segunda-feira, março 29, 2010

Cuidado com os frustrados

Sérgio Vieira, director-geral do Gabinete do Plano de Desenvolvimento da Região do Zambeze (GPZ) advertiu para o surgimento na província de Tete de grupos de frustrados e que podem alimentar o crime organizado. O veterano da Frente de Libertação de Moçambique, o último ministro da pasta da segurança no tempo do Presidente Samora Machel, falava num recente seminário de reflexão sobre o impacto dos grandes projectos de investimento. Segundo o orador o actual sistema de ensino dá aso ao surgimento de legiões de diplomados frustrados, descontentes e incompetentes, resultando em actos de racismo, regionalismo e tribalismo. “O que acontece em países como a França, Argélia e África do Sul, pode também acontecer em Moçambique”, afirmou, numa alusão ao fundamentalismo islâmico e xenofobia. Sérgio Vieira, conhecido pela sua relutancia quanto ao papel do FMI em Moçambique, referiu que a formação técnica está nivelada por baixo, contrastando com os níveis pré-universitário e superior, que abundam, dando como exemplo a cidade de Tete onde há mais faculdades que padarias. Segundo a sua visão, os mega-projectos estrangeiros dão poucas possibilidades de os moçambicanos tirarem proveito dos recursos disponíveis, podendo resultar ao que considerou de síndroma nigeriana, com aparecimento de gangues que sabotam oleodutos, sequestram técnicos com apoio popular. Exemplificando com actual realidade, recordou alguns sinais nesse sentido como o desaparecimento de peças da linha férrea de Sena, em Doa, distrito de Mutarara, para a sua utilização na pesca artesanal no rio Zambeze e o roubo de cabos eléctricos. O antigo governador do Banco de Moçambique nos anos oitenta, advogou o recurso à “Cláusula Ouro”, que permite ao Estado exigir aos investidores a cedência de 40% do capital, podendo passar para os nacionais, através dos municípios, distritos e provinciais, onde se encontram os empreendimentos. Sérgio Vieira,natural de Tete, o mais velho dos três filhos de dona Nini – Sérgio, Gabriela e... José – este último, uma figura conhecida nos meandros da alta roda artística portuguesa (Jet7).

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