Em Agosto do
ano em curso, o Centro de Integridade Pública (CIP) denunciou más práticas no
sector do turismo em Vilankulo, na província de Inhambane. De acordo com esta instituição
de pesquisa, os empresários deste sector são implicados em esquemas onde
pontificam a empresa de construção SHM e os complexos turísticos Águia Negra e
Pescador. O CIP revelou que o sector contribui com apenas cinco porcento do
total das receitas fiscais da província, principalmente, pelo facto de parte importante
dos pagamentos pelos serviços serem efectuados fora do país. Quase dois meses
depois, o empresário e operador turístico do distrito de Vilankulo, Yassin
Amuji, vem a público reforçar estas denúncias, bem como acrescentar que naquele
ponto do País há estâncias que foram construídas para depois serem
completamente abandonadas. Esta prática leva Amuji a duvidar se o interesse destes
investidores é dinamizar o sector ou simplesmente usar o turismo para o
branqueamento de capitais. Outra hipótese levantada por Yassin Amuji é a
possibilidade destes investidores pretenderem adormecer o sector do turismo em Vilankulo.
“Não podemos
excluir a possibilidade da penetração de assassinos económicos no nosso país.
Ou seja, de pessoas que se fazem passar por investidores enquanto o seu real
objectivo é adormecer o sector em benefício dos concorrentes a nível regional”,
afirmou. Para o empresário, da mesma forma que Vilankulo foi considerado uma zona
especial para o investimento no sector do turismo, pode haver quem esteja a
procurar inviabilizar o crescimento o sector. Ainda de acordo com Amuji, nos últimos
17 anos, para além de não ter atingido o boom necessário, o sector naquele
distrito ficou estagnado. Existem estâncias que parecem abandonadas e há crimes
ambientais flagrantes como é o caso de um complexo construído à beira mar cujas
águas das piscinas são drenadas para o mar. Trata-se de um local onde,
curiosamente, as populações locais apanham amêijoas para o consumo e
comercialização.
Perante este
cenário de desordem, Yassin Amuji lamenta o silêncio quase que ensurdecedor das
autoridades locais. Nem o município, muito menos as autoridades ambientais
aparecem para condenar e impor ordem no sector. Para este operador turístico é
incompreensível que ate hoje haja lodges com contas bancárias fora do país.
“Penso que aproximadamente 90% dos operadores turísticos de Vilankulo tem
contas no exterior. Ou seja, os pagamentos são feitos no exterior o que
facilita a fuga ao fisco”, acrescentou. Para Amuji, as autoridades devem
proibir que as estancias tenham contas no exterior, bem como a hospedagem de
páginas de internet foram do país.
“Veja que na
Ponta de Ouro, província de Maputo, muitas estâncias tem as suas páginas de internet
hospedadas na África do Sul e os contactos que lá constam são de operadoras
sul-africanas. A mão dura do Estado deve pesar sobre estas práticas. Há muitas instituições
ligadas ao turismo
que deviam
agir mas não o fazem”, concluiu.
Elísio Muchanga
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