segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Mais do que as palavras!

Os Seminários não são a solução dos problemas.
Uma conclusão há muito que se chegou mas que só agora e timidamente alguns gestores do estado vão reconhecendo publicamente.Isto para dizer que a afirmação do Governador da província moçambicana de Sofala a este respeito não é novidade. Acredito que a sua observação no encontro sobre a apresentação de Pesquisas Tecnológicas, Alternativas e Modalidades de Gestão Adequada para Construção de Casas nos Distritos tenha sido mais para despertar os seus colaboradores.“Devem existir soluções no sentido da construção. Gastamos tantos recursos financeiros para deslocar dirigentes afim de participarem em seminários mas, a questão é rentabilizá- los em benefício das comunidades” – disse Alberto Vaquina.
De acordo.
Mas é preciso também mudar o formato e conceito de um Seminário.O Seminário é uma reunião de especialistas, para debater um tema resultante de um problema presente ou iminente. Isso implica exposição, discussão, equacionamento do problema, levantamento de possíveis soluções. Estar num Seminário é estar em igualdade de condições ainda que, na sala, estejam “super-cabeças”, ou detentores de títulos academicos. A condução de um seminário tem que ser sempre, sob o risco de não ser seminário, democrática. A tarefa do presidente da mesa é de conduzir os trabalhos de forma disciplinada dando a palavra àqueles que desejarem expressar as suas ideias de forma livre. Não há necessidade deste impôr uma solução na sua perspectiva e única. Esta tem sido a pratica e perante a ordem do chefe ou do patrão, o profissional sente-se pressionado a resolver um problema para o qual as suas ideias não forma tomadas em consideração.O dirigente/politico não se pode esquecer que diante de um problema, o seu colaborador vive de consulta de livros,manuais técnicos, catálogos e, se necessário, faz consultas a ex-professores e colegas mais antigos. Reflecte a respeito de tudo o que encontrou e, assim, pode demonstrar os seus verdadeiros conhecimentos, competência e habilidades sobre o assunto.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Médico & paciente

A Liga dos Direitos Humanos em Moçambique alerta que divergências no sector de saúde afecta a relação médico-paciente. “Algo que acaba demonstrando que existe alguma falta de políticas claras para o sector tem a ver com uma polémica envolvendo o ministro da Saúde e o pessoal médico, concernente aos horários de trabalho. Atitudes destas acabam por prejudicar os utentes desses serviços, uma vez que os seus profissionais acabam trabalhando sem motivação para tal” – refere o relatório anual de 2008. Se calhar esta pode ser uma das causas que levem ultimamente à contestação de certos actos médicos nos hospitais em Moçambique. Aquí vem ao de cimo a ética, pois a medicina é pautada por princípios éticos e técnicos. A ética tem importância no estabelecimento de normas para a convivência pacífica entre as pessoas. No caso específico da profissão médica, em primeiro lugar estão os interesses dos pacientes, que devem estar acima a dos médicos. Os interesses da classe devem sobrepor-se aos individuais.Um médico é obrigado a respeitar a deontologia médica. O Juramento de Hipócrates não é mais que a síntese da deontologia em que se assume um compromisso público para com colegas, sociedade, comunidade internacional e para si mesmo. Importa lembrar de que o início do processo que finalizou com o assassinato do presidente Salvador Allende do Chile, e a posterior instalação da ditadura de Pinochet, foi uma greve médica. Os projectos na área da saúde traziam benefícios sociais, mas estava a originar um declínio da medicina privada.O Estado promove a saúde, previne as doenças, assiste e reabilita os doentes. Os médicos ao optarem trabalhar para o Estado é para exercer uma função de interesse social.

Mal, mas falem de mim!

O Presidente da Renamo , deu a conhecer,que pretende fixar a sua residência na Cidade de nampula. Afonso Dhlakama diz que é necessário estar perto da população para conquistar e preparar o eleitorado para os próximos pleitos eleitorais.Segundo Dhlakama, a sua intenção será materializada brevemente e contactos concretos já foram feitos no sentidode encontrar um local ideal para a fixação da futura residência oficial. O líder da Renamo disse a jornalistas ter chegado o momento de partir para o terreno e trabalhar sem limites para mudar o cenário nas eleições provinciais e gerais. Sobre a propalada intenção do edil da Beira, Daviz Simango, criar um partido político, Dhlakama afirmou não estar minimamente preocupado.” É mais um entre as dezenas de partidos que depois desaparecem”-disse.
Os escribas em Nampula no final da conferência de imprensa foram de opinião que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, tem estado a mostrar a todos que é o campeão da improvisação,um político amador; que gere os fundos do partido como se fossem receitas de uma sua tasca ,dá crédito a fofoqueiros e detesta conviver com gente séria. Recorde-se que no ano passado ao celebrar o vigésimo nono aniversário da morte de André Matsangaíssa, considerado o fundador da ex-Resistência Nacional Moçambicana, a viúva de Evo Fernandes, antigo secretário geral da Renamo, morto em Lisboa, nos finais da década 80, aproveitou a cerimónia para acusar o líder da perdiz, de demagogo.
“Mas não me importo, sou bonito, nem pareço um antigo guerrilheiro. Pareço um europeu”- assim respondeu Afonso Dhlakama.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Também são!

Não é obra do acaso que o Governo decidiu homenagear os heróis nacionais.Aqueles que aceitaram dar as suas vidas por Moçambique.Desse seu esforço, suor e sangue nós estamos a colher os frutos.Ao enaltecermos estas figuras , é uma saída para contrariar a que cada dia que passa, a banalização dos bons exemplos, dos valores positivos, das referências éticas. Virtudes que se podem encontrar num ser humano e que se destaca naturalmente pela sua dedicação, competencia e que a única recompensa é o cumprimento do dever.Se reparar a sua volta a vida está povoada de heróis.Não aparecem ao público , nem os nomes deles são divulgados, mas são heróis na verdadeira acepção da palavra. O professor que não olhando a distancias leva a educação ao maior número possível de cidadãos. E é de carne e osso...... tal como o enfermeiro que faz valer o seu juramento ao não deixar de atender um paciente só porque não tem condições de trabalho.O polícia que é baleado ao proteger uma criança é também filho, é pai e tem sonhos.Tal com o cidadão comum que salva o condutor acidentado em risco de vida.São heróis anônimos, que, em silêncio, marcam a paisagem social. Não são heróis de dimensão nacional,não...... mas são, ao que chamaria de, heróis do dia.Os heróis do dia a dia, são pessoas que encontramos no machibombo, na rua, na loja, na repartição, na fábrica, na machamba. Pessoas que trabalham e fazem Moçambique funcionar. Pessoas que mesmo sem grandes posses, continuam a olhar para a frente, a trabalhar para sustentar a sua família e ao mesmo tempo fazem questão de ser um exemplo da moralidade, ética e honestidade para as gerações.São os heróis do dia.Alguns até são lideres nas suas comunidades.Heróis que ganham o seu espaço e fazem-se respeitar apenas pela sua conduta, distinguindo o bem do mal.

...futuro melhor.

Não obstante a robustez e crescimento da economia moçambicana acima de 6%, em 2008, face à alta de preços internacionais de combustível e de produtos alimentares, o Fundo Monetário Internacional (FMI) exorta o Governo, cujo desempenho macroeconómico classifica-o de satisfatório a monitorar a situação da actual crise financeira internacional, enquanto um país dependente de ajuda externa.O representante do FMI em Moçambique, Felix Fischer, falando em Maputo deu nota positiva ao desempenho Governo da FRELIMO. Fischer diz que os resultados macro-económicos, estão de acordo com as exigências da sua instituição, numa alusão aos critérios de avaliação até fim do primeiro semestre de 2008. Frisou que 2008 apesar de um ano marcado pelos altos preços dos combustíveis e de produtos alimentares e, depois pela crise financeira internacional , graças às prudentes políticas fiscal e monetária a inflação desacelerou até finais de Dezembro.O FMI chama atenção à vulnerabilidade de Moçambique perante à crise internacional e, conforme Felix Fischer, se o efeito para o país era positivo com a importação de combustível e de alimentos com preços baixos, os efeitos a médio e a longo prazo terão sem dúvida um impacto negativo que poderá ser sentido através de uma redução dos investimentos directos estrangeiros.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Sabia?

É noticia.
O Sporting de Lisboa vai inaugurar uma escola na África do Sul para formação de jogadores de futebol, que deverá começar a funcionar a partir de Janeiro de 2010.A cidade escolhida para sediar a iniciativa foi Bloemfontein, na região de Free State.Mais bem perto, há uma escola de jogadores que tem passado despercebida, a do Grupo Desportivo de Maputo. Uma verdadeira escola de formação de jogadores de futebol e única no país com resultados.A prova está na equipa que o técnico da selecção nacional escolheu para defrontar recentemente o Malawy.A vitória no jogo de carácter amistoso teve a contribuição de nove jogadores, todos formados no clube alvi-negro, hoje defendendo outras cores.Trata-se do capitão da Seleção Nacional Tico-Tico, o“puto maravilha” Dominguêz, o pequeno mas grande jogador Josimar, os defesas Dário khan,Carlitos,Mano,e o oportunista Dário Monteiro. O holandês Mart Nooij refrescou a equipa moçambicana na segunda parte apostando em outros dois jogadores oriundos da escola alvi-negra : o experiente meio-campista Nelinho e o defesa Mexer. O primeiro golo foi marcado por Dário Monteiro e a fechar Dominguês colocou a bola no fundo da baliza.O Grupo Desportivo de Maputo é um dos históricos do desporto nacional mas hoje atravessa uma complicada situação financeira.A visibilidade da colectividade é hoje graças ao futebol júnior e as conquistas dos dois últimos campeonatos africanos em basquetebol senior feminino, sem esquecer a natação.O GDM foi fundado em 1921.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Que grande "banga"!

Duas mil garrafas de champanhe Moët & Chandon, oito mil quilos de lagosta, cem quilos de gambas e três mil patos fazem parte da ementa da festa do 85º aniversário do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, segundo denuncia o jornal Times.
Num país com 12 mihões de habitantes e em que sete milhões dependem de ajuda humanitária para viver, com 94 por cento de taxa de desemprego, com uma inflação anual na ordem dos 231 milhões por cento e a viver uma epidemia de cólera que já matou mais de três mil pessoas, esta festa é um verdadeiro insulto ao zimbabueanos. Mas as barbaridades não ficam por aqui, há mais produtos encomendados para a festa: quatro mil doses de caviar, oito mil caixas de bombons Ferrero Rocher, 16 mil ovos, três mil tartes de chocolate e baunilha, quatro mil embalagens de salsichas de porco e 500 quilos de queijo. Mugabe convidou os amigos mais próximos, empresários e membros do partido ZANU (União Nacional Africana do Zimbábue ) para participarem na sua festa de anos. Convidou-os também a contribuir com bens ou donativos num total estimado entre 38 e os 45 mil euros. Os donativos poderão ser depositados numa conta aberta para o efeito com o nome «Movimento do dia 21 de Fevereiro», mas apenas em dólares americanos. Diplomatas do Ocidente e membros de missões de ajuda humanitária mostraram-se chocados quando souberam da festa e da sua dimensão. «É espantoso», disse um deles ao jornal Times. «É como se estivessem completamente inconscientes sobre a situação do país ou totalmente impermeáveis, sem se preocuparem».
«É um dia importante para os zimbabuanos celebrarem a vida de nosso grande líder e herói africano», explicou Comrade Zhuwawo, ex-vice ministro do Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, num evento de lançamento da campanha de arrecadação de fundos para a festa.

"Cada um como cada qual"


MICHAEL STEELE (Líder do Partido Republicano dos EUA)“É fantástico, é com grande humildade e sentido de dever que aceito esta nomeação.Obrigado a todos por esta oportunidade de servir como presidente nacional.”

DAVIZ SIMANGO (Presidente do Municipio da cidade da Beira) "Há coisas que não dependem da minha pessoa, somos Moçambicanos e temos que usar as nossas energias para servir este país, de que forma isso pode ser feito o futuro dirá".



MORGAN TSVANGIRAI (Primeiro Ministro do Zimbabwe)"Foi uma luta dura para aquí chegarmos.A luta é pelo fim imediato da violação dos direitos humanos e da violência política".



BARAK OBAMA(Presidente dos EUA) " Está na hora de construir novas pontes entre países, em vez de muros".

domingo, fevereiro 08, 2009

Não há nada pior do que fazer uma revisão perfeita naquele livro, naquela revista, naquele fôlder, e logo na capa, no título, faltar uma letra, um acento. Está destruído todo o trabalho, com requintes de crueldade. Durante semanas, meses, talvez anos, o erro será lembrado e servirá de exemplo para os mais impiedosos caçadores de erros grotescos.
Ah, se não fossem os revisores. Essas figurinhas quase folclóricas do nosso mercado editorial desempenham um papel importantíssimo no trabalho de todos os grandes escritores. São eles que passam noites sem dormir filtrando tantas e tantas páginas, extraindo a verdadeira arte e deixando tudo pronto para o leitor.
Portanto veja com redobrada atenção as
capas, títulos e todos os textos de pequena extensão que apareçam em destaque. É neles que os erros se tornam mais visíveis.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Vamos lá mudar isto...

Correm com alguma frequência noticias cujos conteúdos eram impensáveis na nossa socieadade. Crianças em Maputo abusadas sexualmente por estrangeiros. Em Tete, menor gravida continua a assistir as aulas do professor violador.Treze por cento dos professores em Pebane abusam sexualmente as suas alunas.Na capital , perto de metade dos docentes têm uma história amorosa com uma aluna.Os locais preferidos são os gabinetes ou a caminho de casa.E nesta senda o contacto fisico não é considerado abuso sexual.Então porque não reagem as vitimas? Vergonha, debelidade economica e uma forma de ganhar algum dinheiro com o pagamento de uma multa por parte do agressor.À coisa de cinco anos um despacho das autoridades da educação ordenava a suspensão dos serviços e vencimentos e constituidos infractores,os docentes e outros trabalhadores da Educação, ligados as escolas, que engravidassem alunas afectas a essa mesma escola, assim como os que assediam sexualmente estudantes.Perante os factos de abuso sexual nas nossas escolas, e tendo instrumentos penalizadores o que está a faltar para travar este atentado ao pudor que infecta as nossas instituições de ensino?


Isto é tão arrepiante,revoltante se considerarmos o esforço de informação desenvolvido em Moçambique pelo governo e organismos não governamentais , no sentido de divulgar cuidados a manter com a saúde sexual.Para termos uma ideia de quanto é repulsiva a situação, uma pesquisa feita por duas ONGs sediadas em Moçambique, refere a histórias de sofrimento e vividas em silêncio. Mesmo naqueles casos em que há coragem para denunciar, não há solidariedade familiar, os professores fazem acordos com as direcções das escolas, levando ao encobrimento do assédio sexual.Alguns professores e mesmo responsáveis da educação dizem que eles são também vitimas de assédio sexual das alunas que facilitam e provocam.A utilização de roupas inapropriadas para a escola não justifica em momento algum o perigo que correm as crianças.Proteger a criança é garantir o futuro.Não tenhamos ilusões. As crianças são o principal recurso de Moçambique.(X)

Novelas brasileiras têm impacto sobre os comportamentos sociais

Famosas há muito por mostrar praias maravilhosas, personagens carismáticos e representações realistas da vida e das aspirações da classe média, as novelas brasileiras ajudaram a moldar as idéias das mulheres sobre divórcio e filhos de maneira crítica, segundo dois estudos recentes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).Ambos os estudos analisam o papel da televisão e das novelas em influenciar mudanças significativas nas taxas de fertilidade e divórcio no Brasil nas três últimas décadas. As taxas de fertilidade no país caíram mais de 60% desde a década de 1970 e os divórcios aumentaram mais de cinco vezes desde a década de 1980. Durante o mesmo período, a presença de aparelhos de televisão teve uma elevação de mais de dez vezes, estando hoje em mais de 80% das residências.
As descobertas dos dois estudos, Novelas e Fertilidade: Evidências do Brasil, e Televisão e Divórcio: Evidências de Novelas Brasileiras, podem ter implicações importantes para os governos de países em desenvolvimento. As autoridades desses países com freqüência têm dificuldade para educar a população em questões sociais e de saúde pública fundamentais devido à alta taxa de analfabetismo e aos níveis limitados de circulação de jornais e de acesso à internet.“A televisão desempenha um papel crucial na circulação de idéias, em particular em nações em desenvolvimento com uma forte tradição oral, como o Brasil,” disse o economista do BID Alberto Chong, um dos autores dos estudos. “Os artigos sugerem que alguns programas de televisão podem ser uma ferramenta para transmitir mensagens sociais muito importantes que ajudem, por exemplo, a lutar contra a disseminação da epidemia de Aids e promover a proteção dos direitos de minorias.”Os dois estudos centram-se na expansão da Rede Globo, o maior grupo de mídia do Brasil e a quarta maior rede de televisão comercial do mundo. A Globo tem ampla cobertura nacional: suas transmissões foram expandidas para 98% dos municípios do país na década de 1990, atingindo 17,9 milhões de residências, em comparação com praticamente zero em meados da década de 1960.A rápida expansão da Globo durante esses anos e a mudança acentuada de alguns indicadores sociais brasileiros oferecem um campo fértil para pesquisas. Os estudos realizam uma série de testes econométricos com resultados estatísticos consistentes. Utilizam dados demográficos amplos e informações detalhadas sobre a expansão da cobertura dos sinais de televisão e sobre o conteúdo das novelas no Brasil nas três últimas décadas.
(Eliana Ferrara, economista da Bocconi University, foi co-autora do artigo sobre divórcio, junto com Chong. A economista do BID Suzanne Duryea foi co-autora do estudo sobre fertilidade, com Chong e Ferrara)

Impacto da televisão

Os estudos mostram que a televisão teve um papel importante na influência das percepções das mulheres sobre casamento e família de 1970 a 1991, ao lado de outros fatores bem estudados como aumento dos níveis de instrução e do acesso a contracepção e algumas políticas governamentais.O primeiro estudo encontrou que as taxas de fertilidade, ou o número de nascidos vivos por mulher em idade reprodutiva, foram significativamente mais baixas em áreas do Brasil alcançadas pelo sinal da rede Globo do que em áreas que não recebiam o sinal.O impacto sobre o comportamento foi mais forte entre mulheres de famílias pobres e mulheres no meio ou no final de seus anos reprodutivos, sugerindo que a televisão influenciou a decisão de parar de ter filhos, e não de quando deveriam começar a ter filhos.Em geral, a probabilidade de uma mulher ter um filho em áreas cobertas pelo sinal da Globo caiu 0,6 ponto percentual a mais do que em áreas sem cobertura. A magnitude do efeito é comparável à de um aumento de 2 anos no nível de escolaridade das mulheres. Não houve impacto nas taxas de fertilidade no ano anterior à entrada do sinal da Globo.A exposição constante às famílias menores e menos oneradas que aparecem na televisão pode ter criado uma preferência por ter menos filhos, disse Chong.A pesquisa de Chong sobre fertilidade e televisão também revelou um impacto relacionado sobre a taxa de divórcios. Embora os dados de apoio não fossem tão amplos, Chong encontrou que a porcentagem de mulheres separadas ou divorciadas também é maior em áreas que recebem o sinal da Globo, em particular em pequenas comunidades em que uma alta proporção da população tem acesso às transmissões da emissora. Essas áreas apresentaram um aumento de 0,1 a 0,2 ponto percentual na porcentagem de mulheres de 15 a 49 anos que são divorciadas ou separadas. O aumento é pequeno, mas estatisticamente significativo, de acordo com Chong.O impacto é comparável a um aumento de 6 meses no nível de instrução de uma mulher, o que é um efeito muito significativo quando se leva em conta que a escolaridade média das mulheres no período era de 3,2 anos.
(Eliana Ferrara, economista da Bocconi University, foi co-autora do artigo sobre divórcio, junto com Chong. A economista do BID Suzanne Duryea foi co-autora do estudo sobre fertilidade, com Chong e Ferrara.)

Influência das novelas

Sessenta a oitenta milhões de brasileiros assistem regularmente a novelas noturnas em português. A Globo domina a produção nacional de novelas, as quais geralmente mostram um modelo de família muito específic pequena, atraente, branca, saudável, urbana, de classe média ou alta e consumista.O cenário, na maioria das vezes, são as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em geral, as famílias mais felizes nas novelas são pequenas e ricas, enquanto as famílias mais infelizes são mais pobres e com mais filhos.Os estudos analisaram o conteúdo de 115 novelas transmitidas pela Globo entre 1965 e 1999 nos dois horários de maior audiência: 19 e 20 horas. Sessenta e dois por cento das principais personagens femininas não tinham filhos e 21% tinham apenas um filho. Vinte e seis por cento das protagonistas femininas eram infiéis a seus parceiros.Os enredos das novelas com freqüência incluem críticas a valores tradicionais. Por exemplo, o sucesso de 1988 da rede, a novela Vale Tudo, apresentava uma protagonista que era capaz de roubar, mentir e enganar a fim de alcançar o seu objetivo de ficar rica a qualquer custo. A Globo também trouxe para a tela estilos de vida modernos e emancipação feminina em novelas como Dancing Days, transmitida em 1978, em que a protagonista feminina era uma ex-presidiária lutando para reconstruir sua reputação e recuperar o amor de sua filha adolescente.A redução das taxas de fertilidade foi maior em anos imediatamente seguintes à exibição de novelas que incluíam casos de ascensão social, e para mulheres com idades mais próximas da idade da protagonista feminina da novela.As novelas também influenciaram a escolha dos nomes dos filhos. A probabilidade de que os 20 nomes mais populares em uma determinada área incluíssem um ou mais nomes de personagens de uma novela exibida naquele ano foi de 33% se a região recebesse o sinal da Globo. Em regiões sem acesso à Globo, a probabilidade foi de apenas 8,5%."Há ainda indicações sugestivas de que o conteúdo das novelas tenha influenciado também as taxas de divórcio", de acordo com Chong. "Quando a protagonista feminina de uma novela era divorciada ou não era casada, a taxa de divórcio aumentava, em média, 0,1 ponto percentual."
Globo versus SBT
A expansão do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), a segunda maior rede de televisão do Brasil, não afetou as taxas de fertilidade no país durante o mesmo período.Os estudos atribuem esse resultado a diferenças de conteúdo. As novelas da Globo são escritas por autores brasileiros e produzidas no Brasil, enquanto a maioria das novelas do SBT é importada do México, ou usa enredos importados."Para afetarem o comportamento, os programas têm que ser percebidos como representações realistas da sociedade brasileira", disse Chong. "O público consegue se identificar facilmente com as situações apresentadas nas novelas da Globo."
(Eliana Ferrara, economista da Bocconi University, foi co-autora do artigo sobre divórcio, junto com Chong. A economista do BID Suzanne Duryea foi co-autora do estudo sobre fertilidade, com Chong e Ferrara.)

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Obreiro da Unidade Nacional

A celebração dos 40 anos da morte do fundador do partido Frelimo - Frente de Libertação de Moçambique, Eduardo Mondlane, em Fevereiro próximo, vai juntar vários grupos culturais de todo o país. Morto através de uma carta bomba a 3 de Fevereiro de 1969, Eduardo Mondlane , é considerado o obreiro da Unidade Nacional. As celebrações tâm arranque no dia 02 de Fevereiro, com uma gala a ter lugar no cinema África. A Companhia Nacional de Canto e Dança fará as honras da casa exibindo uma obra concebida e dirigida por David Abílio, na qual participam cerca de 200 artistas de várias expressões culturais.Lucrécia Paco, Alvim cossa, da área teatral, Pérola Jaime, do canto e dança, são algumas das figuras do panorama artístico que vão dar corpo ao evento.Dos grupos populares de dança e de corais estarão presentes a Associação dos Combatentes de Luta pela Independência Nacional (ACLIN) e Xipenenses de Manjacaze. A sessão de gala vai abordar alguns aspectos da vida e obra de Eduardo Mondlane, com incidência para a sua infância.
A propósito Graça Machel disse a BBC que mais do que nunca os ideias de Eduardo Mondlane começam a ser valorizados. Uma aparente censura ao que chegou a ser apontado como um distanciamento pelo partido no poder em relação aos princípios que nortearam os seus primeiros líderes. Para muitos é a continuação de um movimento que já se anunciara ainda durante a campanha de Armando Guebuza para as eleições de 2004.Trata-se do resgate de algumas das mais emblemáticas figuras na história da Frente de Libertação de Moçambique.
Já Janet Mondlane, a viúva do homem que convenceu as várias formações políticas existentes em meados de 60 a juntarem-se numa só frente, defendeu que Moçambique ainda não é o país com que sonhou o seu falecido esposo. “Alguns vivem confortavelmente e as suas necessidades estão satisfeitas. Por outro lado será que Moçambique é o reflexo perfeito do que queríam Eduardo Mondlane e os seus camaradas? Não, claro que não." Janet Mondlane acrescentou:
"Mas nós mantemos esse sonho vivo quando trabalhamos juntos na luta contra a pobreza. Mantemos esses ideais quando em voz alta condenamos a corrupção que rouba os moçambicanos das boas escolas, água potável e luz nas suas casas. Condenamos a corrupção que faz com que as nossas crianças e mães morram nos hospitais por falta de cuidados de saúde adequados.”
Foto inédita de 1963: Reverendo Uria Simango e Prof. Dr. Eduardo Mondlane em Dar-es-Salaam