1. Ontem ouvi
o líder da Renamo a descartar o governo de gestão e preferir avançar com a
região autónoma Centro/Norte.
2. Logo hoje
pela manhã uma delegação da Renamo e do Governo estavam a retomar as
negociações no Centro de Conferências Joaquim Chissano SEM pontos adicionais:
nem governo de gestão nem proposta de autonomização regional.
3. Acabei de
ouvir agora da STV "tarde informativa " o líder da Renamo a
reconhecer que este país tem um governo, o Governo da Frelimo, que ele não
reconhece [desconsiderem a contradição].
b) Qual é o
“mandato” que a liderança da Renamo obteve do povo: criar uma região autónoma
CENTRO/NORTE; negociar com a Frelimo um governo de gestão ou negociar com o
governo da Frelimo para terminar o processo de desmilitarização da Renamo e dos
restantes pontos de agenda?
Quando há
dias encorajei os deputados a tomarem posse, ou quando critiquei a Renamo por
adoptar estratégias auto-destruidoras ou quando disse claramente que as
exigências da Renamo (Governo de gestão ou dividir o pais) eram não só
inviáveis como anti-estratégicas, houve quem se riu de mim, acusou-me de estar
a “mudar de lado” ou adoptar medidas “camaleónicas”. Na verdade, esta
estratégia de pressão apenas ridiculariza a quem acredita nela; a quem
cegamente se atira contra tudo e todos aqueles que a denunciam. Ela é inviável
e apenas contribui para expor os milhões de moçambicanos ao risco de vida por
causa da violência imanente na sua linguagem; ridiculariza a quem o povo guarda
expectativas para salvaguardar a paz. Ridiculariza também os que se consideram
pensadores da Renamo pois é sabido que eles não têm nenhum papel a desempenhar
neste festival de incoerências.
Não será
favor nenhum se a Renamo não regressar a guerra. Não será favor nenhum se a
Renamo abandonar as suas ameaças de dividir o país. Não foi favor nenhum
Dhlakama dizer que abandonaria as suas intenções de um governo de gestão.
Porque são exigências à partida quiméricas, impensadas e sem nenhuma estratégia
acompanhante.
O favor que a
Renamo deve prestar aos moçambicanos é PARAR de falar besteiras e concentrar-se
nas negociações no centro de conferências Joaquim Chissano donde pode tirar
alguns ganhos concretos para si e para os cidadãos; ordenar a retoma dos
deputados aos assentos parlamentares para flexibilizar a constituição das
comissões de trabalho e da presidência da AR; reorganizar o partido, que nunca
se reuniu a sério desde o último congresso da Renamo em 2009 e definir uma
estratégia de mobilização política a nível nacional.
Se a Renamo
não fizer já, fará mais tarde. Porém, nesta altura, TODOS, inclusive aqueles
que até hoje acreditam piamente na viabilidade destas propostas, dizia, TODOS
terão compreendido da situação patética pela qual a Renamo os teria feito
passar.
O público da
Renamo não deve ser levado a acreditar sempre que é a Frelimo quem lhe rouba
votos. O público da Renamo também deve acreditar que o seu partido é capaz de
subverter a estratégia fraudulenta da Frelimo e ganhar o poder político por
vias legais. Aqui sim, as cabeças da Renamo têm espaço para pensar.
O público da
Renamo não deve nunca ser convencido que a única estratégia para suplantar a
Frelimo é por via armada. O público da Renamo deve entender que a violência é o
recurso do mais fraco e que no mundo civilizado em que vivemos, precisamos de
apurar as nossas estratégias de sobrevivência para ganharmos o adversário
político.
A liderança
da Renamo não deve se especializar em transmitir ao seu eleitorado mensagens
lúgubres, de reclamações e justificações sobre as várias razões da sua derrota,
muito menos avançar medidas divisionistas ou separatistas. Ao público da
Renamo, a sua liderança deve apresentar soluções pacíficas; estratégias
ganhadoras e mobilizadoras.(Egídio Vaz)
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