sexta-feira, outubro 19, 2012

Dhlakama:o mesmo final que Savimbi?

Domingos Abrantes, pastor da Igreja Baptista Independente de Moçambique, considerou ontem,  em entrevista ao "DM,  ser preocupante o facto de a Renamo ter reagrupado os seus soldados e o Afonso Dhlakama ter recolhido ao mato, pois esta situação é uma clara indicação de regresso à guerra.
Referiu que as reivindicações podem ser resolvidos na base do diálogo e não sob ameaças de armas, pois,  no seu entender, existe espaço para que as partes cheguem a um acordo em torno das reclamações apresentadas. O pastor Domingos Abrantes entende tratar-se de uma simples ameaça da Renamo e do seu respectivo líder, na medida em  que este último não conseguirá permanecer nas matas durante muito tempo pelo facto de ter provado o sabor da vida da cidade, as boas companhias e todo um conjunto de mordomias que desfruta.  “Está a tentar fazer pressão para que o Governo ceda às suas reivindicações, mas se o Governo não ceder, acredito que a Renamo não vai permanecer durante muito tempo no mato” – disse o pastor Abrantes, o qual acrescentou que,  para além de estar habituado a viver na cidade, Afonso Dhlakama não possui homens capazes de desencadear uma guerra e sacrificar suas vidas.“Não quero acreditar que haja hoje países que queiram ajudar a Renamo, que queiram sustentar uma guerra. Portanto, os problemas dos moçambicanos devem ser resolvidos por meio do diálogo. A Frelimo deve sentar e conversar, mas não pode ser sob pressão das armas, mas sim pela voz da razão” – indicou Domingos Abrantes.Abrantes considerou que os moçambicanos, incluindo os desmobilizados e comandos da Renamo, estão hoje preocupados com o melhoramento das suas condições de vida e não pelo derrame de sangue.
Um outro entrevistado, Isaías Macuacua, estudante da Universidade Pedagógica, corroborou com o pastor Abrantes, afirmando haver necessidade de as partes encontrarem mecanismos de solucionamento das reivindicações da Renamo.“É verdade que estamos sempre habituados a ouvir o líder a dizer que vai fazer isto e aquilo. Mas é necessário tomar a peito as suas palavras, porque podem resultar em acções concretas” – disse Isaías Macuacua.Adiante afirmou que,  apesar de durante 20 anos estar a frequentar as cidades moçambicanas, o líder da Renamo pode permanecer nas matas, pois este está habituado a esta vida, daí que tudo pode acontecer. “O Governo precisa ceder e atender às reclamações da Renamo para evitar banho de sangue, pois se assim acontecer, o povo é que vai sofrer” – indicou o nosso entrevistado.
O terceiro interpelado foi Luís Zacarias, funcionário público, que sobre o assunto afirmou que o reagrupamento dos comandos da Renamo é uma ameaça que pode culminar em uma guerra sem precedentes.“É preciso dialogar para que isso não venha a acontecer.

Provavelmente o Dhlakama queira mesmo mostrar que ainda tem forças para lutar. O Governo deve dialogar com a Renamo para pôr ponto final às reivindicações da Renamo que, na verdade, não são de hoje” – precisou o nosso entrevistado.
Refira-se que durante as comemorações dos 33 anos da morte de André Matsangaissa, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, afirmou que não sairá do seu novo acampamento até que o Governo resolva todas as suas reivindicações.
Dhlakama que, entretanto, ordenou a realização de uma parada de demonstração de prontidão militar aos seus comandos, afirmou que não vai atacar a ninguém, mas poderá fazê-lo caso seja provocado pelas tropas governamentais.

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