quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Os heróis da minha história

Sempre ouvi dizer “antes um covarde vivo, que um herói morto”, e que alguém só é herói de guerra porque morreu… mas estarão todos os heróis, de facto, mortos? Neste feriado dos Heróis Nacionais, é grande o alarido à volta do mesmo: combatentes mortos na guerra de libertação, homens de coragem, cujo amor à pátria e sonho de liberdade para o seu povo era tamanho que estavam dispostos a dar a vida para atingir esse objectivo. Entre estes, o destaque, é claro, para Eduardo Mondlane. Este ano , nesta data, 3 de Fevereiro, é declarado 2011 o ano de Samora Machel com a construção de uma estátua em cada capital de província. A sua biografia é, mais uma vez, passada a pente fino, numa tentativa de descobrir algo novo, algo que até hoje não se sabia. Mais um ano em que se ouve, das bocas de cada criança a frequentar o ensino primário: “Samora nasceu em Xilembene, dirigiu a Luta de Libertação , e foi o primeiro Presidente de Moçambique”. Não pretendo, com o presente artigo, desmerecer a pessoa de Samora ou Mondlane, muito menos as sua obras. Longe de mim, pois considero-os como a incorporação de princípios que fazem falta na nossa sociedade actual (sim, falo de Moçambique , em 2011 ).A minha ideia ao elaborar este texto era honrar outros heróis. Não aqueles que morreram a lutar pelo país há mais de 35 anos (estes já monopolizaram a atenção dos media ), mas sim aqueles que todos os dias nas suas lutas privadas, lutas pela sobrevivência da sua descendências, luta pelo bem-estar pessoal, lutas, quaisquer que elas sejam, contribuem, sem saber, para o país. Falo de homens e mulheres que acordam todos os dias para chegar a horas no trabalho, que levam os seus filhos à escola (filhos esses que, segundo o próprio Samora, são “as flores que nunca murcham ”, que intervêm na sua comunidade… falo de colegas que vi esforçarem-se na escola, destacando-se pelas notas brilhantes, mas também pelo seu carácter, colegas que eu sempre vi como exemplos a serem seguidos, e que tiveram grande peso na minha formação de base (secundária, principalmente) … falo de professores que, mais do que apoio académico, acompanharam-me, e ainda o fazem, de forma protectora e segura… falo de avós que fazem vestidos e têm sempre um sorriso para toda a gente… falo de amigos que nos ouvem e estão lá quando precisamos, mesmo que eles também tenham os seus próprios problemas…Podia continuar indefinidamente, mas a lista não teria fim.Portanto, neste dia, saúdo e presto homenagem a todos os meus heróis, não àqueles cujos nomes são conhecidos por todas as crianças do ensino básico, mas aos que fazem parte do meu dia-a-dia, da minha vida.Mesmo que a História não se lembre do vosso nome, vocês farão sempre parte da minha história.

0 comments: