Somos arrogantes, pretensiosos, temos a mania das grandezas e a cada passo dado em falso envergonhamo-nos e somos reduzidos à nossa insignificância.Orgulhamo-nos de desdenhar a história de Eusébio, Coluna, Matateu e Hilário porque “esses não são moçambicanos, são portugueses”, mas nada fazemos para que os “nossos” Chiquinhos, Caltons, Ali Hassanes, Tico-Ticos, Dários e Zainadines sejam respeitados como referências de um país que, desportivamente, se respeita e faz-se respeitar pela humildade, organização, união, foco e trabalho.
Era uma vez um campeonato nacional de futebol de Moçambique, o MOÇAMBOLA, que decorre sempre aos sobressaltos e sobrevive dos “murros na mesa” de um chefe de estado apaixonado pelo futebol e cultuador da unidade nacional. Quando o campeonato arranca existem duas certezas: a de que em algum momento a continuidade estará ameaçada por falta de fundos; e a de que a prova chegará ao fim porque o presidente da república agita os mundos, os fundos aparecem como que por artes mágicas e o sobressaltado campeonato lá soluça até à meta.Anda-se numa espécie de rodízio de justificações e conjuga-se o verbo MENTIR até à exaustão. Quando se garantiu estar reunida a verba para se custearem as despesas dos clubes era falso e quando disseram haver condições para se competir em plena pandemia, afinal, na verdade, era mentira! A economia do país já de si debilitada não tem como sustentar os rigorosos protocolos sanitários que permitem que o regresso do futebol seja viável como acontece, por exemplo, noutros países que, sem a nossa mania das grandezas, são mais organizados do que nós. Este ano NÃO conseguimos ter o MOÇAMBOLA em andamento… suspeitamos que começa em Janeiro, não sabemos se o mesmo será disputado por 11 ou por 14 equipas, não levamos o licenciamento dos clubes a sério e, mesmo assim, queremos os “mambas” a golearem os Camarões, a disputarem a final da CAN e já agora, exigimos que o Costa do Sol ganhe a liga dos campeões africanos.
Precisamos de UNIR os amantes do futebol porque a família está desfeita. Para crescermos, de facto e não precisarmos de fingir que somos grandes temos que aceitar a nossa “pequenez” sem complexos de inferioridade mas como um ponto de partida, uma referência para planearmos e estruturarmos as coisas à nossa medida, para podermos desenhar projetos realistas que caibam dentro dos recursos disponíveis e de outros que possam ser gerados pela qualidade dos mesmos. Bastar-nos-á sermos capazes, eficientes e competentes.Temos que saber copiar os modelos de outros países que já foram pequenos como nós, mas hoje agigantam-se pela visão, pelo trabalho, pelas realizações e acima de tudo pelo caminho que pavimentaram para continuarem a sustentar o seu crescimento . Poderemos ser grandes, um dia, mas precisamos de começar colocando os pés no chão. (LANCEMZ)
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