sexta-feira, novembro 20, 2020

Fecalismo drena milhões

Moçambique gasta anualmente cerca de quatro mil milhões de meticais (cerca de 54 milhões de dólares) com problemas relacionados com saneamento do meio inadequado. Um dos maiores problemas deriva das mortes prematuras por cólera e doenças diarreicas resultantes da falta de higiene e saneamento adequados, com impacto directo na produção e produtividade.

Este dado foi tornado público quinta-feira, em Guro, pela governadora da província central de Manica, Francisca Tomás, durante a cerimónia de declaração oficial de distrito livre de fecalismo a céu aberto. Guro é o primeiro distrito, dos 154 existentes no país declarados livre de fecalismo a céu aberto, volvidos nove anos de intenso trabalho para eliminar esta prática que constitui um atentado a saúde pública. Neste período, cerca de 10 mil comunidades foram verificadas como estando livres de fecalismo a céu aberto em todo o país, enquanto outras cinco milhões de pessoas vivem em melhores condições de higiene e saneamento do meio.

Guro faz parte dos 18 distritos onde a abordagem para a eliminação de fecalismo a céu aberto foi bastante difundida e com resultados muito positivos.Estas acções resultam dos esforços do governo com o apoio directo do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), um investimento orçado em mais de 21,3 milhões de meticais. A eliminação do fecalismo a céu aberto e melhoria do saneamento do meio naquele distrito foi possível graças ao envolvimento das comunidades, particularmente líderes comunitários, alunos, professores e outros intervenientes para a mudança de comportamento e eliminação de práticas que atentam contra a saúde pública. Os distritos de Macossa e Manica estão a trabalhar nas comunidades para atingir o estatuto de regiões livres de fecalismo a céu aberto.

“Alcançamos este estatuto, o que é muito bom. Mas o importante neste momento é saber mantê-lo. Mobilizar as famílias que chegam para o cumprimento de todas as medidas para que possamos viver em comunidades livres do fecalismo a céu aberto”, disse Tomás. A governante referiu que o marco importante foi alcançado graças ao empenho do governo na coordenação do programa de promoção do saneamento do meio assistido pelo UNICEF, parceira chave ne implementação da iniciativa, que envolveu estruturas locais, lideranças comunitárias, religiosos e outros intervenientes, incluindo as comunidades, desde o ano de 2008.

“Neste processo foram introduzidas abordagens que consistiam num líder comunitário, uma comunidade livre do fecalismo a céu aberto. São um total de 234 líderes e cada um devia garantir a sensibilização da população a terem uma latrina, um aterro, um porte de pratos para uma vida saudável'. “Estas acções tiveram um impacto positivo na vida da população. 

Como resultado, melhoramos os padrões de saúde das comunidades, com a redução de doenças de origem hídricas, bem como a ausência de eclosão da cólera”, lembrou a governante.

A representante da UNICEF e parceiros de cooperação e desenvolvimento, Maria Luísa Fornara reconheceu os esforços do governo na melhoria das condições de saneamento das famílias moçambicanas. Afirmou que segundo dados do censo da população de 2017, cerca de 6,5 milhões de pessoas que vivem nas zonas rurais e urbanas praticam o fecalismo a céu aberto e carecem ainda de serviços mínimos de saneamento.“Estas práticas constituem uma grande ameaça a saúde pública, a dignidade humana e contribuem bastante para a ocorrência de diarreias como cólera. Cerca de 88 por cento de casos de mortalidade infantil a nível global em crianças com menos de cinco anos de idade está relacionada com doenças diarreicas que poderiam ser evitadas com a melhoria do saneamento seguro”, disse.“Como parceiro continuaremos a fazer esforços no combate à estas práticas e a nossa saudação vai para o governo na implementação dos objectivos de desenvolvimento sustentável caracterizado pela expansão do acesso aos serviços básicos de saneamento e a eliminação do fecalismo a céu aberto até 2025 e o acesso universal dos serviços básicos de saneamento seguro e higiene, em 2030”. O reconhecimento de Guro como distrito livre de fecalismo a céu aberto acontece no dia em que o mundo assinala o dia internacional das latrinas.Guro têm um universo de 100 mil habitantes, com quatro postos administrativos.

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