segunda-feira, julho 19, 2021

Deu o berro

Os proprietários de restaurantes em Maputo opõem-se ao novo horário de funcionamento que o governo moçambicano impôs no âmbito da sua batalha para restringir a propagação da doença respiratória Covid-19, e alguns deles reagiram suspendendo os contactos de trabalho dos seus quadros. Anteriormente, os restaurantes podiam abrir das 6h00 às 20h00, mas ao abrigo das novas medidas, anunciadas quinta-feira pelo Presidente Filipe Nyusi, todos os restaurantes deverão encerrar até às 18h00.

A justificativa para esta alteração é que permitirá aos trabalhadores do restaurante regressar a casa antes do início do toque de recolher noturno, às 21h00, e evitará a aglomeração de multidões nos restaurantes que poderiam constituir um ambiente favorável à propagação do vírus.

Mas donos de restaurantes entrevistados pela estação de televisão independente STV protestam, dizendo que seu horário de maior movimento é precisamente entre 18h00 e 20h00. Dizem que é nessa época que muitos clientes costumavam jantar fora, mas ninguém vai a um restaurante jantar antes das 18h00. Eles argumentam que o novo horário de fechamento levará a uma queda em suas receitas e pode, eventualmente, forçá-los a fechar totalmente as portas. Alguns dos entrevistados pelo jornal afirmam já conhecer casos de suspensão de contratos de funcionários de restaurantes.   “Não sabemos por quanto tempo podemos suportar essa situação”, disse o dono de um restaurante, Lino Machava, que temia que a situação piorasse,    Outro, Nélio Manuel, sugeriu que os restaurantes teriam de se “reinventar” e passar a fazer entregas ao domicílio.

As igrejas em Maputo, no entanto, não levantaram oposição à decisão do governo de proibir todos os serviços religiosos pelos próximos 30 dias. Em vez disso, os líderes religiosos disseram à STV que consideravam o fechamento das igrejas uma “medida oportuna” para evitar a disseminação da Covid-19. O bispo anglicano Carlos Matsinhe disse que a proibição “não é um problema, porque é uma medida que visa proteger a saúde de todos, proteger a vida dos fiéis religiosos e do povo moçambicano em geral”. O padre católico Geraldo Uaiare concordou, declarando que a Igreja Católica “é uma instituição que trabalha para o bem de todos”. Mesmo com as portas da igreja fechadas, as entidades religiosas estão pensando em maneiras de os fiéis acompanharem os cultos em formato digital.

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