sexta-feira, janeiro 31, 2014

Conspiração

Nos últimos tempos tenho ouvido, com frequência, acusações de que está a haver uma conspiração para denegrir a figura de Armando Guebuza, o nosso Chefe de Estado.
Ao princípio não acreditei. Parecia-me paranóia, mania da perseguição. Agora, no entanto, começo a mudar de opinião. Senão vejamos.Os resultados das recentes eleições autárquicas, mais do que isso foram, principalmente, protestos da população contra a forma como o executivo nos está a desgovernar.Nessas condições, convocar uma manifestação de exaltação dos feitos de Armando Guebuza era, à partida, um acto extremamente arriscado. Podia dar um enorme fiasco. Mas levaram a ideia para a frente e, é claro, deu o tal enorme fiasco. Se antes havia a sensação de que a popularidade do Chefe do Estado estava pelas ruas da amargura, a partir de tal marcha passou a haver a certeza.O facto de terem tido a necessidade de inventar um padre para se apresentar como representante da Igreja Católica mostra até que ponto desceu o apoio e cresceu a pouca vergonha.
Perante isso, o bom senso dizia que aquilo era uma ideia para esquecer, para fazer de conta que aquilo nunca tinha acontecido.
Qual não foi a minha surpresa quando ouvi dizer que marchas idênticas iam ser realizadas em Quelimane, na Beira, em Nampula e em Xai Xai. Nesta última cidade vá que não vá. É território sólido do partido Frelimo. Mas em Quelimane, Beira e Nampula?!!! Em cidades onde, há bem pouco tempo, o MDM conquistou, folgadamente, o controlo dos respectivos municípios?
Pareceu-me suicídio político. O resultado de tal iniciativa só poderia ser mostrar, nas ruas desertas, que o Presidente da República não tem praticamente nenhum apoio. E, ao que parece, foi o que aconteceu. O Jornal @Verdade calculou que, em Nampula, a capital da província mais populosa do país, estariam na marcha cerca de 200 (duzentas) pessoas. Ora 200 pessoas, numa coisa deste género, é praticamente o mesmo que ninguém. Uma fonte em Quelimane indicou também um número à volta de 200.

Das outras cidades não tenho informação. Ou melhor, a informação que tenho é o silêncio de órgãos, como a Rádio Moçambique, que teriam apregoado os números se eles fossem, minimamente, significativos. Portanto foi mais uma série de fiascos, demonstrando gritantemente a falta de popularidade do Chefe de Estado.Com isto, mais uma vez pensei que as marchas iam parar, para não agravarem ainda mais a situação. Engano meu. Já ouvi anunciar que vai haver novas marchas em muitas outras cidades do país.
Foi aí que comecei a mudar de opinião sobre a tal conspiração para denegrir o nome de Armando Guebuza.
Não creio que seja possível haver tanta incompetência política ou tanta estupidez. Tem que ser propositado. Tem que haver um propósito deliberado de mostrar o pretenso homenageado a uma luz totalmente negativa.E, na conspiração, devem estar também os que, constantemente, lhe chamam “visionário”, “clarividente” e “filho mais querido da nação moçambicana”, designações de tal forma exageradas que se tornam ridículas.
Admiro-me é por o SISE e a FIR não estarem já a tomar medidas, severas, contra estes conspiradores e suas manobras.(Machado da Graça na foto/Jornal Savana)

quinta-feira, janeiro 30, 2014

Em 2020 serão 200 mil toneladas por ano

O director do Instituo Nacional de Algodão, Norberto Mahalambe, que revelou esta informação, disse que este crescimento corresponde a um incremento de 10% por ano.  Para atingir estas metas, as autoridades moçambicanas estão neste momento a atrair mais investidores nacionais e estrangeiros no sentido de apostarem na área de produção de algodão em Moçambique, bem como no desenvolvimento de técnicas que vão permitir maior rendimento de produtividade por hectare. Por outro lado, o Governo está neste momento a mobilizar mais produtores no sentido de apostar cada vez mais na produção de algodão no País, bem como no incremento de áreas de cultivo. A iniciativa, visa responder ao aumento de investimentos que o País tem vindo a registar nos últimos anos no sector têxtil. O bom preço praticado no mercado internacional de 1500 dólares norte-americanos por tonelada é também a outra razão apontada pelo director do Instituto Nacional do Algodão como principal factor que está a influenciar as autoridades moçambicanas a avançar no aumento de produção do chamado “ouro branco” no País, dado a sua importância na economia nacional por ser uma cultura de rendimento para as famílias
moçambicanas. No que concerne ao rendimento por hectare, as autoridades nacionais já estão a trabalhar nesse sentido, uma vez que nos últimos anos tem vindo a registar-se um aumento significativo, tendo passado de 250 quilogramas por hectares para 700 quilogramas e com tendência para uma tonelada por hectare a breve trecho. Para além da área de fomento que neste momento está a atrair um grande volume de investimentos nacionais e estrangeiros, Mahalambe disse que o País está, também, a registar um grande fluxo de investimento na área industrial para o processamento, e garantiu que são biliões de dólares que estão neste momento a serem investidos para a revitalização da indústria têxtil em Moçambique. Neste momento o País conta com três grandes novas iniciativas de raiz no sector têxtil, com destaque para Mozambik Coton Manifactor (antiga Riopele,), localizada na província de Maputo, concretamente no distrito de Marracuene.Segundo dados do Instituto Nacional de Algodão, as províncias da zona norte do País – Niassa Cabo Delgado e Nampula – são as maiores produtoras do chamado “ouro branco” em Moçambique pois são responsáveis por 70 por cento de toda a produção nacional. E os restantes 30 por cento, ainda de acordo com os mesmos dados, são produzidos nas províncias de Tete, Sofala, Manica e um pouco em Gaza e Inhambane.O País conta com um total de 250 mil produtores de algodão a nível do sector familiar e 10 empresas fomentadoras. (R.Moiane)

Sucessão geracional e muito mais

O Governo realizou a sua primeira sessão extraordinária deste ano, na noite de ontem, para tomar a decisão única de adiar o arranque do recenseamento eleitoral que estava previsto para hoje. O Executivo decidiu que o recenseamento só arranca no dia 15 do próximo mês. A medida visa permitir a participação da Renamo nas próximas eleições gerais e das assembleias provinciais.Para que a Renamo participe nos próximos pleitos eleitorais, é fundamental que fiscalize o recenseamento eleitoral e que
mobilize seus membros para a inscrição. A Renamo pediu mais tempo e o Governo concedeu 15 dias a este partido para se organizar.Segundo comunicado do secretariado do Conselho de Ministros enviado na noite de ontem ao Camalmoz, "o Governo aprovou o Decreto que altera o período do Recenseamento Eleitoral para as Eleições Presidenciais, Legislativas e das Assembleias Provinciais marcado, para 30 de Janeiro à 14 de Abril de 2014 para o período de 15 de Fevereiro à 29 de Abril de 2014", sob proposta da Comissão Nacional
de Eleições (CNE).Explicando, o Governo alega que "a alteração do período do recenseamento eleitoral resulta de pedido expresso pelo partido Renamo no contexto do diálogo em curso entre o Governo e o Partido Renamo, para que este Partido possa melhor se preparar para participar no processo das Eleições Gerais, Presidenciais e Legislativas e das Assembleias Provinciais de 2014".        Desde a aprovação do actual pacote eleitoral em 2012 que a Renamo boicota todos os actos tendentes à realização das eleições no País. Começou pela rejeição dapresença na CNE, mobilizou seus membros para não se inscreverem na actualização do recenseamento para as eleições autárquicas de 2013 e boicotou o próprio escrutínio (não concorreu).A Renamo exige a paridade nos órgãos eleitorais, pedido que não teve cedência do partido Frelimo, pelo menos no que seja do conhecimento público, até ao presente.O impasse da "paridade", aliado ao ataque da FIR à delegação da Renamo em Muxúnguè, no dia 03 de Abril de 2013, seguido da resposta da Renamo que atacou o acampamento local da FIR no dia 04
do mesmo mês, degenerou no conflito armado que o País vive. Há quem chame este conflito de "guerra da paridade", em alusão ao impasse referido.Esta semana, depois de três meses de ausência de diálogo entre o Governo e a Renamo, o mesmo retomou e esta notícia de adiamento do arranque do recenseamento pode ser sinal de retorno à "paz".O Governo diz que aceitou o pedido da Renamo "no âmbito da promoção do espírito de Paz, Reconciliação e Unidade Nacional, e da Democracia Multipartidária". (B.Nhamirre)



Chegam boas notícias de Addis Abeba


O Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP) considera o Fundo de Desenvolvimento Local (FDD), vulgo “Sete Milhões”, uma iniciativa instituída em 2006 pelo estadista moçambicano, Armando Guebuza, como sendo um exemplo que deveria ser seguido pelos restantes países do continente.O MARP é um instrumento acordado mutuamente e aderido voluntariamente pelos Estados Membros da União Africana (UA) como um mecanismo africano de auto-monitoria.    Este sentimento foi manifestado Quarta-feira ultima, em Addis Abeba, capital etíope, durante a apresentação, pelo estadista moçambicano, do Relatório de Progresso de Moçambique referente ao período 2010/2012, um evento que também contou com a presença do presidente do Fórum Nacional do MARP de Moçambique, o Professor Doutor Lourenço do Rosário.Falando a imprensa minutos após o término do evento, Lourenço do Rosário disse que “foi bastante elogiado o facto de Moçambique estar a dirigir para o sector rural grandes verbas do Orçamento do Estado, não apenas para a agricultura, mas sobretudo para o desenvolvimento rural no geral, caso do fundo dos 'Sete Milhões de meticais', considerado um exemplo a seguir pelos restantes paises africanos.

Inicialmente estipulado em Sete Milhões de meticais (cerca de 225 mil dólares ao câmbio actual), o FDD tem por objectivo beneficiar cada um dos 128 distritos do país e financiar iniciativas de geração de empregos e produção de alimentos.Segundo a fonte, Moçambique também mereceu fortes elogios pelo facto de, a par com o Ruanda, ser um dos poucos países do continente que regista elevados índices da participação da mulher na área de governação.Isso significa que ambos os países “estão a implementar efectivamente aquelas recomendações da União Africana”, acrescentou. Moçambique, com 39,2 por cento de mulheres no parlamento, segundo o ranking da União Inter-Parlamentar de 1 de Novembro de 2013, ocupa a 12ª posição, num grupo de 188 países avaliados no mundo inteiro. O Ruanda lidera o ranking com 63,8 por cento de mulheres no parlamento.Fazendo um balanço daquilo que foi a avaliação do MARP em relação ao país, Lourenco do Rosário, Reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, fez questão de vincar que a mesma foi acima da expectativa.Explicou que “além da ausência de contestação que normalmente costuma aparecer por parte dos Pares perante determinados aspectos do Programa Nacional de Acção, a presidente do painel do MARP, a Presidente da Libéria, endereçou ao Chefe do Estado moçambicano elogios pelo facto de Moçambique ter feito grandes progressos perante o programa nacional de acção que cobre o biénio 2010/2012”. Advertiu, contudo, que existem vários desafios para a segunda fase de avaliação que arranca em 2015.Estes desafios incluem a resolução de alguns constrangimentos que não foram cumpridos e outros que surgiram mais tarde. Entre os desafios arrolados destacam-se “a integração dos desmobilizados de guerra e também daquilo que está na origem dos conflitos com a Renamo”. Outros desafios que Moçambique deverá fazer face antes da segunda avaliação a partir de 2015 incluem a nova situação dos grandes investimentos, bem como a sua relação com a pequenas e médias empresas moçambicanas e melhoria dos níveis da condição de vida da população. Rosário acredita que a actual situação que se vive no país, caracterizada por uma tensão político-militar desencadeada pela Renamo, o maior partido da oposição e antigo movimento rebelde, será ultrapassada.
“Eu pessoalmente penso que o diálogo tem que ter um final feliz na medida em que todos os actores por aquilo que eu e o senhor Bispo (Dom Dinis Sengulane) nos apercebemos, quer com o senhor presidente da Renamo quando era contactável, quer com o presidente da República, existe uma vontade efectiva de resolver o problema”, referiu.Moçambique aderiu voluntariamente ao MARP 2003, um instrumento instituído pela UA que, por via, de exercícios de auto-avaliações e avaliações, bem como partilha de boas práticas entre Pares, promove a melhoria da governação politica e económica dos países participantes desta iniciativa. Em Junho de 2009, na cidade de Sirte, Líbia, Moçambique apresentou, durante a 11ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos países participantes do MARP, o seu relatório de auto-avaliação.

quarta-feira, janeiro 29, 2014

Vacas explodem estábulo

A flatulência de 90 vacas provocou uma explosão  num estábulo em Rasdorf, na região centro da Alemanha, que destruiu o telhado  da estrutura, informou hoje a polícia local. Fechadas "no lugar provavelmente pouco ventilado", as vacas produziram  metano (o principal componente do gás natural) que reagiu "possivelmente a uma descarga eletrostática", referiu um porta-voz da polícia, em declarações  à agência France Presse. "Nenhuma pessoa ficou ferida" no incidente, sublinhou a polícia, num  comunicado, acrescentando que apenas um dos animais sofreu queimaduras.Todos os animais de criação produzem metano através das suas flatulências.  No entanto, os ruminantes (bovinos, ovinos ou caprinos) produzem maior quantidade deste gás, altamente inflamável, do que os animais monogástricos (suínos  e aves de capoeira). 

Desconhecem-se (ainda) os "verdadeiros" subscritores

A segurança de pessoas e bens está ameaçada no nosso País. Cidadãos morrem, não estão seguros nas suas machambas, nas suas casas, nas estradas, na via pública, quer no campo quer na cidade. A criminalidade instala-se e a instabilidade tende a generalizar-se.Os cidadãos clamam por uma intervenção do Partido Frelimo em que sempre confiaram. Partido que tem a responsabilidade da governação.


Responsabilidade dos membros da Frelimo
Os membros da Frelimo consideram que devem assumir as suas responsabilidades ouvindo o sentimento da sociedade e buscar soluções para a paz seja no plano militar, seja no estabelecimento da confiança social, seja no restabelecimento da ética pública.
A Frelimo tem a responsabilidade histórica da independência, e acumulou ao longo dos anos a experiência de governação do País. Esta é uma tarefa da FRELIMO e de toda a sociedade. Mas se a FRELIMO não se mostrar à altura das responsabilidades que são suas, não pode haver dúvidas de que a sociedade encontrará vias de fazer frente à situação, sem a FRELIMO ou contra a FRELIMO.

Uma escolha que sirva a paz e o País
Os membros da Frelimo estão preocupados com a situação dos seu Partido porque estão conscientes do papel que o seu Partido deve desempenhar para bem e no interesse da sociedade. Os interesses do Partido são os dos seus ideais e do Povo. Não são interesses de pessoas, grupos de pessoas ou de membros individuais do Partido. Um partido só merece governar na medida em que respeita os interesses do Povo.
Assim, na escolha do candidato da Frelimo às eleições presidenciais não é apenas assunto eleitoral do Partido, devendo ser conduzido de forma a consagrar a melhor escolha para o País. Em princípio, a estrita observância, na letra e no espírito, das normas pertinentes inscritas nos estatutos sobre esta matéria, garante a escolha mais correcta, mais justa e mais consensual. Pelo contrário, a sua inobservância ou violação, fará o Partido resvalar para uma situação de caos e confusão, de fragilidade e de ilegitimidade, pondo em causa a sua própria razão de existir.

GRAVE SITUAÇÃO DA FRELIMO
Das irregularidades premeditadas
Os membros da Frelimo que subscrevem este documento estão convencidos que graves irregularidades vêm sendo praticadas pelos órgãos dirigentes e por isso recorrem ao Comité de Verificação na base do princípio de que este é um direito fundamental dos membros. Estão convencidos de que continuar a calar-se perante a ruína a que alguns membros estão a conduzir o Partido, é tornar-se cúmplice dessa destruição. Estão convencidos de que neste momento, difícil mas determinante, a salvação e o futuro do Partido está na responsabilidade de cada membro tomar uma posição clara, assente nos próprios princípios do nosso Partido, sem medo ou receio de consequências nefastas a nível pessoal.

Direitos dos membros
São direitos dos Membros do Partido:
- Eleger e ser eleito para os órgãos do Partido;
- Participar na discussão de questões da vida política, económica, social e cultural do Partido, dos seus órgãos e dos seus membros e apresentar alternativas de solução;
- Apresentar propostas de candidatos para os órgãos do Partido ou outros em que o Partido concorra;
- Solicitar o esclarecimento de quaisquer questões aos órgãos do Partido, a qualquer nível, até ao Comité Central e receber as devidas respostas;
- Discutir livremente os problemas nacionais e os posicionamentos que sobre eles o Partido deve assumir;
- Arguir a desconformidade com a Lei, os Estatutos e os Programas do Partido de quaisquer actos praticados pelos órgãos ou dirigentes do Partido;
E ainda exercer a liberdade de crítica e de opinião.
Isto porque, em conformidade com os Estatutos, “Os membros detêm a mais ampla liberdade de expressar a sua crítica e opinião, sendo-lhes exigido o respeito pelas decisões tomadas democraticamente, nos termos dos Estatutos”.
O Partido estimula o diálogo e reconhece aos seus membros o direito de consulta, de concertação de opiniões para exposição de ideias, no seio dos órgãos, não sendo, porém, permitida a estruturação de tendências no seio do Partido.

A quem se apresenta o requerimento
Os requerentes apresentam este requerimento ao Comité de Verificação do Comité Central porque o mesmo constitui uma impugnação de decisões dos órgãos centrais. À luz da norma segundo a qual “A impugnação de actos praticados por órgãos do Partido, quando não se conformem com os Estatutos, o programa ou o regulamento, deve ser efectuada junto do Comité de Verificação competente, no prazo de trinta dias a contar da notificação ou da prática do ato impugnado, o qual se mantém válido enquanto não for decidida a sua anulação”, art. 28.

DESCONFORMIDADE COM OS ESTATUTOS DO PARTIDO FRELIMO
Quem propõe e quem decide
A proposta do candidato da Frelimo às eleições presidenciais cabe ao Comité Central a quem compete expressamente:
“Apreciar e aprovar as propostas da Comissão Política referentes às candidaturas da FRELIMO ou por ele apoiadas a Presidente da República” (art. 61)
Portanto, trata-se de propostas, ou de decisão da Comissão Política sobre as suas próprias propostas de candidatos, Não se trata de decisão do Partido sobre uma lista exclusiva de candidatos a candidatos.
A Comissão Política submete as suas propostas directamente ao Comité Central. Mas porque a competência de quem propõe não pode limitar ou restringir a competência de quem decide, o Comité Central pode, livremente, decidir aprovando uma daquelas propostas, como pode decidir considerar outras propostas que sejam submetidas por membros do Comité Central.
Os Estatutos são claros quando determinam que “As decisões dos órgãos superiores são obrigatórias para os órgãos inferiores”. Não diz que as decisões dos órgãos inferiores são obrigatórias para os órgãos superiores.
Então, quem é superior e quem é inferior?
Para saber quem é superior e quem é inferior, basta saber quem elege quem. Os estatutos estabelecem como competências do Comité Central:
- Deliberar sobre a eleição, dentre os seus membros, do Secretário-geral do Partido;
- Definir a composição da Comissão Política e eleger os seus membros; (art. 61)
Se não bastasse, os Estatutos dizem:
“O Comité Central orienta a nível nacional toda a actividade do Partido”.

De que forma a Comissão Política submete as suas propostas ao Comité Central
O Comité Central mandatou a Comissão Política para aprovar um perfil do candidato. Por sua vez este perfil deveria ser submetido à aprovação do Comité Central. Até aqui isso não foi observado, não se sabendo a que perfil se obedeceu para seleccionar os candidatos anunciados.
Este é o primeiro salto que se verificou no procedimento.
O segundo salto consistiu no anúncio através dos órgãos de comunicação social das propostas antes da sua submissão e consideração pelo Comité Central. Este salto no procedimento configura também uma violação grave da dignidade do próprio Comité Central, pois cabia a este órgão, e só a ele, receber as propostas em primeira mão.
Fosse qual fosse a urgência que o assunto requeresse, era incontornável a convocação de urgência do Comité Central.
Liberdade de decisão do Comité Central
Reitera-se que é prerrogativa do Comité Central, aceitar as propostas que lhe são submetidas, rejeitá-las ou considerar quaisquer outras, votando em plena liberdade.
Situação paralela a esta é a que se verifica quando a Constituição da República diz no seu art. 183 quem tem a iniciativa de lei (deputados, bancada, comissões parlamentares, governo e Presidente da República) e no seu art. 179 fala da competência da Assembleia de “aprovar leis”. Isto não pode querer dizer que tem de aprovar todas as propostas ou projectos de leis que lhe sejam submetidos, incluindo as provenientes das suas próprias comissões ou do Presidente da República. “Aprovar”, seja para os Estatutos do Partido seja para a Constituição da República, quer dizer aprovar ou não aprovar, e ainda alterar o que lhe é proposto.
A Comissão Política tem o direito de apreciar e votar as suas propostas mas estas continuam a ser meras propostas. Pretender que o Comité Central estivesse vinculado, na escolha, à lista proposta pela Comissão Política, significa inverter a hierarquia, dano lugar à usurpação de funções de órgãos superiores pelos órgãos inferiores.
Uma pretensão ou afirmação em sentido contrário pelo Secretário-geral do Partido tem a gravidade institucional que não tem um comentário ou opinião de um membro.

Debate das propostas por órgãos inferiores
Anunciado pelo Secretário-geral, está a ter lugar o debate das propostas dos candidatos ao nível dos Comités Provinciais. Aqui deparamos com mais um salto deliberado no procedimento, salto que, na prática e mais uma vez, coloca a carroça à frente dos bois. É que a acontecerem tais debates, eles só poderiam ter lugar por decisão do Comité Central, que pode levar esse debate ao nível que entender.
Assim, os Comités Provinciais não têm competência para discutir o que é da competência do Comité Central sem que este decida e os oriente nesse sentido.
Ao fazê-lo, sem mandato do Comité Central, estão a tentar forçar a decisão deste órgão, a colocar o Comité Central perante factos consumados, invocando um consenso comandado. Trata-se da consumação da estratégia de colocar a carroça à frente dos bois.
Não há dúvida de que se está perante uma flagrante e grosseira violação dos Estatutos. Juntamente com o Secretário-geral devem ser chamados à responsabilidade por esse facto nos termos dos Estatutos os respectivos responsáveis.

Membros do Comité Central residentes ou eleitos nas províncias
Os membros do Comité Central uma vez eleitos e qualquer que seja a sua proveniência ou forma de eleição decidem no âmbito do Comité Central, tendo em conta os interesses do Partido.
O Comité Central é um órgão próprio, com personalidade própria, defensor dos ideais e princípios nacionais, não uma soma de Comités Provinciais.
Assim como não há bancadas provinciais na Assembleia da República, não há membros provinciais do Comité Central.

O que pedem os requerentes?
Os requerentes requerem ao Comité de Verificação nos termos dos artigos 10, Direitos dos Membros, art. 13 Tipificação das Sanções, 19 Liberdade de crítica e de opinião, 21 Sistema eleitoral, 28 Impugnações, 61 Competências do Comité Central, 65 Competências da Comissão Política, todos dos Estatutos, o seguinte:
Que o Comité de Verificação garanta a observância dos Estatutos, nomeadamente:
a) Que o Comité Central é o órgão máximo entre os Congressos;
b) Que a escolha dos candidatos da Frelimo é da competência exclusiva e irrestrita do Comité Central;
c) Que é da competência da Comissão Política apresentar propostas directamente ao Comité Central;
d) Que se trata de propostas e não de decisões;
e) Que se ponha termo ao debate das propostas nos Comités Provinciais até que o Comité Central se pronuncie sobre esta matéria;
Requerem ainda que o Comité de Verificação do Comité Central instrua os Comités de Verificação dos Comités Provinciais para verificar:
a) Se alguma forma de pressão está a ser exercida por algum membro do Comité Provincial junto de membros do Comité Central residentes de modo a determinar o seu voto.
b) Que sejam responsabilizados nos termos estatutários os dirigentes provinciais e os dirigentes centrais envolvidos.
Finalmente que, para se pôr cobro à usurpação de funções, se determine a realização antecipada do Comité Central para este órgão assumir a plenitude dos seus poderes.
Nos termos das regras de conflito de interesse, por ser parte interessada no processo, o presente Secretário do Comité de Verificação está impedido de participar na sessão do Comité de Verificação em que este requerimento vai ser analisado.

(Chama-se a atenção para o facto de este "requerimento" já de domínio público não é acompanhado, até agora, da assinatura dos subscritores.)

terça-feira, janeiro 28, 2014

Pete Seeger

O cantor e compositor Pete Seeger, considerado como uma das principais figuras de folk e também um activista dos direitos  humanos, morreu aos 94 anos, em Nova Iorque, noticiou hoje a imprensa norte-americana.  A morte, na segunda-feira no Hospital Presbiteriano de Nova Iorque,  onde o músico estava internado há uma semana, foi atribuída a "causas naturais", declarou a neta de Seeger, Kitama Cahill Jackson, ao jornal New York Times. Para Seeger, o folk tinha um sentido de comunidade e era uma forma de  acção política.  Pete Seeger cantou para o movimento de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos e contra a guerra do Vietname, apoiou a luta pelo ambiente,  protestou contra campanhas belicistas e actuou no Memorial Lincoln no concerto  inaugural do primeiro mandato de Barack Obama.  Foi ainda mentor de outros que se iniciaram no folk, como Bob Dylan,  Don McLean e Bernice Johnson Reagon.  Bruce Springsteen cantou as suas canções em "We Shall Overcome: The  Seeger Sessions" (2006) e com Woody Guthrie fez "This Land is Your Land".  Os 90 anos de Seeger foram celebrados no Madison Square Garden, em Nova  Iorque, com um concerto em que Springsteen o apresentou como "um arquivo  vivo da música americana e da sua consciência, um testemunho do poder da  música e da cultura". 

"Governo quer um ano bom e essa vontade tocou a Renamo"

O Governo moçambicano e a Renamo retomaram (27 JAN) o diálogo político, após três meses de ausência desta força política no encontro, exigindo, como condição para reatamento, a presença de mediadores internacionais e observadores nacionais. As partes discutiram questões relacionadas com a presença de mediadores internacionais e observadores nacionais, ultrapassando, deste modo, a fase em que a comunicação entre as partes era feita através da troca de correspondências.O Governo mostrou-se receptivo a proposta da Renamo de levar a mesa de diálogo observadores nacionais, nomeadamente o Bispo da Igreja Anglicana, Dom Dinis Sengulane, e o académico Lourenço do Rosário, ambos moçambicanos. O Ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse, na qualidade de representante do Governo, disse minutos após o encontro com a contraparte, que o espírito das duas delegações foi positivo, pois conseguiram, em curto espaço de tempo, entender-se em questões essenciais relacionadas a participação de terceiros no diálogo. “Esta é uma ideia que foi acordada pelas partes. Temos fé que o trabalho que vamos fazer a seguir é procurar acordar os critérios, os termos de referência da participação de terceiros, de observadores que criará condições muito mais positivas para o avanço do diálogo”, explicou Muthisse. O governante disse ter ficado com impressão de que a Renamo retomou ao diálogo com espírito positivo. Por isso, acredita que “ vamos tentar, nas próximas sessões, consolidar esse espírito, de modo a que isso tenha reflexos positivos na vida económica, social, política e cultural do nosso povo”.“O mais importante é a participação de terceiros, de observadores. As duas partes sentarão para definir os critérios de participação desses terceiros. Acho que a nossa expectativa, e creio que também é a da Renamo não é ver quem ganhou ou perdeu. A nossa expectativa é que desse debate ganhem todos os moçambicanos. O nosso foco é que os moçambicanos ganhem, possam produzir e viver num clima de paz.” Segundo Muthisse, quando o ano iniciou o Governo manifestou o interesse de ter um ano bom e, de acordo com ele, essa vontade tocou a Renamo, por isso decidiu fazer-se presente ao Centro de Conferências Joaquim Chissano. Gabriel Muthisse substituí o Ministro da Agricultura José Pacheco na condução das conversações com a Renamo.

Divergências? Cabe aos moçambicanos resolve-las

Falando  em Maputo, durante uma conferência de imprensa que tinha como objectivo explicar sobre a presença da marinha de guerra italiana no país, Roberto Vellano, embaixador de Itália , assegurou que “não há nenhuma ligação entre a promoção da indústria nacional italiana, incluindo a do sector de defesa, e a situação de tensão que se vive neste momento em Moçambique, que estamos confiantes que vai terminar”.Roberto Vellano explicava sobre a presença de “um porta-aviões e de três navios de guerra” italianos em Moçambique.Segundo Vellano, o seu país contínua confiante na capacidade das partes envolvidas na tensão militar ultrapassarem as divergências através do diálogo “tal como há 21 anos, continuamos confiantes que os moçambicanos saberão dar continuidade ao diálogo entre todas as forças políticas para manter e consolidar a paz e a reconciliação nacional”, disse. 

"Bala no sequestrador"

O porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), João Machava reiterou hoje, em Maputo, que agentes (disfarçados) da corporação da PRM é que balearam mortalmente os dois sequestradores ontem, no bairro Costa do Sol, em Maputo, e não tratou-se de um “ajuste de contas” como especulam algumas testemunhas. João Machava disse que era uma quadrilha que estava a ser investigada há muito tempo e conforme “o colega da cidade de Maputo (Arnaldo Chefo) disse muito bem, os raptores vinham em duas viaturas, uma delas é aquela que os dois raptores estavam nela e traziam consigo a vítima, enquanto, a outra transportava outros elementos que não apuramos quantos eram, mas que se sabe que um deles é um dos procurados”. Segundo Machava “a vítima estava na viatura em que foram crivadas as balas, antes que os sequestradores atirassem contra os agentes da Polícia, eles (os sequestradores) deixaram sair a vítima da viatura e imediatamente a Polícia recuperou a vítima e na continuação da troca de tiros houve aquele incidente”, disse. O porta-voz do Comando Geral da PRM, João Machava, disse que a perseguição ocorrida na avenida Marginal resultou informações fornecidas corporação pela população, logo que se apercebeu da ocorrência. “Desta vez a Polícia trabalhou com pistas. Como dizia no princípio, é um caso que a Polícia já vinha seguindo, ou seja, vinha investigando. Trabalhamos com a informação que buscamos junto da população”, explicou Machava.O porta-voz acrescentou que as investigações continuam com vista a esclarecer este e outros crimes da mesma natureza. “As investigações continuam, os raptos naturalmente que são práticas ligadas ao crime organizado com interesses económicos então a sua investigação leva o seu período e a Polícia tudo tem feito para esclarecer”, disse a fonte.Machava apontou, por outro lado, que a menor sequestrada no município da Matola já se encontra no seio da família e goza de boa saúde, mas as investigações continuam para que os raptores sejam encontrados e responsabilizados pelo crime.Ainda naquele município, concretamente no bairro da Machava, a PRM tem trabalhado com as autoridades locais na investigação de casas suspeitas de estarem a ser usadas como cativeiros pelos raptores.  Na entrevista dada a “TIM” canal de televisão privado, o criminalista António Frangoulis disse que no  caso do bairro da Costa do Sol houve “queima de arquivo” e que não é possível a troca de tiros entre os ocupantes da viatura e a unidade policial visto os vidros estarem fechados.

segunda-feira, janeiro 27, 2014

Sisal, relançado em Angoche

Uma nova fábrica de processamento de sisal acaba de entrar em funcionamento com a entrada em funcionamento de uma nova fábrica no posto administrativo de Natir, no distrito costeiro de Angoche, província de Nampula. A cultura de sisal foi relançada há sensivelmente dois anos, depois muito de letargia devido à questões ligadas ao mercado. O administrador do distrito de Angoche, Rodrigues Ussene, disse entrevistado recentemente pelo JN que o governo e as comunidades locais estão satisfeitos pelo arranque da unidade fabril, porquanto vai responder às necessidades de processamento das grandes quantidades de sisal produzidas naquele ponto do país. A primeira fábrica do género que vem funcionamento no posto administrativo de Namitória possui uma capacidade limitada de processamento da cultura, devido em parte ao seu inadequado equipamento. Por conseguinte, segundo a nossa fonte, para além de incentivar a produção do sisal, a abertura da nova fábrica de processamento contribuiu para o aumento de postos de emprego naquele distrito, bem como na melhoria das condições de circulação rodoviária, principalmente na área onde se localiza a infra-estrutura.“Portanto temos muitos ganhos tanto no que concerne à reactivação da produção de sisal, como também da entrada em funcionamento desta nova fabrica aqui no distrito de Angoche. A produção de sisal envolve muita gente neste distrito. A sua paralisação implicou a perda de emprego para muitas pessoas”, anotou o administrador de Angoche.Outros dados colhidos naquele distrito referem que depois de mais de duas décadas de paralisação do cultivo de sisal, alguns empresários do ramo agrícola decidiram relança-la, estimulados pela viragem das preferências do mercado internacional.Calcula-se que o cultivo de sisal esteja a empregar pouco mais de 2500 pessoas, na sua maioria em regime sazonal.Em tempos idos, funcionou naquela localidade uma empresa suíça do ramo de produção e processamento de sisal, denominada Companhia de Culturas de Angoche (CCA), que era responsável pelo emprego formal e informal de muitas famílias camponesas da zona.O sisal pode ser utilizado na produção de estofos, pasta para indústria de celulose, tapetes decorativos, medicamentos, biofertilizantes, ração animal, adubo orgânico, sacarias e outras coisas aplicações.

HCB: de alternada para contínua

A Empresa Hidroeléctrica de Cahora-Bassa (HCB), em Songo, na província de Tete, acaba de adquirir uma nova bobine para o sistema de alisamento e conversão da corrente alternada para contínua, em substituição da avariada em 2012. Neste momento, equipa de técnicos nacionais da empresa estão envolvidos nos trabalhos de montagem do novo equipamento na subestação, acção que se espera esteja concluída dentro das próximas semanas, o que vai elevar o funcionamento normal e dentro das capacidades instaladas naquele grande empreendimento sócio-económico do país. Depois da avaria registada, o Conselho de Administração da HCB havia adquirido uma outra peça com características semelhantes da primeira em segunda mão para assegurar o tempo da encomenda ao fabricante do acessório original. No entanto, a referida peça não chegou de funcionar devidamente uma vez que, com os movimentos nos portos e navios até Songo, algumas componentes do equipamento sofreram danificações constatadas ao longo do processo da sua instalação na subestação. Sobre o trabalho agora em curso, o Presidente do Conselho de Administração da HCB, Paulo Muxanga, explicou que o mesmo consiste na instalação da bobine e sua programação, entre outras actividades pontuais para depois se seguirem os testes finais para a sua entrada em funcionamento, facto que se espera que ocorra nas próximas semanas. Com este problema, segundo disse, a HCB foi obrigada a encontrar algumas alternativas para a execução das suas actividades apesar de ligeiras deficiências que não corresponderam o seu padrão normal. Entretanto, os seis anos da reversão da HCB ao Estado moçambicano, foram caracterizados pela realização de várias acções enquadradas no rol do papel da responsabilidade social da empresa, as quais consistiram no melhoramento das condições de trabalho, habitabilidade, assistência médica e medicamentosa dos trabalhadores e seus familiares.

Terminal para 1450 milhão

O terminal portuário multiuso em construção na baía de Nacala, província de Nampula, entra em funcionamento este ano.O empreendimento, orçado em cerca de mil milhões de dólares norte-americanos, terá capacidade para armazenar 1450 milhão de toneladas do carvão da bacia carbonífera de Moatize, em Tete. Neste momento estão a ser criadas condições logísticas, procedimentos que vão concorrer para que Moçambique se torne uma referência internacional no ramo dos recursos naturais. O nível de execução da empreitada que emprega neste momento um total de 4348 operários afectos em vários sectores, incluindo trabalhadores da área burocrática, situa-se em 42 por cento. A mão-de-obra vai chegar aos cinco mil trabalhadores nos próximos tempos, medida que visa imprimir celeridade nos trabalhos para garantir o cumprimento dos prazos. Neste momento as obras estão focalizadas na construção do virador de vagões por uma empresa chinesa de reconhecida capacidade a nível internacional. Já está também em construção o pontão que vai assegurar a acostagem de navios de grande calado com capacidade de carga de mais de 200 mil toneladas. A Vale Moçambique opera a mina de Moatize desde 2011 com uma capacidade de produção de 11 milhões de toneladas por ano que se espera venha a atingir o dobro do volume actual, pois decorrem a bom ritmo as obras de expansão do empreendimento. Para garantir uma alternativa logística, a Vale Moçambique concebeu um sistema ferroviário com um total de 912 quilómetros de extensão, dos quais 684 quilómetros em processo de reabilitação e os restantes em fase de construção.

Deu um pulo

As autoridades governamentais da província de Gaza consideram que a recepção, no ano passado, de 16 projectos de investimento no sector do turismo, orçados em mais de 465 milhões de meticais, constitui um grande contributo para o impulsionamento da economia daquele ponto do país, porque os referidos empreendimentos vão contribuir para aumentar o número de quartos ecamas e para criar novas oportunidades de emprego.Com efeito, segundo Ala Choquisso, chefe do Departamento das Actividades Turísticas na Direcção Provincial do Turismo em Gaza, surgiram em 2013 13 novos estabelecimentos turísticos em Xai-Xai, Mandlakazi, Chókwè, Bilene-Macia, Massingir e Chibuto, com capacidade de 245 quartos, 505 camas e 228 trabalhadores.Sabe-se, por outro lado, que Gaza registou, no ano passado, o crescimento do número de quartos que passaram de 1788 para2094, representando, deste modo, 17 por cento de crescimento. Relativamente a camas, de 3743 em 2012, a província passou a contar, desde o ano passado, com mais de 4360, equivalente a uma subida de 16 por cento.De referir que Gaza recebeu cerca de 89 mil turistas, dos quais 46.059 nacionais e 42.854 estrangeiros, uma tendência que, de acordo com a nossa fonte, deixa clara a nova atitude dos nossos concidadãos em relação ao desfrutar das potencialidades que o turismo doméstico pode oferecer.O sector, de acordo com Ala Choquisso, contribuiu, no ano findo, para que o Estado arrecadasse cerca de 239 milhões de meticais provenientes das actividades de alojamento turístico, restauração e bebidas.A dinâmica imposta na área do turismo permitiu criar acima de 2250 postos de trabalho e, consequentemente, a melhoria da renda de centenas de famílias. De referir que, em 2013, passaram pelo Parque Nacional do Limpopo mais de 16 mil turistas, tendo sido arrecadada uma receita global de mais de oito milhões e seiscentos mil meticais, o que representa um crescimento de 26 por cento em relação a 2012. “A conclusão da vedação do extremo sudoeste do Parque Nacional do Limpopo vai permitir que haja bons resultados nas áreas agrícola e pecuária ao longo da zona-tampão, como forma de evitar que as comunidades sejam atacas por animais”, considerou Ala Choquisso.

sábado, janeiro 25, 2014

Renamo está a esconder as suas baixas



Notícias ainda por confirmar os detalhes, soldados do exêrcito e guerrilheiros da RENAMO confrontaram-se por três vezes ao longo do dia de hoje em Muxungué.O primeiro incidente aconteceu quando um pelotão combinado   FADM/FIR avançou para fazer uma patrulha preventiva antes do partida  da coluna de viaturas civis, a 10 km de Muxungué. A patrulha caiu numa emboscada, tendo sofrido baixas ainda por determinar e regressado sem dar grande resistência.  A coluna entretanto partiu em direcção ao Rio Save, acabando por cair numa emboscada na mesma área, havendo baixas não se sabendo se militares ou civis.. A  coluna de volta, sentido Save-Muxungue, foi surpreendida pela guerrilha, infligindo  baixas na escolta. A coluna que deveria fazer o habitual trajecto Rio Save / Inchope, cruzamento para a a cidade da Beira,Manica e Quelimane, acabou por ser cancelada. O  numero de baixas não é conhecido mas fontes no local dizem que podem superar as sofridas por uma companhia do exercito (boinas vermelhas)  ontem a noite em Mussicadzi, Gorongosa. O número de baixas na guerrilha continuam a ser um mistério desde que os confrontos iniciaram desde Abril do ano passado.

sexta-feira, janeiro 24, 2014

Gurué,eleição anulada

O Conselho Constitucional (CC) decidiu anular, pela primeira vez, a eleição do presidente do Conselho Municipal e dos membros da Assembleia Municipal de Guruè por considerar terem-se verificado irregularidades que põem em causa a validade dos resultados apurados. Apresentado pelo presidente do órgão, Hermenegildo Gamito, o acórdão do CC refere que a anulação da eleição no município de Guruè acontece de acordo com o preceituado na Lei 7/2013, de 22 de Fevereiro, sobre Ilícitos Eleitorais. No acórdão, o CC refere que o MDM, através do seu mandatário nacional, interpôs recurso perante este órgão jurídico-constitucional, alegando estar a impugnar a deliberação da CNE que aprovou a acta da centralização nacional e apuramento geral dos resultados das eleições de 20 de Novembro transacto.
“O Conselho Constitucional apreciou o recurso, através do Acórdão N.º 03/CC/2014, tendo decidido negar provimento ao recurso porque, ao invés de fundamentar com base em factos que tivessem ocorrido no decurso do apuramento dos resultados eleitorais, impugna resultados do apuramento autárquico intermédio dos resultados da eleição do presidente do Conselho Municipal de Guruè, apuramento do qual já havia recorrido ou reclamado para a CNE e esta decidira pela sua improcedência”, afirma o Acordão que temos vindo a citar. Não obstante, durante a instrução do processo do referido recurso, o CC examinou o material probatório junto aos autos, que consistia, principalmente, em fotocópias de originais, duplicados e triplicados de actas ou editais relativos ao apuramento parcial dos resultados da eleição do presidente do município de Gurué, realizada nas 49 mesas de voto que funcionaram na área desta autarquia.
“Perante várias irregularidades detectadas
naqueles documentos, o CC requisitou à CNE actas e editais originais das 49 mesas de voto da autarquia. Analisado o material da CNE, constata-se que enferma de várias irregularidades”, diz o documento lido por Hermenegildo Gamito.
Dentre as irregularidades encontradas, destaque vai para a falta de assinatura do presidente da mesa no termo de abertura das actas de algumas mesas; editais elaborados pela Comissão Provincial de Eleições da Zambézia sem assinatura de qualquer membro da mesa e com dados diferentes dos que constam da acta; editais com assinatura do presidente da mesa de voto, mas sem carimbo; editais com número de votos ou de votantes rasurados; actas e editais com troca de posições relativas dos candidatos, figurando o MDM na primeira linha e Frelimo na segunda, enquanto o correcto seria o contrário; entre outras ilegalidades.
Para o CC, além de configurar uma flagrante violação da Lei por parte dos membros das mesas de voto, assim como da Comissão Provincial de Eleições da Zambézia, esta situação suscita dúvidas fundadas quanto à fiabilidade dos dados numéricos reflectidos nas actas e nos editais do apuramento parcial dos resultados eleitorais.  Com vista a dissipar estas dúvidas, o CC requisitou, entre outros materiais, boletins de voto pertencentes a algumas mesas, mas tal pedido não colheu êxito previsto porque o referido material não fora achado na Comissão Distrital de Guruè, presumindo-se que tenha sido extraviado aquando dos tumultos ocorridos nas mesas de voto, no momento do apuramento parcial da votação.
Perante esta situação, o CC considerou necessário requisitar à CNE os originais das actas e editais de apuramento parcial em Gurué para efeitos de exame. Recebido este material, consatou-se que também enfermam, em número considerável de irregularidades similares aos das actas e editais relativos ao apuramento parcial.
“Da apreciação que fizemos resulta que, pela sua natureza e gravidade, tais irregularidades prejudicam seriamente a credibilidade dos editais e actas em causa e, acima de tudo, permitem a este Conselho Constitucional formar a convicção de que influenciaram globalmente e de forma decisiva os resultados eleitorais relativos à eleição a cada órgão”, sublinhou o Presidente do CC, Hermenegildo Gamito.
Refira-se que os resultados do apuramento geral divulgados pela Comissão Nacional de Eleições no município o Gurué davam vitória à Frelimo, com 50.11 por cento dos votos válidos, contra os 49.88 por cento do MDM., para a Assembleia Municipal. No que se refere à eleição “presidencial”, o concorrente da Frelimo, Jahanquir Jussub, arrecadara 50.49 por cento dos votos válidos e o do MDM, Orlando Janeiro, com 50.20 pontos percentuais. No que se refere às restantes autarquias, o CC validou e promulgou os resultados do apuramento geral da eleição que dão vitória à Frelimo e os seus candidatos em 49 autarquias e ao MDM e os seus concorrentes em três municípios (Beira,Quelimane e Nampula).

Na banca de Jornais

quinta-feira, janeiro 23, 2014

E agora, Jahanguir?

O Conselho Constitucional acaba de anular a votação no município de Gurué, onde houve troca de resultados a favor da Frelimo e seu candidato Jahanguir Jossub. O MDM contestou os resultados, defendendo que o seu candidato, António Janeiro teria vencido as eleições. A contagem paralela dos observadores e do próprio MDM deram vitória ao partido de Daviz Simango e ao seu candidato. Mas no processo de somatório dos editais a CNE/STAE os resultados foram a favor da Frelimo (50,49%). O Conselho Constitucional julgou improcedente a reclamação do MDM tendo optado por anular a votação que deverá ser repetida.(Leia aqui

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Não se pode combater a pobreza com terror

A Presidente da Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, Verónica Macamo, sustenta que urge repor a paz para que o país possa progredir e caminhar rumo ao desenvolvimento e combate a pobreza.Nos últimos meses, Moçambique vive num clima de tensão política, caracterizado por ataques contra alvos civis e militares perpetrados por homens armados da Renamo, antigo movimento rebelde e maior partido da oposição no
país.  A paz é algo importante e urge repô-la para que os moçambicanos possam seguir da melhor forma o curso do combate a pobreza, porque não se pode combater a pobreza com sustos, com sentimento de terror, muito menos quando existem mortes que acabam retirando do convívio, os nossos familiares, amigos, concidadãos, disse Macamo, minutos após o término de uma audiência que concedeu ao presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), Custódio Duma.  Falando sobre as propostas da revisão do Código Penal, a presidente da AR aproveitou a oportunidade para sossegar alguns círculos de opinião, afirmando que a mesma terá em conta a realidade do país.O Código Penal em vigor no país, aprovado pelo Decreto de 16 de Setembro de 1886, é a Lei com mais tempo de vigência na ordem jurídica moçambicana.   Macamo tranquilizou aos moçambicanos na revisão de alguns aspectos tais como embriaguez, adultério, prostituição, vadiagem, pornografia, mendicidade, entre outros.  Nós quando estivermos a analisar as propostas na especialidade, tomaremos em conta essa inquietação e vamos tomar as decisões com base a nossa realidade e daquilo que o mundo costuma também ter como preocupação em relação a estas matérias, disse a presidente do mais alto órgão legislativo no país.   O projecto de revisão do Código Penal está em debate no parlamento há cerca de três anos. O projecto do novo Código Penal poderá ser aprovado em definitivo na IX Sessão Ordinária da Assembleia da República, a ter início em Março próximo.  
Sobre as matérias discutidas com o presidente da CNDH, a presidente da AR citou como exemplos questões de âmbito processual, bem como estreitar a colaboração entre aquela organização da promoção e defesa dos direitos humanos com as comissões de trabalho daquele órgão legislativo.
Duma, por seu turno, considera que a crise político-militar no país resulta em

graves violações dos direitos humanos.  Disse ainda que a Casa do Povo tem uma Bancada parlamentar da Renamo composta por 51 Deputados. A presidente pode chamar estes deputados para aconselhar de modo que eles encontrem outras vias de endereçar as suas preocupações ao Governo, e não pela via das armas. Comentando sobre as propostas avançadas para o Código Penal, em debate no parlamento, Duma receia que as mesmas poderão criar embaraços na sociedade moçambicana.  Segundo Duma, a CNDH a tomou iniciativa de aconselhar a presidente do mais alto órgão legislativo de modo a tomar atenção especial a consequente aprovação do Código Penal. A CNDH, um órgão independente, tem como funções a promoção, protecção e defesa dos direitos humanos no país, através de programas de educação sobre direitos humanos e colabora com as autoridades competentes na adopção de medidas no âmbito da assistência jurídica e judiciária aos cidadãos financeiramente desfavorecidos em causas relativas à violação dos direitos humanos.

Uma máquina terrível

É  uma arma que espalha terror : o HFS-1 Buratino. 


De acordo com dados fornecidos pela Empresa de armas russa, o seu  bombardeamento destrói tudo o que vive a 3 quilômetros ao redor seu alvo. As munições contêm uma  mistura líquida ( tipo nitrato propílico) e metais leves (pó de magnésio).  Enquanto são lançados em direcção ao alvo, elas se misturam, acrescidos de fogo. Esta arma ao  ser disparada, abre caves, bunkers e abrigos.  Os pulmões, ouvidos, olhos e tripas são rasgadas pela  pressão, causados pela a explosão. Todos os 30 foguetes podem ser libertados  em 7 segundos. 

Informação/contra-informação


terça-feira, janeiro 21, 2014

Um crime contra todos nós

Acabou a tese da “tensão político-militar numa área circunscrita”. Quando se começa a falar de mais de 20 mil famílias deslocadas, em Inhambane e de uma enorme quantidade delas em Sofala, não há tensão político-militar, há guerra, gostemos ou não da palavra. E temos já o Governo do Japão a oferecer-se para apoiar esses refugiados...

Quando se registam combates em Homoíne e em Funhalouro, na província de Inhambane, a tese da área circunscrita vai para as urtigas. Fomos novamente empurrados para uma guerra civil e é essa a situação que temos que enfrentar, com todas as suas péssimas consequências. A época turística na província de Inhambane, talvez a mais procurada do país, foi muito má, com as unidades hoteleiras às moscas, porque é óbvio que ninguém vem passar férias para uma zona de guerra. E agora vai ser cada vez pior. Com a Renamo a atacar em Homoíne e Funhalouro (por enquanto...) não vai tardar a que se tenha que andar em coluna mais umas centenas de quilómetros, o que representa um desastre em termos de segurança dos cidadãos e em termos económicos. E o que mais choca é que isto não cai como uma surpresa. Foram muitos, e repetidos, os avisos de que o caminho que estávamos a seguir só poderia desembocar no que estamos a viver hoje. E tudo leva a crer que, se não mudarmos de rumo, a situação vai agravar-se, cada vez mais, até se tornar insuportável. A Renamo, como qualquer movimento de guerrilha, é quem escolhe onde ataca e como ataca. E nem os melhor preparados exércitos do mundo (o que não é, de forma nenhuma o nosso caso...) são capazes de defender efectivamente cada centímetro quadrado dom território. Não tem equipamento nem efectivos para isso. Daí que se esteja a mandar para as zonas de guerra jovens mal formados e sem qualquer experiência de combate que ou desertam ou acabam mortos num campo de batalha onde não estão a defender os interesses do país mas sim obscuros interesses de grupo, num e no outro lados da barricada. E digo isto porque, embora concorde com a reivindicação da Renamo de uma revisão da forma de constituição dos órgãos eleitorais, estou longíssimo de aceitar que esse pretexto chega para lançar o país, de novo, numa guerra civil. Ao contrário de mim, os dirigentes do Governo e da Renamo acham que sim, que chega. O que é um crime contra Moçambique. Um crime contra todos nós.(Machado da Graça)

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Álcool para matar vírus informático


Depoimento de uma senhora, que diz ter passado álcool em toda a casa após descobrir que seu pen drive (memória/flash) estava com vírus.

"Ou retoma a democracia ou perde o poder"

A segunda parte (última) da entrevista feita ao Padre Couto pelo Jornal Savana

O partido Frelimo reivindica ter cerca de quatro milhões de membros. A Renamo também tem o seu eleitorado. A actividade dos partidos é convencer os eleitores a apostar nos seus programas. Porém, para o caso concreto dos dois principais partidos, as atenções estão viradas para os órgãos eleitorais e não nos eleitores. O que estará por detrás disso?
Por detrás disso está uma demagogia porque no meu entender não vejo nenhum problema em haver paridade na Comissão Nacional de Eleições (CNE). O que custa fazer paridade na CNE? Podem fazer isso. Aqui o problema é outro. Não é entre a Renamo e a Frelimo. O problema é que as oportunidades na economia, as vantagens dos proveitos dos recursos naturais devem ser oportunidades que mais ou menos todos tenham. As comunidades moçambicanas devem todas beneficiar destes proveitos. Com isso não quero dizer que, uns não podem ser ricos mais que os outros, mas basicamente todos querem os mesmos direitos e esses direitos quando não há, não me admirarei que haja um grupo da Frelimo a lutar contra a Frelimo oficial e por baixo a ajudar a Renamo. Não me admira que haja frelimistas que apoiam o MDM. Se for a ver, todos esses políticos que hoje aparecem como oposição à Frelimo saíram todos da Frelimo. São pessoas que em algum momento sentiram que são capazes de fazer isto ou aquilo, mas como não lhes dão espaço vão fazer do outro lado.

Como é que o padre Couto avalia os resultados eleitorais das eleições de 20 de Novembro?
Isso significa que a democracia está a começar em Moçambique. Há democracia quando de vez em quanto quem ganhou também perde. O jogo é democrático quando um dia ganha o Maxaquene e noutro o Desportivo. Por isso, o facto de a Frelimo ter ganho mas também perder não é uma coisa má para a democracia, é bom. Isso é uma vertente. Analisando concretamente os resultados das eleições autárquicas, no caso concreto de Nampula e Quelimane porque, como todos nós sabemos
Beira é uma cidade que sempre se opôs a quem está no poder, mesmo o Movimento Democrático de Moçambique se estivesse no poder, na Beira seria oposição. Aquela cidade foi sempre assim. Voltando às cidades de Quelimane e Nampula, é importante frisar que a Frelimo, existindo há 50 anos, dos quais perto de 40 no poder, chegou a um momento em que dentro do partido Frelimo não se tratam as coisas de maneira democrática. Manda-se do topo para a base, esquecendo-se que a Frelimo era um partido que tinha democracia a partir da célula, passando pela localidade, distrito, província até ao nível nacional. A base é que escolhia. Mas hoje é tudo o contrário. Muitas vezes nota-se que o topo põe líderes que as bases não querem. Aquela democracia de dizer que a base é que decide acabou. Vejam o que aconteceu com o candidato da Frelimo para o município de Nampula; quem o indicou? Foi a base ou o topo? Na renúncia de Pio Matos (em Quelimane), também foi o mesmo. No caso de Nampula,ouvi que a direcção da Frelimo foi avisada que aquele não era um candidato querido pelas bases e isso foi ignorado. Perante esta situação há que frisar que a Frelimo tem que mudar. Ou retoma a democracia ou perde o poder. No mundo há exemplos de grandes partidos que acabaram desaparecendo por causa disso. O partido Comunista na União Soviética trabalhou só 50 anos e daí já não podia ir mais a frente. Mikhail Gorbachev queria reformar e acabou com o partido. O topo já não se ligava às bases, trabalha-se em grupos. O mesmo
está a acontecer na Frelimo. Hoje, o partido trabalha através do cartão e no cartão infiltrou-se gente que não está interessada no povo. Está interessada nos seus próprios interesses.

Quem é o culpado disso?
O culpado disso é aquele que não promove a qualidade técnica, promove o cartão. Aquele que dá a entender que quem tem cartão tem mais vantagens e aquele que não o possui menos vantagens, independentemente da competência técnica. Acho que é uma tentativa errada porque está a fazer com que a Frelimo seja infestada por pessoas alheias aos verdadeiros objectivos do partido Frelimo. É um erro que a Frelimo tem de tomar em conta, porque se não corrigir pode culminar com a
divisão do partido.

Há quem defenda que se a Renamo continuar na actual rota ela corre o risco de perder a posição de segunda maior força política no país, a favor do MDM. Qual é a sua leitura?
Acho que neste momento a Renamo está a pôr suas raízes para competir nas próximas eleições gerais. Agora se terá um resultado favorável ou não isso não sei. Mas pode mostrar que ainda é forte e manter a posição de segunda maior força política nacional.

Há dias, o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, disse que o Presidente da Renamo deve ser acarinhado para se sentir confortável a voltar a Maputo. Compartilha a mesma ideia?
Concordo plenamente com as declarações do Presidente Chissano. Quando você quer dialogar com uma pessoa não a pode humilhar. A Frelimo não pode humilhar a Renamo e quem pode impedir isso é o eleitorado que deve fazer com que a Renamo não perca a sua representatividade no parlamento.
 
Como é que o padre Couto avalia a forma como o Presidente da República reage às críticas?
Não é fácil ser chefe e ao mesmo tempo ouvir que sou criticado mas, em geral é um erro que aqueles que cooperam comigo, façam calar aqueles que me criticam. Há aqui os mandatados para fazer com que a opinião pública não diga aquilo que quer dizer mesmo que seja a verdade. Neste ponto vou dar o exemplo do porta-voz do Presidente da República, o Senhor Edson Macuácua. É um jovem que o conheço e que foi nosso estudante na UEM. Nota-se da parte de Macuácua que há uma tentativa de travar a imprensa e a crítica pública. Aliás, qualquer Governo procura travar a imprensa de uma maneira ou de outra, mas se um Governo ou o Presidente quer ser democrático, tem de trabalhar com a imprensa nos bons moldes. Quer goste quer não. O que na realidade se vê é um exagero da parte de Edson Macuácua, quando chega à Presidência. Ele devia saber que está a servir o Chefe do Estado, que é Presidente de todos os moçambicanos. Não pode pensar que é empregado de uma cervejaria onde os críticos do chefe não podem comprar cerveja.

Nos seus encontros, os bispos católicos têm dito que a arrogância e a intolerância política da parte dos detentores do poder, para além da distribuição desigual da riqueza, é que estão a levar o país para o abismo. Concorda?
Sou padre Católico e falo para exprimir as minhas opiniões. Não é meu hábito comentar discursos de bispos católicos. Exprimindo a minha opinião pessoal, posso dizer que em Moçambique há um grupo de pessoas ricas que estão a favorecer as suas famílias sem olhar para a competência, há pessoas que têm mais facilidades que as outras. Uma das formas de criar riqueza é dar oportunidades para aqueles que são capazes e não limitar as coisas a um grupo de pessoas e
suas famílias.

Qual é a opinião do padre Couto sobre o papel da sociedade civil em Moçambique?
Em Moçambique há muita gente que diz que é da sociedade civil mas que na realidade não é. Sociedade civil não é família, não é Estado, não são sindicatos, não são jornalistas. A sociedade civil é aquela que sempre potencia a desvantagem e não aquela de potencia a vantagem. Alice Mabota, Lourenço do Rosário, entre outros, não são sociedade civil. Alice Mabota e Lourenço do Rosário fazem parte daquele grupo que tira proveitos das camadas desprezadas. Lourenço do Rosário é proprietário de uma universidade onde toda a gente que vai estudar tem de pagar dinheiro, é director do Fundo Bibliográfico onde tem regalias e ganha salário, é membro do MARP onde ganha senhas de representação. Sociedade Civil é aquela senhora que está no Xipamanine a vender para sustentar a sua família, educar
seus filhos.

Perante os factos que caracterizam a governação de Armando Guebuza nos dois mandatos, pode-se dizer
que sai de cabeça erguida?
Antes de mais há que realçar que nos primeiros cinco anos o próprio povo saiu satisfeito com o desempenho do Presidente Guebuza e do seu governo, de tal forma de conseguiu resultados positivos nas eleições gerais de 2009. Naquela altura, o Presidente Armando Guebuza disse coisas que fez. Quando disse que o distrito era o pólo de desenvolvimento e teria um fundo de sete milhões isso verificou. Podemos discutir os critérios de atribuição desses valores mas a verdade é que os sete milhões estão lá. Tivemos grandes realizações em infra-estruturas, acesso à educação, água potável, saúde, emprego entre outras áreas. Agora, quando veio o segundo período as coisas alteraram-se e os ministros não foram na mesma linha com o Presidente. Vimos muita coisa dita e que depois não foi feita. Posso dar o exemplo da cesta básica, da reforma do ensino superior entre outras promessas. Pelo que, o segundommandato não foi todo bom mas ainda pode inverter a situação. Para tal, é importante que o presidente Guebuza deixe o CC escolher um candidato que é resultado de uma discussão ampla e que é verdadeiramente acarinhado pelos moçambicanos e acabar com a instabilidade.