Os cidadãos moçambicanos têm um nível baixo de
apoio à democracia no país, apesar desta realidade ter melhorado ligeiramente
nos últimos anos.Esta é uma das constatações do inquérito de opinião pública
sobre Qualidade da Democracia e Governação em Moçambique realizado pela
organização Afrobarómetro, uma rede Pan-africana de pesquisadores e analistas
de inquéritos de opinião pública que no pais é coordenado pelo Centro de
Pesquisas sobre Governação e Desenvolvimento (CPGD).A pesquisa lançada hoje em
Maputo mostra que, apesar da democracia ser o regime mais preferido pelos
cidadãos em relação a qualquer outra forma de governo, o seu apoio ainda é
fraco. “O baixo nível de comprometimento democrático dos cidadãos em
Moçambique deve-se, em parte, provavelmente ao baixo nível do comprometimento
das elites políticas pela democratização do país”, disse Carlos Shenga,
pesquisador do Afrobarómetro Moçambique.Segundo Shenga, devido a essa falta de
comprometimento, continua, por exemplo, a não ser o Chefe do Governo – que é
igualmente o Chefe do Estado – a prestar contas ao parlamento, conforme manda a
Constituição, mas sim o Primeiro-Ministro, que é assistente do Chefe do Governo.Por
outro lado, Shenga disse que a composição da Comissão Nacional de Eleições e do
Conselho Constitucional integra membros apontados pelos partidos políticos com
base na sua representação parlamentar, o que reduz a imparcialidade desses
órgãos.Moçambique é abrangido pelas pesquisas da Afrobarómetro desde 2002 e os
resultados em apreço são parte da quinta ronda do inquérito, realizado em 2012,
e que envolveu um total de 2400 participantes de todo o país, entrevistados em
cinco línguas, incluindo o Português (lingua oficial no pais).Falando a
jornalistas sobre o inquérito, Shenga disse que apenas 35 por cento dos
entrevistados dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a democracia no
país e o nível daqueles que estão satisfeitos baixou significativamente de 2002
a 2012.Por outro lado, o nível de satisfação com a democracia daqueles que
estão muito satisfeitos aumentou em 2005 e 2008, mas baixou em 2012.Os
resultados mostram ainda que de 2005 a 2012 reduziu de 35 por cento para 23 por
cento a percentagem de pessoas que acreditam que Moçambique vive uma democracia
completa, enquanto aumentou de 13 para 23 por cento a percentagem referente
àqueles que pensam que o país vive uma democracia com maiores problemas. A pesquisa mostra ainda que as liberdades de expressão e de filiar-se a uma
organização política estão abaixo da metade e baixaram de 2008 a 2012. Enquanto
isso, a liberdade de votar sem sentir-se pressionado está acima da metade.Apesar
destas questões, os inquiridos entendem que o país já esteve numa situação
pior, particularmente na altura do monopartidarismo, e prevêem uma melhoria do
estágio da democracia no futuro.
0 comments:
Enviar um comentário