quinta-feira, março 03, 2022

Tudo é complicado,


………um ucraniano que segurava uma grande bandeira vermelha e preta, com o símbolo da Ucrânia. Era do Exército Insurgente Ucraniano, força nacionalista que lutou contra ambos os lados na Segunda Guerra Mundial, recorrendo à colaboração com os nazis e acusada de assassinar judeus e polacos.

…………no conflito israelo-palestiniano, em que a ocupação dura há tanto tempo que muitos já a tratam como se não o fosse. Há sempre alguém que me explica que de um lado há uma democracia e do outro não.  ......................

Mas a primeira resposta que dou é sempre a mesma: há um ocupante e um ocupado e eu sei de que lado estou quando isso acontece. Dou este exemplo, mas poderia dar o de outras guerras e ocupações passadas e presentes que agradariam mais a uns ou a outros. ………………………

………… também me fazem chegar informação verdadeira, meio-verdadeira, falsa ou simplificada, por ignorar o contexto, sobre a vida política ucraniana – curiosamente, menorizam coisas piores na Rússia. A existência de milícias neonazis integradas nas forças armadas (o que leva ao salto lógico de transformar o presidente ucraniano, que até é judeu, num nazi), a proibição do Partido Comunista ou a discriminação da minoria russa, com o encerramento dos canais em língua russa, por exemplo. ............................


Nem o regime criminoso de Saddam me impediu de ser contra a ocupação do Iraque, porque haveria o olhar que tinha sobre o Presidente da Ucrânia, democraticamente eleito em 2019 (e não imposto por qualquer golpe Estado em 2014, como alguns insistem e afirmar), impedir que me opusesse sem adversativas a esta ocupação?...................

Não passam de oportunistas políticos que aproveitam a guerra para castrar qualquer debate racional. Não é de agora. Sempre foi assim nas guerras. Não é só a verdade que é a primeira baixa, é o pensamento. ………………………

Nem sempre é tão claro num conflito militar, mas há um agressor e um agredido. Houve outros no passado? Houve. Alguns que agora se indignam não se indignaram ou até estiveram do lado do ocupante? Sim. E isso muda o quê? …………………………


Temos de estar atentos a passos definitivos que aproveitam a dificuldade do debate. E eles começam a ser dados. Quem não se lembra das medidas securitárias e violadoras dia direitos humanos depois do 11 de setembro? ……………………………

E sabemos esta verdade insofismável: há um ocupante e um ocupado. E é por isso que, sem precisar de outras considerações, espero que o povo ucraniano continue a resistir e nós a apoiá-lo. E que o povo russo consiga derrubar o ditador. Em tudo o resto podemos e devemos discordar. Nisto também, claro. Mas nessa discordância, e só nela, se traça uma fronteira moral. ..................................

(D.Oliveira/extractos de opinião)

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