Respeitados combatentes da luta de libertação nacional
(de Moçambique), compatriotas!
Nesta hora de passagem de testemunho na gestão das
conquistas do povo heróico de Moçambique, da vossa geração do 25 de
Setembro—para as novas gerações, peço a vós, respeitados veteranos da luta de
libertação nacional, para que tenhais MUITO cuidado com as alianças que fazeis.
Este pedido surge porque há sinais de que a Frelimo
está a enfrentar uma luta interna pelo poder, luta esta que tem um potencial
para ser fratricida. Na composição do actual Comité Central da Frelimo e também do actual Governo de Moçambique, há
"crocodilos" preparando o assalto ao poder por uma escória do
colonialismo português que sobrevive nas hostes da Frelimo, desde a mesma (a
escória do colonialismo) se infiltrou na Frelimo nos primórdios.
Eu estou sabendo que essa escória do colonialismo
português ainda nas hostes da Frelimo é que terá instigado a fundação desta
organização (a Frelimo), a partir daqueles três movimentos (MANU, UDENAMO e
UNAMI) como a única frente de luta pela "independência" de
Moçambique. É isto que explica o protagonismo que essa escória do colonialismo
vive reclamando na condução da agenda da Frelimo.
O termo "independência" vem entre aspas no
parágrafo anterior, porque há evidência indicando que a iniciativa de instigar
a união dos movimentos nacionalistas moçambicanos numa única frente foi
primeira da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), que era o
serviço de inteligência do Estado colonial português. Os colonialistas
portugueses pensaram que na impossibilidade de aparar o movimento
independentista nas então-colónias portuguesas, era preferível que fosse o
próprio regime colonial português a formar movimentos pseudonacionalistas e
colocar na sua liderança indivíduos nativos da confiança do regime colonial
português. É assim que o regime colonial fascista português inicia, na segunda
metade da década de 1950, o recrutamento e treino de certas pessoas que mais
tarde iriam integrar os tais movimentos pseudo-nacionalistas e os controlar por
dentro, para inviabilizar o projecto de independências efectivas dos
verdadeiros movimentos nacionalista, que entretanto estavam em formação em
quase todos os territórios que eram colónias portuguesas. Esse recrutamento foi
feito de uma forma muito dissimulada que alguns dos recrutas que integraram
esse programa nem se deram conta de que estavam a ser preparados para o
objectivo de inviabilizar a independência efectiva dos seus países.
E como acabar com a dominação dos nativos pelos
europeus fosse o objectivo dos independentistas, a luta pelas independências
das colónias em geral—em todo o mundo—era uma luta de classes, qual prevista na
teoria sócio-económica-política de Karl Marx. Assim, para que a estratégia de
infiltração de agentes da PIDE nos movimentos independentistas das
então-colónias fosse bem sucedida, era necessário o plano de infiltração
contemplar a instrução dos potenciais agentes em marxismo(-leninismo) ou
"socialismo científico". (Alguns dos recrutas que participaram desse
programa da PIDE tanto gostaram da teoria marxista sobre organização da
sociedade e da economia que acabaram desertando a PIDE e começaram a agir por
contra própria, procurando identificar-se com a causa da independência efectiva
das suas terras de nascimento, mas reclamando para si o controlo do poder
político. É precisamente a esses que eu trato por "escória do
colonialismo" português em Moçambique.)
No caso de Moçambique, Eduardo Mondlane só foi
convidado abraçar a causa da liberdade do seu povo quando o regime colonial
português despachou para o campo de operações o primeiro contingente desses
agentes da PIDE treinados em marxismo. Afinal, a FREnte de LIbertação de
MOçambique (FRELIMO) acabou adoptado o "socialismo científico" como
sua linha de orientação político-ideológica por conta desses agentes da PIDE
nela (FRELIMO) infiltrados desde os primórdios.
É preciso destacar que o Eduardo Mondlane não fazia
parte desse grupo de agentes da PIDE. Porém, sendo nessa altura funcionário das
Nações Unidas, era uma figura incontornável para o regime colonial português.
Além disso, Eduardo Mondlane contava com a simpatia dos verdadeiros
nacionalistas do Sul de Moçambique, não só por ser desta região, mas sobretudo
por causa do seu ascendente académico; e a PIDE sabia disso. Foi assim que,
relutantemente, a PIDE urdiu um plano para que o Eduardo Mondlane fosse
convidado para dirigir a frente que resultaria da união dos movimentos
independentistas moçambicanos (MANU, UDENAMO e UNAMI), que regime colonial
português contava poder controlar através da PIDE. A visita de Eduardo Mondlane
a Moçambique, no primeiro trimestre de 1961, ocorreu nesse contexto. Só assim
se explica a "hospitalidade" com que ele (Eduardo
Mondlane)—"preto indígena" (porque não era assimilado!)—foi recebido
pelas autoridades coloniais portuguesas em Moçambique.
Ocorreu que, coincidentemente, Eduardo Mondlane
colocou como condição, para aceitar o convite para se juntar à causa da
independência de Moçambique, que os três movimentos que entretanto eram
conhecidos nessa altura (a PIDE sabia da existência) se unissem numa única
frente de luta, contanto que que a causa era comum. É aqui onde o plano da PIDE
começa a ficar ameaçado, pois desde logo ficou claro que seria difícil ter
Eduardo Mondlane a dirigir essa projectada frente nacionalista—que veio a
chamar-se FRELIMO—sob o comando secreto do regime colonialista português.
Outrossim, Eduardo Mondlane sabia que, para conseguir o apoio popular e
assegurar a conquista da independência efectiva de Moçambique (que a PIDE
pretendia inviabilizar), era necessário que a causa da luta dessa frente não
fosse apenas a conquista da independência nacional de Moçambique, mas também a
construção de um Estado Novo com orientação político-ideológica pró-justiça
social, e nessa altura o socialismo (esquerda política) é que estava em voga.
Por outras palavras, Eduardo Mondlane compreendeu que era preciso que a frente
que estava prestes a nascer (a FRELIMO) fizesse uma rotura política total com
Portugal. É assim que se explica que quando a FRELIMO se forma e o Eduardo
Mondlane torna-se seu Presidente, a PIDE vê o seu plano de conceder uma
pseudo-independência a Moçambique cair por terra. Isso precipitou a morte de
Eduardo Mondlane por assassinato urdido pela PIDE, a pedido de seus agentes
infiltrados na FRELIMO.
Eduardo Mondlane pressentiu que seria mártir da luta
pela independência efectiva de Moçambique, dai que na linha de sucessão na direcção
da FRELIMO tinha proposto (i) Uria Simango, (ii) Joaquim Chissano e (iii)
Armando Guebuza. Mas os últimos dois eram ainda muito jovens, razão pela
Eduardo Mondlane os fez substituírem-se como seus assistentes particulares. O
Uria Simango era, portanto, o imediato sucessor de Eduardo Mondlane na direcção
da FRELIMO, em caso da morte deste último. Isto é, Samora Machel não estava nas
preferências de Eduardo Mondlane como seu sucessor (...).
Como, então, é que Samora Machel fica sucessor de
Eduardo Mondlane na liderança da FRELIMO?
Evidência disponível nos arquivos da PIDE já
desclassificados indica que, com o assassinato de Eduardo Mondlane, o regime
colonial português tentou retomar o controlo da FRELIMO, através dos agentes da
PIDE nela (na FRELIMO) infiltrados. São esses agentes da PIDE infiltrados na
FRELIMO que desde o princípio instigaram conflitos tribais entre os militantes
da frente nativos de Moçambique. Samora Machel sem compreender como, é
idolatrado em consequência de uma campanha de endeusamento levada a cabo por
esses agentes da PIDE infiltrados na FRELIMO, exactamente porque no seu plano
queriam que fosse ele (Samora Machel) a ficar no lugar de Eduardo Mondlane como
"líder" da frente (i.e. da FRELIMO). Pensaram eles (os infiltrados da
PIDE na FRELIMO), erradamente, que seria mais fácil manipular e controlar
Samora Machel, quiçá subestimado por causa do seu baixo nível académico.
Engaram-se, como o tempo lhes provou mais tarde, e por isso também eliminaram
Samora Machel de uma forma muito sofisticada, e eles (agora feitos simples
escória do colonialismo dentro Frelimo) continuam vivinhos da silva até hoje.
A seguir à ascensão de Samora Machel para a liderança
da FRELIMO, os agentes da PIDE que urdiram secretamente essa ascensão, fizeram
de tudo para culpabilizar o Uria Simango pela morte de Eduardo. O plano inicial
desses agentes da PIDE infiltrados na FRELIMO era que o Uria Simango fosse
morto; inclusivamente, alguns dos elementos que tinham trabalhado directamente
com Eduardo Mondlane e eram da sua confiança pessoal tinham que ser também
eliminados fisicamente. (Joaquim Chissano era para morrer juntamente com
Eduardo Mondlane, mas o plano falhou...!) Felizmente, os serviços de
inteligência tanzanianos, auxiliados por serviços secretos de países que
apoiavam a causa genuína da FRELIMO, interceptaram esse plano e informaram ao
Julius Nyerere (então Presidente da Tanzania). Este ficou zangado ao saber
desse plano macabro e tratou de advertir os seus mentores que se o mesmo (o
plano) fosse executado, a FRELIMO seria expulsa da Tanzania. É assim que o Uria
Simango escapa temporariamente a execução e foge da Tanzania e procura outro
exílio (…). Mas o plano de eliminação das figuras que tinham trabalhado
directamente com Eduardo Mondlane na direcção da FRELIMO não parou por ai. Os
agentes da PIDE infiltrados na frente (i.e. na FRELIMO) levaram a cabo o seu
plano, mas já no campo de batalha, no interior de Moçambique. Aquela lista inicial
de heróis nacionais (moçambicanos de gema) cujos restos mortais jazem na Praça
dos Heróis, na Cidade de Maputo, é de combatentes assassinados no âmbito da
execução desse plano. As escaramuças tribais que eclodiram na sem Dar-es-Salam,
envolvendo militantes da FRELIMO, e que culminaram com a morte de Mateus Sansão
Muthemba, faziam parte do plano urdido por esses agentes da PIDE infiltrados na
FRELIMO para tomar o controlo desta frente. Hoje, esses fulanos não passam de
que escória do colonialismo que viraram com o passar do tempo, ainda no seio
desta organização, mas felizmente sem protagonismo relevante, exceptuando fazer
algumas barulho nos órgãos de comunicação social "independentes",
paridos no advento do projecto de construção do Estado de Direito Democrático
em Moçambique. Joaquim Chissano e Armando Guebuza também eram visados por
aquelas escaramuças entre militantes da FRELIMO em Dar-es-Salam, mas escaparam
milagrosamente, o que veio a revelar-se crucial para a viabilidade da FRELIMO
como um movimento verdadeiramente nacionalista, pois mais tarde os dois
ajudariam Samora Machel a manipular inteligentemente o cerco que lhe estava
sendo imposto por elementos daquela escória do colonialismo português que
tinham urdido o plano para o colocar na liderança da FRELIMO, sem que ele
soubesse ou lhes conhecesse as verdadeiras intenções.
Agora, de volta ao meu pedido aos veteranos de luta de
libertação nacional (de Moçambique), é preciso continuar a vigiar de forma
cerrada e bem perto essa escória do colonialismo português que ainda milita nas
hostes da Frelimo (Partido). A luta dessa escória por ter o controlo da Frelimo
e de Moçambique continua. A estratégia dos elementos dessa escória do
colonialismo português em Moçambique continua a ser a mesma: colocar na
liderança da Frelimo e de Moçambique alguém que possa ouvir só a eles (e se for
uma MULHER melhor ainda, assim pensam eles!), de modo que possam ter o controlo
efectivo de tudo neste país. Se vós, veteranos da luta de libertação nacional
(de Moçambique) que sóis verdadeiros nacionalistas, que sóis «moçambicanos de
gema», permitirdes que essa escória do colonialismo português volte a ter
influência nas decisões que a Frelimo toma sobre o futuro de Moçambique e do
seu povo, então adeus independência, adeus liberdade, adeus, soberania, enfim,
adeus todas as conquistas da luta que travastes e dedicastes toda a vossa
juventude para que todos nós (moçambicanos) pudéssemos ser livres e sonhar com
uma vida cada vez melhor. Por favor, não permitais que a liderança e o poder da
Frelimo sejam hipotecados a fanáticos ideológicos à mistura com uma corte de
pseudopolíticos e empresários gananciosos que já começam a infiltrar-se nos
órgãos do Partido (Frelimo) e do Estado. Cuidado! Essa gente sem escrúpulos
pode e vai hipotecar, sem vacilar, todas as vossas/nossas conquistas, se lhes
cederdes a cadeira do poder!
Enfim, é preciso e urgente que fique claro que a
actual crise financeira internacional, que é de todo o mundo, mas que afecta
Moçambique de modo excepcionalmente duro, devido à fragilidade da nossa
economia doméstica, está a ser aproveitada por aquela escória do colonialismo
português a que fiz referência neste meu pedido, agora coadjuvada pelos seus
acólitos (velhos e jovens), para enfraquecer o poder do Presidente Filipe Nyusi
na liderança da Frelimo e do Governo e Estado moçambicanos. A juventude
moçambicana, particularmente a liga juvenil da Frelimo—a OJM—, tem que ser
instruída para saber e reconhecer que na Frelimo há uma escória do colonialismo
que tudo tem feito, desde os primórdios, para inviabilizar a luta do povo
moçambicano pela independência, liberdade e justiça.
Finalmente ainda, anotai que objectivo central dessa
escória do colonialismos português em Moçambique é assumir o controlo da
Frelimo e de Moçambique em proveito próprio, já que ao colonialismo português
não pode mais servir na presente ordem política internacional. A visão míope
dos líderes inconfundíveis dessa escória do colonialismo em Moçambique é de que
se forem eles a controlar a agenda política deste país então o progresso será
acelerado. Eles ignoram completamente os obstáculos que são deliberadamente
colocados às economias fracas pelos monopolistas do capital Ocidental.
Consequência da sua instrução em marxismo ou socialismo científico, os
componentes dessa escória do colonialismo português em Moçambique ainda
acreditam, erradamente, que a igualdade é o ideal adequado na luta pela justiça
social. Não entendem que a justiça só pode ser prática de vida onde as pessoas
são verdadeiramente livres e vivem em harmonia social. Actualmente, em
Moçambique, só a Frelimo entende que o ideal de uma luta justa é soma da
liberdade com a paz efectiva e permanente. É exactamente porque os elementos
dessa escória do colonialismo português em Moçambique não entendem este ideal
original dos verdadeiros nacionalistas moçambicanos, e, portanto, da Frelimo
que estes ajudaram aqueles a fundar—mas estes últimos por um objectivo nobre,
nomeadamente a conquista da independência, liberdade e soberania efectivas—,
que aqueles (elementos da escória do colonialismo) não param de fazer críticas
sem sentido (razão porque não colam) ao Governo de Moçambique e à liderança da
Frelimo, mormente desde a morte de Samora Machel. Tentaram sem sucesso
instrumentalizar Joaquim Chissano e Armando Guebuza; agora estão a tentar
instrumentalizar Filipe Nyusi. Se não não conseguirem dominar Filipe Nyusi, vão
tentar substituí-lo por outra pessoa que eles possam controlar,
preferencialmente uma mulher com simpatias no Ocidente!
Agora mesmo para fechar: por favor, veteranos de luta
de libertação nacional, atendei este pedido dos vossos filhos; não deixai a
Frelimo e Moçambique ficar sob controlo de nenhuma escória do colonialismo! Eu
confio em vós, qual vós e eu juntos confiamos no Filipe Nyusi, que vós
conduzistes à liderança da Frelimo! Agora vós e nós, vossos filhos sóbrios,
vamos todos juntos ajudar o Filipe Nyusi a comandar a tripulação do nosso barco
rumo ao progresso sustentável. A escória do colonialismo pode, entretanto,
continuar entre nós até um dia, já que não há como negar que a mesma (escória)
esteve na génese da Frelimo, ainda que os seus objectivos não fossem nobres.
Vós e nós, vossos filhos sóbrios, vamos continuar a lutar incansavelmente e
sempre vigilantes para que os objectivos nobres da Frelimo—nomeadamente
organizar e guiar o povo moçambicano na sua luta (i) pela conquistar e defesa
da independência (total e completa, soberania inclusa!) e (ii) pela vida em
liberdade, paz (efectiva e permanente!) e justiça—prevaleçam.
Aqui ficou o meu pedido. (Juliao Joao Cumbane in facebook)
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