sexta-feira, agosto 30, 2019

Eleições e “pula-pulas” à vista

Ultimamente temos falado muito sobre falsos profetas, os que enganam as pessoas em nome de Deus, e pouco falamos sobre os falsos políticos, os que ingressam na carreira política, não para beneficiar o povo, mas sim para satisfazer os seus próprios apetites.
Imagem relacionadaA grande semelhança entre falsos profetas e os falsos políticos é que ambos são trapaceiros, ocupam posições em que normalmente deviam ajudar as pessoas a encontrar as melhores formas de viver, mãos não o fazem, o único foco destes é conquistar o poder e gerar mais e mais riquezas para eles mesmos.  Existe uma ligeira diferença que sob o meu ponto de vista faz dos falsos profetas melhores que os falsos políticos. Os falsos profetas, mesmo recorrendo aos meios que usam, eles visam o bem social, isto é, eles adulteram algumas verdades divinas para disso tirarem benefícios, mas salvaguardam a principal mensagem, fazer o bem, e muitas das pessoas que são exploradas por este grupo não percebem. Contrariamente, a acção dos falsos políticos visa totalmente o mal, não há nenhum bem explícito nem oculto. Eles querem apenas assaltar os cofres do Estado e ganhar influências para o seu próprio benefício, é um "perigo perigoso" Ter falsos políticos no poder. 
Mas, neste texto, o assunto é sobre os “pula-pulas” políticos, os políticos que além de serem falsos, são o símbolo da falta de vergonha, falta de carácter e também falta de princípios pessoais. Este grupo de políticos cuja principal característica é mudar frequentemente de partidos políticos, tem vindo a crescer em Moçambique nos últimos tempos, sobretudo quando chegam os períodos eleitorais, aliás, tem vindo a crescer não, tem vindo a revelar-se, pois sempre existiu acantonado por ai, esperando pelo momento certo para agir.  Os “pula-pulas” políticos existem em todos os partidos, estão na Frelimo, na Renamo, no MDM e noutros partidos de pouca expressão a nível do país, mas a sua revelação depende do momento em que os partidos enfrentam, dito doutra forma, num partido como a Frelimo, em que há muito leite no peito, é difícil identificar os “pula-pulas”, pois, estão todos a mamar, mas basta apenas escassear o leite para perceber “quem é quem”.      
Não o fiz antes, mas este texto devia ter sido escrito ano passado (2018), quando um grupo de membros do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), incluindo figuras com capital político notável como Venâncio Mondlane e Manuel de Araújo, abandonou o partido para juntar-se à Renamo, alegadamente porque o MDM não era um partido democrático, fiquei muito chocado com aquela realidade, O MDM que achava ter os “pontas-de-lança” para conquistar mais municípios, de repente viu o barco a afundar.    

Escrevo agora, depois de ter visto a publicação, no Facebook, de um dos desertores do MDM, Ismael Nhacucué, na qual diz que está de volta à casa (MDM), alegadamente porque a Renamo deixou de ser aquilo que o levou a abandonar o MDM. É o cúmulo da falta de vergonha, o mais impressionante é que ele tenta defender-se, como se fosse vítima, quando na verdade foi a sua ambição desmedida ao poder que virou contra ele mesmo.    
Se Ismael Nhacucué fosse um político sério tal como tenta convencer as pessoas no seu texto, ou pelo menos com a noção de vergonha, ele tinha três alternativas. 

1. Sofrer calado na Renamo até que um dia as coisas possam eventualmente melhorar. 
2. Abandonar a Renamo e criar o seu próprio partido, uma vez que ele acha que tem muito para dar na política. Ou, 
3. Abandonar definitivamente a actividade política. Não seria culpa dele, tentou, mas não encontrou partidos políticos sérios, podia muito bem abraçar outras formas de manifestação de cidadania, não é apenas por via da política que se pode contribuir para o desenvolvimento do país. 

Mas, de entre todas as alternativas, ele preferiu voltar onde pode ter tudo de bandeja, haja sinceridade, política não é como mecânica, jornalismo, docência ou outras profissões em que você pode trocar de patrão quantas vezes quiser, dependendo das propostas, política é também uma questão de integridade e boa postura. 
Resultado de imagem para pula-pulas politicosTal como defende o biólogo português Joaquim Jorge, num dos seus artigos publicado no “Jornal de notícias” “Ser político não deve ser uma profissão, mas um lugar transitório para ajudar ao bem comum. Na maioria das profissões existe um período probatório de exigência e de prova de capacidades, também para se ser político deveria acontecer o mesmo”.  
Aquando da sua saída do MDM, Ismael Nhacucué disse à imprensa que “Não temos outra alternativa, senão juntarmo-nos à Renamo, que é de facto, neste momento, o único partido da oposição com capacidade real de ganhar as eleições e governar Moçambique”. Não faz nenhum sentido que ele volte ao MDM depois do que disse, é um acto de muita coragem, a justificação de que se socorre, "gozo de direito Constitucional” é "conversa para o boi dormir", se assim fosse teria ido experimentar novos ares no PAHUMO, PIMO, VERDE, PT ou mesmo juntar-se à mamã Mutoropa.    Quando uma mulher assume-se como prostituta, deve ser tratada como tal, eu creio que o MDM já aprendeu a lição e vai dar o devido tratamento ao grupo de "pula-pulas" Recém-regressados, pois a qualquer momento, quando a Frelimo, Renamo ou outros partidos precisarem deles podem "bazar" Novamente, não me parecem ser pessoas dignas de confiança. 
O texto de Ismael Nhacucué no Facebook fez-me repensar numa das razões que levou à reprovação da candidatura de António Frangoulis ao cargo de Juiz Conselheiro do Conselho Constitucional, a dita “postura pública”, de facto, vejo que faz sentido, não podemos permitir que qualquer um entre para ocupar cargos relevantes nas instituições do Estado, públicas, até mesmo privadas, vamos preservar a ética e a moral. A política já foi banalizada, hoje em dia qualquer “boladeiro” pode ser político, cabe a nós proteger as nossas instituições da banalização.         
Penso que a saída de alguns "pula-pulas" Do MDM para a Renamo foi muito precipitada, na verdade a Renamo precisava somente dos "pontas-de-lança", pessoas que podiam ser muito úteis ao partido, mas os outros manos boêmios pensaram "Ya, é lá onde há festa, vamos" E terminaram na situação em que estão, “com uma mão na frente e outras atrás”, perderam até o que tinham no MDM.   
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Temos o caso de Venâncio Mondlane com o seu projecto falhado, mas como ele pelo menos tem a noção de vergonha, ainda está lá na Renamo contentando-se com migalhas, a Renamo também como sabe que "VM7" É um recurso de alto valor decidiu acarinhar, mas não é o que Mondlane tinha planificado. Não vou falar do mano Mané, o campeão da "Debandada", com este o destino foi agradável. Dito doutra forma, as pessoas de que a Renamo realmente precisava ainda estão lá.   
Já para terminar, quando os recém-regressados saíram do MDM alegavam falta de democracia interna, e agora? De noite para o dia o MDM virou um partido democrático? 
"…ademais, está claro de que entre os três candidatos à Presidência da República, Daviz Mbepo Simango é o candidato mais acertado para dirigir os destinos deste país" (Ismael Nhacucué, In: Facebook, 02.08.19). Hehehehe, Epah, nossos políticos. (V.Á. in facebook)   

quarta-feira, agosto 28, 2019

Não pagou, avião retido


Autoridades sul-africanas apreenderam um avião da companhia aérea nacional da Tanzânia, informou o governo da Tanzânia.O Airbus 220-300 devia partir de Johannesburgo, na África do Sul, na sexta-feira(23) para Dar es Salaam, na Tanzânia.Não ficou imediatamente claro porque a ação foi tomada e as autoridades sul-africanas não comentaram.
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Mas um fazendeiro aposentado disse que a aeronave foi apreendida porque o governo da Tanzânia não lhe pagou 33 milhões de dólares a título de indenização.O advogado Roger Wakefield disse à BBC que o dinheiro foi concedido depois que o governo da Tanzânia tomouas  terras pertencentes ao fazendeiro sul-africano.Um porta-voz do governo da Tanzânia disse à BBC que os advogados do país chegaram à África do Sul para investigar.Em um comunicado divulgado na sexta-feira, a Air Tanzania informou que espera fazer ajustes no cronograma de vôos "devido a circunstâncias imprevisíveis", mas não deu mais detalhes.O diretor da empresa aérea, Ladislaus Matindi, disse à Reuters que foram tomadas providências para os passageiros retomarem a jornada em outro voo. 
Milhões de dólares foram gastos na transportadora, que o presidente da Tanzânia, John Magufuli, espera para ressuscitar a companhia de bandeira.A mudança ocorre apenas dois meses depois que a Air Tanzania abriu seu serviço para a África do Sul.O presidente da Tanzânia, John Magufuli, liderou as tentativas de reviver a companhia aérea estatal, na esperança de impulsionar o turismo e transformar o país em um importante centro de transporte.Teve apenas um avião quando o presidente foi eleito em 2015. Desde então, milhões de dólares foram gastos na compra de oito novas aeronaves.Mas a operadora está enfrentando várias ações de vários milhões de dólares com seus antigos fornecedores.
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Esta também não é a primeira vez que a Air Tanzania teve um avião apreendido. Em 2017, a empresa de construção canadense Stirling Civil Engineering confiscou o novo avião Bombardier Q400 da companhia aérea no Canadá por causa de um processo de US $ 38 milhões.O Q400 foi lançado em março de 2018, após o primeiro-ministro da Tanzânia e o procurador-geral terem negociado o seu lançamento. Nenhum detalhe foi dado sobre os termos do acordo.

DECLARAÇÃO DE PEMBA



As organizações signatárias desta Declaração, nomeadamente, a Comissão Episcopal de Justiça e Paz (CEJP), a União Provincial dos Camponeses (UPC) de Cabo Delgado, o Departamento de Ética, Cidadania e Desenvolvimento da Universidade Católica (UCM), o Observatório do Meio Rural (OMR), o SEKELEKANI, o Centro de Integridade Pública (CIP) e Justiça Ambiental (JA!) reunidas na Sala Magna da UCM-Pemba com outras organizações convidadas, membros do Governo Provincial e diversas individualidades discutiram a “Conflitualidade humana na exploração de recursos naturais na província de Cabo Delgado – reflexões e perspectivas.”
Com base em 12 apresentações agrupadas em três painéis temáticos: (i) violência armada no norte de Cabo Delgado; (ii) exploração de recursos naturais e conflitualidade; e (iii) indústria extractiva e políticas públicas, o seminário fez muitas constatações, de entre as quais se ressaltam as seguintes:

1)   A situação na região norte de Moçambique, em geral, e na província de Cabo Delgado, em particular, apresenta-se preocupante devido às transformações geradas pela exploração de recursos naturais;
2)    Tal exploração processa-se de forma caótica, num cenário que começou por ser de ausência do Estado e de oportunismo generalizado. As más práticas da exploração informal e caótica dos recursos naturais foram interrompidas com a afirmação repressiva das forças de defesa e segurança, limitando o acesso de milhares de pessoas a recursos naturais como pedras preciosas, grafite, terras, recursos pesqueiros, mas também madeira e marfim;
3)    Os processos de reassentamento têm sido caóticos, onde o Estado aparece em aliança com o grande capital, agravando situações de pobreza das populações;
4)   Fenómenos de pobreza generalizada têm coexistido com o surgimento de elevadas expectativas sociais, entretanto frustradas, geradores de conflitualidade;
5)    A intensificação do conflito militar com os protagonistas dos ataques armados agrava os níveis de pobreza na província, tornando muitos jovens capturáveis por movimentos violentos, alimentando-se de um ciclo vicioso, que urge reverter.

Em face destas constatações, os participantes do seminário declaram que:

a) As organizações da sociedade civil devem coordenar uma estratégia de pesquisa multidisciplinar, global e integrada envolvendo também organizações que trabalham com advocacia;
b) As organizações da sociedade civil devem exigir mais espaço de diálogo para influenciar decisões de políticas com base em evidências de pesquisas;
c) As organizações da sociedade civil devem promover a cidadania através de acções de formação e debates com grupos diferenciados;
d) O Governo deve eliminar os obstáculos de acesso à informação a jornalistas, investigadores e cidadãos em geral aos locais de conflitos;
e) O Governo deve rever o modelo extractivo da economia, que não é gerador de emprego, é potenciador de exclusão social, de desigualdades e de conflitos;
f) O Governo deve eliminar os benefícios fiscais redundantes, com vista ao aumento da receita fiscal e canalização de receita, de forma transparente, para um investimento social inclusivo nas áreas afectadas;
g) O Governo deve promover o investimento inclusivo, realmente gerador de empregos, investindo em serviços públicos (educação, saúde, energia, água, saneamento, transportes e vias de acessos), promovendo a integração económica do território, assim como oportunidades de criação de rendimentos das populações, em áreas de exploração de recursos naturais;
h) O Governo deve aplicar os regulamentos existentes em relação a reassentamentos, e revisão do papel do Estado na mediação deste processo, lembrando o papel do próprio Estado na representação e defesa dos cidadãos;
i) O Governo deve garantir o acesso das comunidades e famílias ao seu direito constitucional de posse e uso da terra, e a consequente justa compensação em caso de sua atribuição para investimentos públicos ou privados;
j) O Governo deve assegurar que as comunidades abrangidas por projectos de investimento recebam atempadamente informação adequada e detalhada sobre tais projectos, bem como assessoria jurídica para interagir com as partes interessadas;
k) Deve haver maior acção por parte de organizações do Estado nomeadamente, a Comissão Nacional de Direitos Humanos, a Procuradoria Geral da República de Moçambique e os Tribunais;
l) O Governo deve providenciar assistência às pessoas desalojadas pela violência causada pela insurgência, e criar condições que irão permitir-lhes regressarem às suas casas voluntariamente, em segurança e com dignidade;
m) O Governo deve fazer uma revisão da estratégia de actuação militar, capacitando os militares em matérias de direitos humanos e outras formas de relacionamento com os cidadãos, apostando-se em amnistias e em incentivos para reinclusão social.

Pemba, aos 23 de Agosto de 2019