É um problema que pode resultar de políticas descoordenadas do Governo. As comunidades de Sena, no distrito de Caia e de Nhansato, no distrito de Muanza, todos na província de Sofala, por onde atravessa Linha de Sena, reclamam o facto de não haver estações (paragens) de comboio de transporte de passageiros e carga por onde passa. Estes dois pontos, são atravessados pela linha férrea, mas o comboio não pára. As pessoas querem que o comboio também as sirva e não seja só para transportar carvão para exportação. Querem que os comboios que devem servir as comunidades tenham em conta que há zonas ainda não servidas que também passem a ter estações de caminho-de-ferro.Às terças-feiras e sábados de cada semana, há um comboio que sai da Beira, passa pelo Dondo e vai até Savane. Nas sextas-feiras, existe um outro que passa de Muanza, Inhaminga, Nhantenga, Marromeu, por aí em diante.
Nas zonas do interior por onde o comboio passa e não pára, produz-se muito, desde mandioca até madeira em tronco. Há ainda muitos mariscos capturados na praia de Sambazoi que não são aproveitados. Uma paragem do comboio poderia ajudar a escoar os produtos locais para outros mercados defendem os locais.Quem vive, por exemplo em Nhansato, (Muanza) para apanhar o comboio deve-se deslocar 18 quilómetros para a estação de Semacueza ou andar 12 quilómetros até à estação de Duma.“O comboio que vai a Marromeu, devia parar por aqui. Produzimos muita mandioca que podíamos vender à unidade fabril que agora compra mandioca no Dondo”, disse Tina Major. Esta unidade produz biocombustível a partir de mandioca. Foi inaugurada recentemente.O posto administrativo de Sena dista 60 quilómetros da Vila-Sede de Caia. O posto é atravessado a meio pela linha férrea mas a população só vê o comboio a “passar”. Os produtores e comerciantes locais pedem para que o comboio pare pelo menos cinco minutos em Sena para escoar seus produtos.Fernando Luis, residente de Sena, disse que o comboio passa um pouco distante. E desse local para Tete, paga-se 150 meticais de passagem no comboio. Em Tete, vão vender esteiras, cabritos, galinhas e de lá trazem batata, cebola, repolho e outros produtos frescos produtos em Tete, mas não só.“Temos crianças que para chegarem a uma escola devem ir de bicicleta. Mas se os comboios parassem um instante podíamos usar como meio de transporte”, disse.Igual situação se vive na localidade da Pedreira, região predominante agrícola. Aqui produz-se repolho, couve, alface, gergelim, milho, mas a distância de uma para outra paragem faz com que os produtos se deteriorem. Joaquim Chau, disse que no seu celeiro, tem 20 sacos de gergelim, 35 sacos de milho quer ir comercializar noutros locais mas n´~ao consegue usar o comboio.“Se tivéssemos estradas ou paragens de comboio perto podíamos escoar os produtos. Os carros vêm e param a uma distância de 20 quilómetros e temos que transportar o produto de bicicleta para Gorongoza”, disse, recordando que no mês passado um carro de saúde que levava vacinas para crianças acabou desistindo de entrar devido ao precário estado das vias de acesso. (C. Saúte)
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