segunda-feira, janeiro 06, 2020

Tshisekedi ,Lourenço e Dokolo

Resultado de imagem para tshisekedi drc
O congelamento das contas bancárias do empresário congolês Sindika Dokolo, marido e sócio de Isabel dos Santos em diversas empresas também arrestadas pelo Tribunal Provincial de Luanda obrigou o Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi a vir este domingo a Angola para avaliar as consequências destas medidas. O apoio ao combate à corrupção que está a ser desencadeado pelo Presidente João Lourenço está contido no comunicado final do encontro, mas ficou também claro que Tshisekedi não tirou um domingo para estar durante algumas horas em Benguela apenas para se colocar ao lado do seu homólogo angolano.“Pressionado internamente, ele veio exercer aquilo a que em termos de direito internacional, se chama proteção diplomática de um seu cidadão cujos interesses foram afetados por uma decisão de um Estado estrangeiro” – revelou ao Expresso fonte diplomática angolana. Não é por acaso que mais de dois terços do comunicado final da visita, tenham sido dedicados ao repatriamento de capitais. E que nesta senda, Tshisekedi tenha aproveitado a oportunidade para manifestar a sua preocupação em relação aos interesses detidos em Angola por Sindika Dokolo.

A investida diplomática do Presidente da RDC, para alguns analistas, não é, no entanto, alheia ao cerco que está a ser agora montado em torno dos negócios do império que o seu compatriota partilha quer em Angola quer no estrangeiro, com a filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos.
Imagem relacionadaMas, João Lourenço não deixou de aproveitar a oportunidade também para vincar bem claro que a porta do diálogo esteve sempre aberta e que, tanto Sindika Dokolo, como a mulher, Isabel dos Santos e outros detentores de riqueza ilícita, preferiram não acatar o período de graça estabelecido pela lei de repatriamento de capitais.Tshisekedi reconheceu ter havido “magnanimidade por parte do Estado angolano ao estabelecer um período de seis meses para o repatriamento de capitais” não aproveitado “ em devido tempo” pelos infratores. “Esticaram em demasia a corda, e Tshisekedi, que está vulnerável no seu país, acabou por receber agora a única resposta possível, que se resume nas garantias do direito de defesa, por parte de Sindika, dos seus interesses em sede judicial” – disse ao Expresso um advogado que acompanha esse dossiê.
A margem do Presidente congolês para influenciar o desfecho deste caso a favor de Sindika parece, no entanto, afigurar-se, reduzida e problemática. Se, por um lado, tem de responder à pressão da oposição interna que não morre de amores por Luanda, por outro lado, tem no Presidente João Lourenço uma das “apólices de seguro” da sua manutenção no poder.
Resultado de imagem para tshisekedi drc joao Lourenco
“E ainda tem pendente com Angola o estabelecimento de um entendimento para a exploração da zona comum de exploração petrolífera” – lembra uma fonte governamental, que acompanhou o encontro de Benguela.
Para alguns especialistas, o conflito que opõe o Governo ao casal angolano-congolês chegou agora a um ponto tal que, não havendo mais espaço para o diálogo, já só uma discussão judicial poderá pôr termo à ruptura. Como?
Para o jurista Jorge Frederico, pagando a parte que é apresentada como faltosa e que é devida ao Estado.

Imagem relacionada“O casal pode ainda fazer a confissão da divida, pedir o apuramento e a liquidação e a partir daí limparia tudo quer no plano nacional, quer no plano internacional. Bastaria ir a um banco russo ou até poderia dar como garantia o próprio património” – acrescentou aquele causídico. Mas, Isabel dos Santos e o marido não parecem dispostos a baixar os braços. Para uma fonte próxima do casal, este olha agora para o Tribunal Arbitral Internacional como uma janela aberta que poderá vir a proporcionar um desfecho deste caso a contendo dos seus interesses.

“Não podemos esquecer que pode haver arbitragem sobre os contratos da Galp e da Sodiam e, nestes casos, é avisado saber que, tal como aconteceu com o Fundo Soberano, o Tribunal Arbitral tem outros critérios de avaliação, que não coincidem com os critérios dos nossos tribunais” – advertiu um especialista em arbitragem.

0 comments: