemos definir, em cada passo, que aquilo que nos podia unir era
mais forte do que o que nos separava.
Nesse processo de
diálogo houve momentos de discórdia, de tensão e de muita pressão. Houve
questionamentos, houve dúvidas, houve confronto de ideias.
Não podia ser de
outro modo, pois sabíamos que estavam em jogo assuntos sensíveis e dos quais
dependia a vida do Estado Moçambicano e dos seus mais de 28 milhões de
habitantes.
Nesse debate
regular, fomos construindo confiança mútua. Nesse debate aprendemos a
respeitarmo-nos e a reconhecermo-nos como irmãos que partilhavam o mesmo
destino. Esse destino chama-se Moçambique. Ambos sabíamos que não havia senão
uma escolha enquanto compatriotas. E essa escolha chama-se Paz.
Quando a solução das
nossas discussões tardava, quando essas demoras exigiam a minha serenidade e
paciência, recordo-me do seu apurado sentido de humor que nos ajudava a aliviar
a tensão do momento e a vislumbrar novos caminhos.
A partida prematura
do nosso compatriota não deve constituir um revés neste processo de diálogo.
Estaremos honrando a sua memória, se soubermos concluir, de forma responsável e
célere, o diálogo político que agora se centra sobretudo no processo de
descentralização, no desarmamento, desmobilização e reintegração.
Aos nossos amigos
internacionais pedimos para que continuem a nos ajudar a respeitar as
diferenças do Moçambicanos para que o grande país se reencontre, e promova o
bem estar das gerações vindouras.
Moçambicanas,
Moçambicanos!
Afonso Dhlakama já
não se encontra, fisicamente, entre nós. Ficarão em todos nós as memórias da
sua vida, do seu percurso social e político, memórias que cada um de nós
guardará à sua maneira.
Da RENAMO,
esperamos que se assuma o espírito e a obra do seu líder e se honre a sua
memória, em palavras e actos. Esperamos prosseguir juntos os caminhos já
iniciados para a criação de uma paz efectiva, duradoura e sustentável em
Moçambique. Esperamos que os dirigentes da RENAMO encontrem a serenidade de que
precisam para se reerguerem da dor causada por este infortúnio.
Queridas e queridos
Compatriotas!
Há muito que tenho
sublinhado a importância do papel da oposição na governação em Moçambique. Não
se pode falar duma democracia sólida sem uma oposição sólida. Todos precisamos
de uma oposição construtiva e patriótica, de uma oposição que saiba colocar Moçambique
em primeiro lugar.
O diálogo político
implica ajustamentos e cedências, cedências alinhadas com os interesses
colectivos dos moçambicanos. O campeão pelo sucesso do diálogo só pode ser
Moçambique. O vencedor seremos todos nós. E ao vencermos poderemos, então,
recolher os frutos de um Moçambique unido, moderno e próspero.
Todos sabemos que
Moçambique, ao longo dos anos, perdeu muitos dos seus melhores filhos. O
diálogo que mantinha com o líder da RENAMO era uma homenagem a esses
moçambicanos cujas vidas foram eliminadas pela violência e pela intolerância.
Ambos sabíamos que
é imperioso virarmos não apenas uma página mas escrevermos uma outra narrativa
em que as diferenças políticas sejam vividas como um factor de respeito, de
agregação e de unidade.
Afonso Dhlakama não
foi apenas um dirigente político. Ele era também esposo, pai, chefe de família,
filho, irmão, tio, avó, companheiro e amigo dos seus amigos.
À viúva, aos
filhos, ao pai Régulo Mangunde, à família e aos amigos do Presidente da RENAMO,
Afonso Dhlakama, bem como aos membros e simpatizantes do seu Partido, a RENAMO,
endereço as nossas mais sinceras condolências.
Em nome do Povo
moçambicano, quero deixar palavras de reconhecimento a todos aqueles que tudo
fizeram, prestando apoio na tentativa de lutar contra a partida precoce do
compatriota Afonso Macacho Marceta Dhlakama.
O reconhecimento
vai, também para o grupo internacional de contacto, no âmbito do diálogo,
indicado por mim e pelo Presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama. A esse grupo agradeço
por tudo o que fizeram no terreno, na tentativa de ajudar o nosso compatriota
Afonso Dhlakama.
Não gostaria de
ignorar a disponibilidade imediata mostrada pelo irmão Cyril Ramaphosa,
Presidente da África do Sul, quando por antecipação, solicitei apoio caso fosse
possível a transferência de Afonso Dhlakama na fase final da sua doença.
Igualmente, ao
irmão Emmerson Mnangagwa, Presidente da República do Zimbabwe, que mesmo
tomando conhecimento tardiamente, acedeu ao nosso pedido, colocando à disposição
meios aéreos capazes de prestar qualquer apoio, mas igualmente não foi a tempo
de agir.
Em nome do Governo
de Moçambique, quero manifestar os agradecimentos aos Presidentes e outras
individualidades de outros cantos do Mundo, que nos dirigem mensagens de
condolências e de conforto. Em nome de todo o povo, muito obrigado a todos.
Nós os moçambicanos
podemos e devemos fazer o melhor para este país. Nós os moçambicanos queremos e
devemos viver juntos e em harmonia. Nós os moçambicanos em paz devemos trabalhar
para melhorar a qualidade das nossas vidas. Em Moçambique haja justiça para
todos os que habitam este solo pátrio.
Descanse em Paz,
Caro Irmão, Afonso Macacho Marceta Dhlakama!
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