A Ministra moçambicana do Trabalho, Helena
Taipo, disse que os migrantes não devem ser vistos como pessoas que tiram
emprego aos nacionais, mas sim como factor adicional para o crescimento das
economias. Falando na abertura do Diálogo sobre Migração para a África Austral
(MIDSA), que arrancou hoje em Maputo, Taipo disse que a migração laboral é um
fenómeno real que veio para ficar, particularmente num mundo que se caracteriza
por uma economia globalizada. “Na nossa região, a preocupação deve ser como
enquadrá-los positivamente nas nossas agendas, porque um migrante 'e factor
adicional para o crescimento das nossas economias”, afirmou a Ministra. De
acordo com a Organização Internacional do Trabalho, no mundo, cerca de 214
milhões de pessoas vivem fora dos seus países de origem, o que representa mais
do que o dobro das estimativas de há 25 anos.Na África Austral não existem
estatísticas específicas sobre o fenómeno, mas sabe-se que a região tem sido um
dos maiores focos de movimentos migratórios mistos, quer internacionais, quer
inter-regionais, de migrantes oriundos, principalmente, do Corno de África e da
Região dos Grandes Lagos. “Em alguns casos, estes grandes fluxos migratórios representam, para os
Governos da Região, uma ameaça à própria segurança, pois, alguns promovem o
crime organizado e outros males associados”, disse a Ministra.A governante
defendeu a necessidade dos estados membros da Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral (SADC) negociarem acordos de trabalho bilaterais e que façam uma
revisão e avaliação das políticas, legislação e acordos existentes, como são os
exemplos de Protoloco da SADC sobre a Facilitação de Pessoas e a Carta Social
sobre os Direitos Fundamentais dos Trabalhadores.“Igualmente, mostra-se
importante que os Estados membros investiguem a viabilidade da portabilidade
das pensões e dos benefícios da segurança social e incorporar as suas cláusulas
em todos os instrumentos e protocolos da SADC”, disse a Ministra.Ela destacou
ainda a importância de se desenvolver um modelo para a transferência de
remessas dos migrantes mais rentável e menos burocrático para os estados
membros da SADC.Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), na
SADC, os migrantes laborais, particularmente os migrantes irregulares,
raramente usufruem dos mesmos serviços básicos que os trabalhadores locais.
Eles trabalham frequentemente em condições exploratórias, pois aos governos
nacionais lhes falta capacidade de aplicar leis contra a exploração.“Os fluxos
de migração laboral bem geridos, a protecção dos direitos dos trabalhadores
migrantes e respostas eficazes a uma migração irregular, podem resultar em
benefícios mútuos para os migrantes e os Estados”, disse o director regional da
OIM para África Austral, Bernardo Mariano.Mariano disse que a sua organização
continua empenhada em promover a coordenação regional e o diálogo sobre a
gestão da migração na região e, nesse sentido, o evento de dois dias que
decorre em Maputo é parte desses esforços.Realizado sob o lema “Melhorar a
Migração Laboral Intra-Regional para o Desenvolvimento Social e Economico da
Região da SADC”, o encontro visa discutir deliberações que possam resultar numa
melhor capacidade dos estados da SADC em abordar a migração de forma abrangente.
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